ESPMEXENGBRAIND
4 nov 2025
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4 nov 2025
Estudo revela que o comportamento pré-parto já indica a “classe” da vaca para sistemas de ordenha automática. 🙂
Alimentação mais lenta, ruminação reduzida e necessidade de busca humana: vacas “HF” ficam para trás no robot. 🙂
Alimentação mais lenta, ruminação reduzida e necessidade de busca humana: vacas “HF” ficam para trás no robot. 🙂

Um recente estudo publicado no Journal of Dairy Science explorou por que algumas vacas de primeira lactação se adaptam rapidamente aos sistemas de ordenha robótica — enquanto outras exigem constante intervenção.

Os pesquisadores dividiram os animais em dois grupos: “Baixa Frequência de Busca” (LF – Low Frequency) e “Alta Frequência de Busca” (HF – High Frequency), conforme a necessidade de o ser humano recolhê-las para o robô. No “grupo LF”, as vacas iam voluntariamente ao equipamento. Já no “grupo HF”, o pessoal tinha de ir buscar com frequência.

As diferenças de comportamento se manifestaram mesmo antes do parto. As vacas HF comiam mais devagar, faziam menos visitas ao cocho, demoravam mais a ruminar. Em contraste, as LF tinham padrão mais “ágil” — visitavam mais o cocho, ruminação mais eficiente.

Curiosamente, a ingestão total de matéria seca era similar entre os dois grupos; o que variava era como e quando comiam. Após o parto o padrão se manteve: o grupo HF seguia com menos visitas ao cocho, alimentação mais lenta, menor ruminação e maior necessidade de “busca” humana para o robô.

O impacto prático chegou na produtividade e eficiência. As vacas LF entravam mais vezes sozinhas no robô de ordenha, tinham mais sessões voluntárias por dia e produziram mais leite por quilo de alimento — ou seja: melhor eficiência alimentar.

As HF, por sua vez, mal entravam com regularidade, demoravam a se adaptar, esperavam mais tempo no curral de recolha e, por isso, tinham menos ordenhas por dia e produção inferior.

Chama a atenção que o descanso — tão enfatizado nas práticas de bem-estar animal — não variou entre os grupos. O tempo total de deitar, o número e duração das sessões de descanso foram praticamente iguais entre LF e HF, antes e depois do parto.

Mesmo o tempo de pé em que não comiam ou ordenhavam ficou equilibrado. Ou seja: essas vacas “slow” (HF) não descansavam menos — apenas gastavam o tempo restante de modo menos eficiente.

Para a indústria de laticínios — especialmente produtores que adotam ou planejam adotar sistemas de ordenha automática — o recado é decisivo: não basta ter o robô, é preciso entender o comportamento dos animais.

Os padrões pré-parto sugerem: se a vaca come de modo lento, visita menos o cocho, rumina menos antes de parir — ela pode se tornar “pesada” para o robô depois. Saber identificar esse perfil antes permite intervenção, adaptação individual e, quem sabe, evitar que o robô vire gargalo.

Do ponto de vista estratégico, isso gera três reflexões críticas para o setor lácteo brasileiro (ou para operações em implantação de robôs):

  1. Seleção e pré-treinamento: animais que já foram “apresentados” ao ambiente de robô, ao comedouro adequado, às rotinas, tendem a adaptar-se melhor. Isso é confirmado por estudos sobre sistemas de ordenha automática.

  2. Monitoramento comportamental: comportamentos alimentares, ruminação, frequência de visitas ao comedouro devem ser monitorados como indicadores de adaptação ao robô — não apenas produção bruta.

  3. Gestão individualizada: vacas que se encaixam no perfil HF devem ter plano de apoio — recolha antecipada, estímulo à visita voluntária, ambiente de transição — para reduzir o “arranque lento” e não comprometer eficiência.

Se o produtor ignorar essas diferenças, corre o risco de que, mesmo com tecnologia de ponta, o retorno fique aquém do esperado: robô parado, vaca esperando, horas de trabalho perdidas.

E convenhamos — no setor lácteo brasileiro, em que custos de produção já estão pressionados e a competitividade internacional exige eficiência máxima, isso não é detalhe: é gargalo.

Em síntese: o robô não é a solução mágica se o “paciente” — a vaca — não estiver pronto para usá-lo. Daí a frase provocadora: vaca preparada + robô bem calibrado = produção — vaca “quase” preparada + robô mal aproveitado = custo. O desafio está em olhar para o comportamento antes da ordenha automática — e agir com pré-visão.

Adaptado para eDairyNews, com informações de Journal of Dairy Science e dados complementares de revisões sobre sistemas de ordenha automática.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Fedeleche

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