ESPMEXENGBRAIND
30 out 2025
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Em reunião em Porto Alegre, o Conseleite/RS confirmou uma nova queda no valor de referência do leite, agora em R$ 2,2163/litro, 4,26% menor que em setembro.
Produtores enfrentam nova queda no preço de referência em outubro.
Produtores enfrentam nova queda no preço de referência em outubro.

O valor de referência do leite no Rio Grande do Sul projetado para outubro de 2025 foi definido em R$ 2,2163 por litro, o que representa uma queda de 4,26% em relação a setembro. A informação foi divulgada pelo Conseleite/RS, durante reunião realizada nesta terça-feira (28) em Porto Alegre, segundo dados publicados pelo Estadão Conteúdo.

O Conseleite/RS — Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul — é o órgão responsável por estabelecer mensalmente o valor de referência do leite no Estado, com base em uma fórmula que considera indicadores de mercado, custos de produção e preços de derivados lácteos. Essa referência serve de base para as negociações entre produtores e indústrias, contribuindo para a transparência e equilíbrio da cadeia produtiva.

Segundo o relatório apresentado, o valor de R$ 2,2163/litro reflete as condições atuais de oferta e demanda do setor, marcadas por uma pressão descendente nos preços, tanto pelo aumento da produção em algumas regiões quanto pela estagnação do consumo interno.

Mercado em retração

A queda no preço do leite no Rio Grande do Sul acompanha uma tendência observada em outras regiões do país, onde o aumento da captação nos últimos meses tem resultado em estoques mais elevados nas indústrias. Esse cenário, somado a uma demanda doméstica enfraquecida, tem reduzido o poder de barganha dos produtores.

Além disso, o avanço das importações de lácteos — especialmente de países do Mercosul — tem contribuído para a pressão sobre o preço interno, já que produtos importados chegam ao mercado brasileiro a valores mais competitivos.

Os dados do Conseleite/RS mostram que, enquanto o leite pago ao produtor recuou, alguns derivados, como o leite UHT e o leite em pó, também apresentaram variações negativas, o que reforça o contexto de ajuste de mercado.

Impacto para os produtores

Para os produtores gaúchos, a queda representa mais um desafio em um ano de altos custos de produção, especialmente no que diz respeito à alimentação animal, energia e combustíveis. Mesmo com a estabilização de alguns insumos agrícolas, o equilíbrio financeiro das propriedades ainda é delicado.

“Cada centavo a menos no litro de leite tem impacto direto na rentabilidade das fazendas, principalmente nas pequenas e médias propriedades familiares, que representam a base da produção no Rio Grande do Sul”, observou um analista do setor ouvido pelo Estadão Conteúdo.

O Estado, que tradicionalmente figura entre os três maiores produtores de leite do Brasil, possui forte presença de cooperativas e marcas históricas ligadas à cultura leiteira, como Santa Clara, Cosulati e Piá. Esse vínculo com a tradição rural torna o segmento ainda mais sensível às oscilações do mercado.

Conseleite e previsões para o fim do ano

O Conseleite/RS continuará monitorando os indicadores de mercado para as próximas projeções. Caso as condições climáticas permaneçam favoráveis e a produção continue em alta, analistas não descartam novas quedas pontuais até o final do ano.

Por outro lado, há expectativa de que o aumento do consumo de lácteos sazonais, como queijos e manteigas, possa amenizar a tendência de retração nos próximos meses.

O conselho também reforça a importância de os produtores acompanharem de perto as publicações oficiais e utilizarem o valor de referência como base técnica nas negociações com as indústrias.

Tradição e modernização no campo gaúcho

Mesmo diante das dificuldades, o setor leiteiro do Rio Grande do Sul continua apostando em tecnologia, genética e inovação para aumentar a eficiência produtiva. O equilíbrio entre tradição e modernidade tem sido um dos pilares para manter a competitividade regional.

Programas de melhoria de qualidade do leite e investimentos em sustentabilidade vêm sendo adotados por cooperativas e produtores individuais, reforçando a identidade do leite gaúcho como produto de origem e qualidade reconhecida.

A consolidação de políticas de apoio, combinada à profissionalização do campo, será essencial para que o Rio Grande do Sul mantenha sua força histórica na pecuária leiteira, mesmo diante das variações de mercado.

O valor de R$ 2,2163 por litro, portanto, não é apenas um número: ele simboliza o retrato de um setor em transição, que busca equilíbrio entre as exigências do mercado global e as raízes familiares que moldam a produção de leite no Estado.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de ISTOÉ DINHEIRO

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