ESPMEXENGBRAIND
27 nov 2025
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27 nov 2025
⚠️ De laboratórios a fazendas, a segurança alimentar é posta à prova: vírus em queijos e produção clandestina revelam falhas graves no sistema.
🧫 Segurança alimentar em alerta: da pesquisa à prisão, o que o queijo revela sobre os riscos no leite brasileiro
🧫 Segurança alimentar em alerta: da pesquisa à prisão, o que o queijo revela sobre os riscos no leite brasileiro.

A segurança alimentar voltou ao centro do debate global — e o queijo, símbolo de tradição e prazer à mesa, tornou-se o protagonista de uma história que mistura ciência, negligência e crime.

Um estudo da Universidade de Cornell, publicado na revista Nature Medicine, acendeu o alerta ao mostrar que o vírus H5N1, causador da gripe aviária, pode sobreviver por até oito semanas em queijos produzidos com leite cru. A pesquisa desafia a crença de que o processo de maturação de 60 dias seria suficiente para eliminar riscos microbiológicos.

Os cientistas descobriram que o vírus permanece ativo em diferentes condições de acidez, sendo inativado apenas em pH abaixo de 5,0, o que sugere que nem todo queijo artesanal de leite cru é seguro por padrão. Embora a transmissão direta para humanos ainda seja rara, o dado preocupa autoridades sanitárias por abrir brechas para contaminações indiretas — especialmente em contextos de manipulação inadequada.

Mas enquanto laboratórios nos Estados Unidos investigam microrganismos invisíveis, o Brasil enfrenta um problema bem mais visível: a produção clandestina e o descuido com a higiene.

🚨 Do experimento à realidade: flagrante em Mato Grosso

Em Rosário Oeste (MT), a Polícia Civil e a Vigilância Sanitária deflagraram uma operação para combater o comércio irregular de leite e queijos. No local, encontraram vacas sendo ordenhadas de forma irregular, produtos armazenados em ambientes sujos, com moscas, medicamentos e equipamentos contaminados.

Um produtor de 45 anos foi preso em flagrante por crime contra as relações de consumo, conforme o artigo 7º da Lei nº 8.137/90. Todo o material foi descartado, e os equipamentos, apreendidos.

Segundo o delegado Mauro Cristiano Perassoli Filho, o caso expõe um risco duplo: à saúde pública, por possível contaminação, e à concorrência leal, já que produtores que seguem as normas sanitárias acabam prejudicados pela informalidade.

“Produtos vendidos fora das normas podem colocar vidas em risco e corroer a confiança do consumidor”, afirmou o delegado.

🧀 Entre tradição e risco: o dilema do leite cru

O debate sobre o leite cru é antigo — e sensível. No Brasil, há produtores artesanais que defendem o produto como expressão cultural e de terroir, enquanto outros o consideram um risco evitável.

A descoberta sobre o H5N1 reacende a polêmica. Se até em queijos de origem controlada o vírus sobrevive, o que dizer dos produtos fabricados sem fiscalização, em propriedades rurais sem infraestrutura adequada?

Autoridades sanitárias lembram que, embora o país possua regras para a produção artesanal — como o Selo Arte e as normas de inspeção estadual e municipal —, a fiscalização ainda é frágil. E a expansão do mercado informal, impulsionada por preços mais baixos e pela crença na “naturalidade” do leite cru, amplia o risco para o consumidor.

💡 O elo que falta: educação, fiscalização e transparência

Especialistas apontam que segurança alimentar não se faz apenas com leis, mas com educação técnica, rastreabilidade e comunicação clara.
Enquanto a ciência evolui e alerta para novos riscos biológicos, a realidade no campo mostra que parte da cadeia ainda ignora o básico: higiene, boas práticas e responsabilidade.

No fim das contas, o queijo contaminado e o leite clandestino são sintomas de um mesmo problema estrutural: a desconexão entre o discurso da qualidade e a prática da fiscalização.

E até que essa distância seja corrigida, o consumidor seguirá à mercê de um sistema que confunde o artesanal com o improvisado — e transforma um alimento nobre em potencial ameaça.

O alerta da Cornell e a prisão em Mato Grosso parecem histórias distantes, mas compõem a mesma narrativa: a da urgência em repensar como o Brasil e o mundo tratam a segurança alimentar.

Porque, no fim das contas, não é o queijo que está sob suspeita — é o sistema que deveria protegê-lo.

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