ESPMEXENGBRAIND
7 nov 2025
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Trabalhadores da Nestlé em Cordeirópolis se mobilizam contra cortes em benefícios e congelamento salarial. ⚠️
Sindicato acusa a Nestlé de atacar conquistas históricas dos funcionários e ameaça intensificar a mobilização. 💥
Sindicato acusa a Nestlé de atacar conquistas históricas dos funcionários e ameaça intensificar a mobilização. 💥

Nestlé voltou ao centro de uma polêmica trabalhista em Cordeirópolis (SP). Durante uma reunião com a direção do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Limeira e Região (STIAL), executivos da multinacional anunciaram a intenção de cortar diversos direitos e benefícios a partir de 2026, provocando forte reação da categoria.

Segundo relatos sindicais, a Nestlé alegou “desequilíbrio financeiro” para justificar um pacote de medidas que inclui eliminação de auxílios, mudanças no plano de saúde e congelamento de benefícios. Para o sindicato, a justificativa soa como contradição, especialmente vinda de uma empresa que mantém lucros bilionários e presença dominante no mercado global de alimentos e bebidas.

Cortes que atingem diretamente o trabalhador

Entre os direitos ameaçados estão o Auxílio Medicamentos, o Auxílio Material Escolar, o Auxílio Palmilha Ortopédica e o Auxílio Vacina — benefícios que representam, na prática, apoio direto à saúde e à família dos funcionários.

Além disso, a Nestlé pretende alterar o plano médico atual, estabelecendo coparticipação de 40% no uso do pronto-socorro e 30% nas consultas médicas, o que elevaria significativamente o custo para o trabalhador.

Outra proposta que gerou indignação é o congelamento do vale-alimentação em R$ 680,00 para 2026, sem qualquer perspectiva de reajuste. E, talvez o golpe mais duro, a redução ou suspensão do pagamento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) — um dos pilares das conquistas trabalhistas da categoria.

Sindicato reage e convoca mobilização

O presidente do STIAL, Artur Bueno Júnior, classificou a proposta da empresa como “um tapa na cara da categoria”. Segundo ele, o anúncio representa uma tentativa de destruir um acordo coletivo conquistado a duras penas e um retrocesso inaceitável nas relações trabalhistas da unidade.

“A Nestlé está afrontando o sindicato e os trabalhadores. Querem rasgar um acordo construído com anos de luta. Se não houver reação, o sistema de trabalho em 2026 será completamente diferente, e para pior”, afirmou o dirigente sindical.

Para Bueno Júnior, a mobilização dos trabalhadores será decisiva. O sindicato promete organizar assembleias e atos públicos para pressionar a empresa a rever as medidas. “Agora é com os trabalhadores. Sem união, não haverá negociação justa”, completou.

Nenhum reajuste salarial em 2025

A tensão se agrava com outro ponto sensível: a ausência de proposta de reajuste salarial para 2025. A Nestlé manteve silêncio sobre a correção inflacionária, o que o sindicato considera uma provocação adicional. “Não apresentar reajuste, em meio a tantos cortes, é uma afronta completa”, disse o STIAL em nota.

A situação ocorre num momento em que a inflação impacta fortemente o custo de vida e o setor alimentício acumula ganhos expressivos no mercado interno e nas exportações. Para os trabalhadores, a retórica de “desequilíbrio financeiro” parece servir mais como instrumento de pressão do que como diagnóstico real.

Contexto: o poder e o paradoxo da Nestlé

A Nestlé, que opera no Brasil há mais de 100 anos, é uma das maiores empresas de alimentos do mundo e mantém posição de liderança em segmentos como leite, achocolatados, cafés e nutrição infantil. Somente no primeiro semestre de 2025, o grupo reportou crescimento global acima de 6% nas vendas orgânicas, segundo dados corporativos.

Por isso, a alegação de desequilíbrio financeiro causa estranheza entre os analistas e sindicalistas. “É difícil acreditar que uma gigante desse porte precise cortar benefícios básicos de seus funcionários para equilibrar as contas”, avaliou uma fonte ligada ao setor.

O caso de Cordeirópolis, segundo o STIAL, pode se tornar um precedente perigoso para outras unidades da empresa no país, caso o movimento sindical não consiga conter o avanço das medidas.

Próximos passos e clima de tensão

Uma nova rodada de negociações está marcada para a terça-feira, 11 de novembro, quando o sindicato pretende cobrar explicações formais e exigir garantias de manutenção dos acordos vigentes.

Enquanto isso, o clima nas linhas de produção é de insegurança e indignação. Trabalhadores relatam medo de novas perdas e questionam a coerência da empresa com seu discurso público de “responsabilidade social e valorização das pessoas”.

O STIAL segue informando os desdobramentos por meio de seus canais oficiais, como o programa “A Hora do Trabalhador”, transmitido pela Rádio Educadora de Limeira, e pelas redes sociais da entidade.

Se as propostas da Nestlé se confirmarem, o que está em jogo não é apenas um acordo coletivo, mas a própria relação de confiança entre uma multinacional centenária e sua força de trabalho no Brasil.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Rádio Peao

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