ESPMEXENGBRAIND
18 nov 2025
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Com o carbono virando métrica-chave global, Nestlé e Embrapa avançam em ciência aplicada para reduzir emissões e elevar a competitividade das cadeias de leite, cacau e café 🌎
Acordo entre Nestlé e Embrapa leva mensuração de carbono e agricultura regenerativa ao centro da estratégia para tornar o leite brasileiro mais competitivo. 🐄
Acordo entre Nestlé e Embrapa leva mensuração de carbono e agricultura regenerativa ao centro da estratégia para tornar o leite brasileiro mais competitivo 🐄

Carbono virou a métrica que separa quem lidera e quem fica para trás nas cadeias do leite, do cacau e do café — e é exatamente nesse ponto que Nestlé e Embrapa decidiram avançar com um novo acordo estratégico anunciado durante a COP30.

A cooperação marca uma etapa mais técnica e ambiciosa da relação entre as instituições, agora voltada à ciência aplicada, mensuração de emissões e desenvolvimento de tecnologias adaptadas ao campo brasileiro.

Segundo relato de executivos da companhia, a parceria nasce para permitir que a Nestlé acelere sua trajetória rumo à meta global de neutralidade de carbono em 2050, ao mesmo tempo em que oferece ao produtor e à indústria ferramentas práticas para operar em um mercado cada vez mais orientado por indicadores climáticos.

Para a Embrapa, o movimento amplia o alcance de pesquisas que dialogam diretamente com a transição agroambiental e o reposicionamento do Brasil como referência científica.

Por que a Embrapa? Ciência tropical e impacto de escala

Na avaliação de Bárbara Sollero, head de agricultura regenerativa da Nestlé Brasil, a escolha da Embrapa não foi apenas técnica, mas estratégica. Ela explica que ciência tropical, manejo, genética e conhecimento de biomas são elementos essenciais para que práticas regenerativas e de baixo carbono funcionem na realidade do produtor.

A executiva reforça que transição climática exige três pilares: pesquisa, transferência de tecnologia e políticas públicas — e que a Embrapa opera justamente na interseção dessas frentes.

O discurso interno da companhia aponta para um objetivo claro: transformar conhecimento científico em estratégia operacional, com impacto direto em produtividade, redução de emissões e credibilidade de dados para toda a cadeia.

Primeiros projetos: rota do leite e sistemas para o cacau

Dois estudos prioritários já estão em andamento. No leite, a pesquisa medirá o perfil de emissão de metano de vacas em lactação submetidas a dietas distintas. A proposta, explicada pela equipe técnica da Nestlé, é identificar combinações alimentares capazes de reduzir metano entérico sem prejudicar desempenho ou bem-estar animal.

A empresa defende que não há transformação possível sem mensuração precisa, e que orientar o produtor com base científica é fundamental para reduzir emissões de forma consistente.

No cacau, a frente de trabalho se concentra na Transamazônica, onde serão testados arranjos produtivos mais eficientes em sistemas agroflorestais.

A aposta une produtividade, recomposição florestal e captura de carbono. Pesquisadores da Embrapa lembram que o modelo sombreado é o mais adequado para a Amazônia no contexto de descarbonização agrícola, e que o cacau brasileiro possui potencial expressivo para unir qualidade e regeneração.

Guia Nacional para Pegada de Carbono no Leite

Um dos anúncios de maior impacto para o setor foi o lançamento do Guia Nacional para a Coleta de Dados de Pegada de Carbono no Leite. A ferramenta foi projetada para padronizar a medição de emissões em fazendas leiteiras, uma etapa historicamente heterogênea no Brasil.

A coleta envolve solo, pastagens, alimentação, manejo, insumos e dados de rebanho — praticamente um ecossistema produtivo inteiro sendo quantificado.

Sollero resume a necessidade de padronização: sem critérios claros e comparáveis, nenhum avanço em baixo carbono se sustenta. O guia se propõe a virar referência aberta para laticínios, produtores, consultorias e compradores.

Três décadas de cooperação e um novo capítulo

A relação entre Nestlé e Embrapa já soma quase 30 anos, desde o desenvolvimento, em 2006, do Programa de Boas Práticas em Fazendas de Leite, cujo manual se tornou referência nacional. Em 2021, os trabalhos passaram a incorporar pesquisas de redução de emissões. Agora, o acordo ganha escala com o acesso a mais de 40 unidades da Embrapa.

Na avaliação de Marcelo Melchior, CEO da Nestlé Brasil, o acordo reafirma a convicção de que ciência aliada à prática é o caminho para transformar sistemas alimentares e avançar na agenda de neutralidade de carbono.

Integração internacional e pressões de mercado

O Nestlé Institute of Agricultural Sciences, sediado na Suíça, deu aval ao acordo. Internamente, a companhia considera essa integração essencial para transformar descobertas científicas globais em soluções adaptadas às condições tropicais — e entregues ao campo com mais rapidez.

Produtor no centro da transição

Mesmo com tecnologia e pesquisa, a Nestlé reforça que a mudança depende do produtor. A empresa insiste que ele não é receptor passivo, mas protagonista da transição regenerativa. Seu papel é garantir viabilidade técnica e econômica para que o carbono seja reduzido sem comprometer rentabilidade.

Para a companhia, agricultura regenerativa não é tendência, mas necessidade. E o Brasil, destaca Sollero, reúne clima, pesquisa e biodiversidade para liderar o tema globalmente.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Times Brasil

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