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1 nov 2025
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🧀 Pela primeira vez, caseína é produzida industrialmente a partir de soro de queijo, reduzindo 74% CO2 e 99% uso de terra, segundo Bel e Standing Ovation.
🧪 Bel e Standing Ovation transformam soro em caseína com 74% menos CO2
🧪 Bel e Standing Ovation transformam soro em caseína com 74% menos CO2

A produção de caseína a partir de soro de leite é uma realidade industrial, uma conquista inédita que promete revolucionar a indústria láctea global.

A francesa Standing Ovation, em parceria com o grupo Bel, alcançou a produção em larga escala de proteínas caseínas a partir de um subproduto da fabricação de queijos: o soro ácido.

Tradicionalmente, a caseína — a proteína mais abundante do leite — é obtida diretamente do leite. Existem três tipos principais: alfa S1, alfa S2 e beta. Produzi-las a partir do soro, que normalmente é considerado um resíduo, parecia impossível. Mas a inovação tecnológica da fermentação de precisão tornou isso viável.

Como o soro vira caseína

O processo da Standing Ovation utiliza microrganismos patenteados que consomem o soro como alimento e produzem as três principais caseínas. “O líquido restante é difícil de valorizar.

Com nosso processo patenteado, conseguimos reintegrá-lo ao ciclo produtivo e dar uma segunda vida às proteínas altamente funcionais”, explica Romain Chayot, cofundador e CSO da empresa.

O soro utilizado vem de queijos do grupo Bel, criando um sistema de ciclo fechado, onde resíduos se tornam matéria-prima valiosa.

“A capacidade de gerar caseínas a partir de um co-produto da fabricação de queijo representa uma verdadeira revolução tecnológica e um passo significativo em nosso compromisso com uma transição alimentar sustentável”, afirma Anne Pitkowski, diretora de pesquisa e aplicações do Bel Group.

Benefícios ambientais do ciclo fechado

A análise do ciclo de vida do processo mostra impactos ambientais expressivos: redução de 74% nas emissões de CO2, 99% menos uso de terra e 68% menos consumo de água em comparação com a caseína tradicional de origem animal.

Esses números reforçam o potencial da inovação para o setor lácteo, historicamente intensivo em carbono, e fortalecem a meta do Bel de alcançar neutralidade de carbono até 2050. O contraste é evidente: de um subproduto pouco valorizado a uma proteína de alto valor funcional, reduzindo impactos ambientais — tradição e modernidade se encontram.

Desafios para o mercado

Embora a produção industrial já esteja em andamento, obstáculos regulatórios e econômicos ainda existem. Nos Estados Unidos, pelo menos uma instância de GRAS (Generally Recognised as Safe) foi concedida para caseínas de fermentação de precisão. Na Europa, onde Bel e Standing Ovation têm sede, as aprovações ainda estão pendentes.

O preço também é crucial. Chayot confirma que a produção industrial já começou e que a expansão com outros grandes players lácteos está em curso, mas não revela se a caseína já é competitiva no mercado. É provável que a entrada em produtos comerciais só ocorra quando a regulamentação e a viabilidade econômica forem alinhadas.

Um marco na história láctea

Este avanço une raízes tradicionais da produção de queijos franceses à tecnologia de ponta, transformando o que antes era um resíduo em uma proteína sustentável e funcional. Para os consumidores, isso significa produtos mais ecológicos, com menor pegada ambiental, mas sem abrir mão da funcionalidade e qualidade do leite.

O feito de Bel e Standing Ovation é também uma demonstração clara de como a inovação pode transformar o setor lácteo global: locais e familiares, mas com soluções que impactam o mundo inteiro. O que antes era desperdício agora alimenta a próxima geração de queijos e produtos lácteos, provando que sustentabilidade e lucro podem caminhar lado a lado.

Em resumo, a indústria láctea testemunha uma virada histórica: do soro descartado à caseína funcional, em escala industrial, com impactos ambientais reduzidos e potencial para transformar toda a cadeia. A história de inovação de Bel e Standing Ovation é um exemplo de futuro possível para o setor lácteo global.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Dairy Reporter

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