ESPMEXENGBRAIND
30 out 2025
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Estado reduz o número de vacas ordenhadas, mas conquista eficiência recorde, com 15,9 litros/vaca/dia, e consolida posição entre os líderes nacionais.
SC lidera produtividade no país, com média recorde de 15,9 litros por vaca. Leite
SC lidera produtividade no país, com média recorde de 15,9 litros por vaca.

A produção de leite em Santa Catarina atingiu um marco histórico em 2024: o Estado produziu 3,3 bilhões de litros, um crescimento de 3% em relação a 2023, segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O volume representa 9% de toda a produção nacional, consolidando o estado como o quarto maior produtor de leite do Brasil.

Mais impressionante que o volume total é a eficiência alcançada. Mesmo com uma redução de 2% no número de vacas ordenhadas, Santa Catarina registrou a maior produtividade média do país, com 15,9 litros por vaca por dia — um salto de 47% em dez anos. O avanço técnico e o uso de tecnologia estão transformando a base da pecuária leiteira catarinense.

🧬 Tecnologia e gestão mudam o perfil da pecuária

De acordo com Ronei Volpi, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, o setor passa por uma transformação estrutural marcada pela redução do número de produtores e consolidação de propriedades com maior investimento.

“O aumento da produtividade está diretamente ligado ao uso de tecnologia e à gestão técnica das propriedades. Hoje, a nutrição tem papel até mais relevante que a genética, que já é bastante desenvolvida no Sul do país”, explicou Volpi.

Essa combinação de bem-estar animal, genética aprimorada e alimentação balanceada vem sustentando o desempenho do setor. Para muitos produtores, o foco deixou de ser quantidade de vacas e passou a ser qualidade e eficiência por animal.

📈 Dez anos de avanço estrutural

Segundo Andréa Castelo Branco, analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, entre 2015 e 2024 houve uma redução de 27% no número de vacas ordenhadas, mas a produção total aumentou.

“Esse ganho de eficiência mostra um avanço estrutural e tecnológico na pecuária leiteira catarinense. Além disso, o Estado conseguiu reduzir a sazonalidade da produção, que hoje é muito mais estável ao longo do ano”, afirma Andréa.

O coeficiente de variação da captação anual, que em 1997 era de 27%, caiu para 6% em 2024, um sinal de amadurecimento e estabilidade produtiva.

💸 Preços em queda e desafios de rentabilidade

O mercado interno, no entanto, apresentou queda nos preços nos últimos meses. O preço médio pago ao produtor recuou de R$ 2,53 para R$ 2,33 por litro entre agosto e outubro, segundo a Epagri/Cepa.
Os derivados também caíram: leite UHT (-4%), muçarela (-5%), queijo prato (-5,7%) e leite em pó (-2%).

Andréa explica que, embora a queda seja sazonal, ela afeta a rentabilidade, sobretudo dos pequenos produtores.

“A redução temporária das cotações pressiona o fluxo de caixa das famílias rurais e pode gerar desestímulo caso a recuperação dos preços demore”, observa.

Mesmo assim, há motivos para otimismo. As importações de lácteos caíram e representaram apenas 3% da oferta aparente nacional no primeiro semestre de 2025, reduzindo a concorrência externa.

“O mercado catarinense está mais equilibrado que em 2023, e a menor sazonalidade ajuda a conter oscilações extremas. Historicamente, os preços voltam a subir entre novembro e dezembro”, completa a analista.

🌍 Comércio exterior em recuperação

No comércio internacional, Santa Catarina exportou 44 toneladas de produtos lácteos em setembro de 2025, um aumento de 120% frente a agosto. As importações, de 936 toneladas, também cresceram 53%, mas o saldo comercial melhorou 30% em comparação a setembro de 2024.

Esses números indicam que o estado começa a fortalecer sua presença no mercado externo, mesmo diante dos desafios internos.

🐮 Eficiência como marca catarinense

Os dados do IBGE revelam uma história de resiliência e modernização. Enquanto o número de vacas ordenhadas caiu de 1,1 milhão em 2013 para 810 mil em 2024, a produtividade anual por vaca subiu de 2.577 litros para 4.074 litros no mesmo período.

O contraste entre menos vacas e mais leite simboliza o novo rumo da pecuária catarinense — um modelo sustentado em tecnologia, gestão e adaptação às mudanças de mercado.

Com resultados que unem tradição e inovação, Santa Catarina se firma como referência nacional em produtividade leiteira, provando que eficiência e sustentabilidade podem andar lado a lado no campo.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Diário do Iguaçú

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