Automação voltou ao centro das discussões sobre produtividade e competitividade no campo depois que um estudo global encomendado pela empresa holandesa Lely, especializada em tecnologias para a produção leiteira, apontou um ganho médio de 7,4% na produção diária por vaca em fazendas que adotam automação tanto na ordenha quanto na alimentação. O levantamento, narrado pela equipe técnica da companhia, analisou dados reais de 13.816 propriedades entre janeiro de 2023 e maio de 2024, cobrindo diferentes realidades produtivas ao redor do mundo.
Segundo a análise, a grande diferença entre sistemas parcialmente automatizados e sistemas totalmente integrados está na regularidade proporcionada pelas máquinas. Quando a oferta de alimento é mantida de forma constante e precisa, os animais passam a ingerir ração em padrões mais estáveis, o que desencadeia um efeito direto sobre o desempenho produtivo. A Lely relata que vacas com acesso contínuo a alimento tendem a visitar voluntariamente a ordenha com mais frequência, apresentando menor número de recusas e menos variações no comportamento diário.
Esse mecanismo, que combina consistência nutricional com estímulo natural à visitação, aparece refletido nos números. A mediana registrada nas fazendas com automação completa chegou a 33,99 kg de leite por vaca/dia, enquanto propriedades com automação limitada à ordenha ficaram em 31,64 kg. Para a equipe técnica consultada pela Lely, a leitura é clara: “a automação só entrega todo seu potencial quando opera de forma integrada e previsível”.
Na avaliação da empresa, eficiência produtiva não se resume ao ganho em litros. A automação permite que tarefas repetitivas — como empurrar alimento, ajustar horários de fornecimento e monitorar comportamento — aconteçam sempre no mesmo padrão, sem desvio de rotina. Essa previsibilidade fortalece o desempenho e reduz gargalos, sobretudo em propriedades que enfrentam dificuldade para manter mão de obra estável ou treinada.
No cenário brasileiro, essa leitura faz ainda mais sentido. Produtores que adotaram sistemas integrados relatam não apenas o aumento de produtividade, mas também benefícios na gestão de pessoas, tema sensível para a pecuária nacional. Em vários depoimentos internos citados pela empresa, a automação total possibilitou realocar colaboradores para atividades estratégicas, diminuindo a dependência da mão de obra operacional sem comprometer a rotina do rebanho.
Outro aspecto destacado pelo levantamento é que a automação amplia significativamente o repertório de dados gerados em tempo real, permitindo decisões rápidas e bem embasadas. Comportamento por lote, frequência de visitação, ingestão relativa por horário e fluxo diário no equipamento são alguns dos indicadores que passam a ser monitorados de forma contínua. Para propriedades que operam com margens apertadas, essa precisão representa vantagem competitiva direta.
A Lely reforça que os números do estudo refletem médias globais e podem variar conforme manejo, densidade animal, manutenção dos equipamentos e disciplina de uso. A empresa reconhece que a tecnologia não substitui práticas de manejo bem executadas, mas enfatiza que sistemas organizados conseguem extrair retornos maiores e mais consistentes.
Ainda assim, o movimento apontado pelo estudo é inequívoco: em um mercado no qual custos de produção pressionam, a volatilidade de preços se impõe e a competição por eficiência cresce, a automação integrada aparece como um dos caminhos mais sólidos para turbinar competitividade. Para a Lely, os dados confirmam que fazendas que combinam automação de ordenha e alimentação conseguem operar com maior estabilidade, previsibilidade e produtividade — um tripé que define a performance das propriedades leiteiras mais avançadas do mundo.
Na prática, isso significa que a tecnologia se consolida não apenas como ferramenta de ganho operacional, mas como pilar estratégico para quem busca longevidade e protagonismo na produção leiteira. Em um ambiente global de transformação acelerada, a automação deixa de ser tendência e passa a compor o núcleo decisório das fazendas orientadas à eficiência.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Globo Rural






