ESPMEXENGBRAIND
18 nov 2025
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⚠️ O doce de leite fake usa embalagens parecidas, brechas legais e preços menores para se infiltrar nas gôndolas e enganar consumidores no Ceará.
🛒 Produtos B2B chegam ao varejo como doce de leite fake, confundindo clientes e expondo falhas de fiscalização e transparência.
🛒 Produtos B2B chegam ao varejo como doce de leite fake, confundindo clientes e expondo falhas de fiscalização e transparência.

O avanço do doce de leite fake nas prateleiras de Fortaleza acendeu um alerta entre consumidores, nutricionistas e especialistas em lácteos.

De acordo com relatos publicados em redes sociais e em plataformas de reclamação, muitos compradores só percebem o engano ao abrir o pote em casa e encontrar um creme pálido, aguado, de sabor quase inexistente — bem distante do doce de leite tradicional.

A situação, confirmada por visitas a supermercados da Capital, mistura confusão no ponto de venda, brechas legais e a presença crescente de produtos originalmente destinados ao setor B2B circulando como se fossem versões legítimas do item.

Segundo reportagens locais, em pelo menos três estabelecimentos da cidade foram encontrados potes análogos ao doce de leite expostos exatamente no mesmo espaço do produto original, sem qualquer sinalização destacando tratar-se de itens diferentes.

O preço, cerca de R$ 2 mais barato por embalagem de 400 g, funciona como atrativo imediato. E a embalagem — extremamente semelhante à dos doces tradicionais — completa a “camuflagem” que faz o consumidor comum levar o produto acreditando estar comprando o autêntico.

Pesquisadores do setor recordam que essa estratégia não é nova. A indústria há anos desenvolve versões de menor custo para atender usos específicos, especialmente na confeitaria industrial. Porém, como narra o pesquisador Rodrigo Stephani, do Inovaleite e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o problema surge quando esses produtos ultrapassam seu propósito original.

“Esses itens são formulados para recheios e aplicações B2B, não para competir diretamente com o doce de leite normatizado. Quando vão para o varejo, confundem o consumidor e desorganizam a categoria”, explicou em entrevistas recentes.

A confusão começa na lista de ingredientes. Para ser chamado de doce de leite, o produto precisa ter basicamente leite e açúcar — os dois elementos obrigatórios, segundo o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade (RTIQ) vigente no Mercosul.

Embora alguns produtos “fake” tragam esses componentes, pontua o professor, eles incluem também aditivos que descaracterizam completamente o doce verdadeiro. Entre os mais comuns estão a gordura vegetal, quantidades elevadas de água e estabilizantes que não são permitidos para o doce de leite tradicional.

Um dos itens encontrados em Fortaleza, por exemplo, trazia leite e açúcar, mas em seguida apresentava soro de leite em pó, glicose, amido modificado, reguladores de acidez e citrato de sódio, além de estabilizantes.

Outro colocava açúcar como ingrediente majoritário — algo incompatível com o produto regulamentado — e ainda incluía gordura de palma. “Quando a gordura vegetal aparece, o item automaticamente deixa de ser doce de leite. Por isso esses produtos recebem nomes genéricos, como ‘creme pastoso com leite’ ou ‘doce culinário’”, explicou Stephani.

A nutricionista Viviane Araújo reforça essa avaliação. Segundo ela, qualquer ingrediente em proporção maior que o próprio leite — ou qualquer elemento não lácteo — impede o produto de se enquadrar como doce de leite. “O ingrediente principal deve ser sempre o leite.

A soma de açúcar e soro de leite não pode passar de 30% da formulação final. Quando isso não é respeitado, o item precisa receber outra denominação, e não pode ser posicionado como doce de leite no varejo”, destaca.

A presença desses produtos nas gôndolas do Ceará contrasta com a legislação estadual n.º 18.774, em vigor desde o ano passado, que obriga supermercados a sinalizar claramente quando comercializam lácteos similares. A reportagem, porém, constatou que nenhum dos pontos visitados apresentava essa sinalização — o que deixa o consumidor ainda mais vulnerável.

Além da confusão no PDV, especialistas alertam para o impacto no mercado lácteo. Ao ocupar espaço do produto legítimo e disputar no preço, o doce de leite fake pressiona marcas tradicionais, que operam dentro das normas, usam ingredientes de maior custo e investem em qualidade.

Para Stephani, isso gera uma competição desleal. “Quando o consumidor compra um doce de leite fake achando ser o verdadeiro, ele passa a acreditar que o sabor do doce de leite caiu. Isso afeta todo o setor”, analisa.

Para evitar enganos, os especialistas recomendam sempre conferir a lista de ingredientes. Quanto menos itens e quanto mais claro o predomínio do leite e do açúcar, melhor. Produtos que adicionam gordura vegetal, grandes quantidades de amido ou açúcar como ingrediente principal devem ser evitados.

😱 A expansão do doce de leite fake combina brechas da lei, estratégias de marketing e sinalização falha nos supermercados.
😱 A expansão do doce de leite fake combina brechas da lei, estratégias de marketing e sinalização falha nos supermercados.

 

 

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Diário do Nordeste

 

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