ESPMEXENGBRAIND
19 nov 2025
ESPMEXENGBRAIND
19 nov 2025
📌 Com preços em queda pelo sexto mês e derivados desvalorizados, o fim de 2025 impõe desafios simultâneos para produtores e indústria no Brasil.
Setor lácteo sob pressão: preços desabam e derivados recuam 💥
Setor lácteo sob pressão: preços desabam e derivados recuam 💥

Os preços do leite no Brasil voltaram a recuar em setembro e consolidaram um período prolongado de desvalorização que pressiona toda a cadeia produtiva. Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostra que o valor pago ao produtor caiu 4,2% frente a agosto, levando a “Média Brasil” para R$ 2,4410 por litro. Trata-se da sexta queda consecutiva nas cotações recebidas no campo, sinal de que o mercado segue abastecido e sem estímulos que invertam o movimento no curto prazo.

Em termos reais — com correção pelo IPCA — o preço atual é 19% inferior ao registrado em setembro de 2024, segundo análise do Cepea. A diferença reforça a perda de poder de compra do produtor justamente em um momento em que a margem produtiva depende mais de eficiência e gestão do que de recuperação de preços.

A pressão negativa não se limita ao leite cru. Conforme acompanhamento do Cepea, realizado com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), os derivados também recuaram. Queijos, leite UHT e outros produtos industrializados terminaram outubro nos menores níveis de 2025. O cenário é explicado pela combinação de oferta elevada, demanda doméstica ainda travada e uma forte competição por preço ao longo da cadeia.

Para analistas consultados pelo Cepea, a queda dos derivados amplia a dificuldade da indústria em recompor margens. Mesmo com recuos sucessivos no leite cru, o ajuste não tem sido suficiente para equilibrar a rentabilidade, especialmente em categorias de giro rápido e alto peso no varejo.

O estudo aponta que a oferta interna segue robusta, suficiente para manter o mercado abastecido sem pressão de demanda que sustente reajustes. A renda das famílias, ainda afetada pela inflação acumulada e pelo avanço dos gastos básicos, limita o consumo e impede aumentos sustentados de preços na ponta.

Paralelamente, a dinâmica operacional voltou a preocupar. O Custo Operacional Efetivo (COE), indicador que monitora os gastos diretamente ligados ao processo produtivo, subiu 0,52% entre setembro e outubro depois de três meses de alívio. A alta foi puxada, principalmente, pela valorização dos defensivos agrícolas, que voltaram a pesar no orçamento de propriedades de leite.

O comportamento dos custos, no entanto, não foi uniforme entre as regiões. Minas Gerais, Paraná e São Paulo registraram aumento no COE, influenciados por insumos específicos e por ajustes no preço de serviços ligados ao manejo. Em sentido contrário, Bahia, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina observaram quedas graças à recomposição de pastagens, à melhoria climática e à maior disponibilidade de alimentos volumosos. Essa diversidade regional reforça que, embora a pressão seja nacional, o impacto na margem varia conforme o modelo produtivo e a estrutura de cada fazenda.

A soma de preços mais baixos, derivados desvalorizados e custos retomando cria um ambiente complexo na reta final de 2025. Produtores enfrentam dificuldade crescente para equilibrar o fluxo de caixa, enquanto a indústria trabalha para manter competitividade e evitar novas perdas de consumo.

Especialistas citados pelo Cepea alertam que a recuperação pode não vir antes de dezembro. A demanda típica das festas de fim de ano tende a aumentar o giro dos derivados, mas não deve ser suficiente para reverter a tendência de queda construida ao longo do segundo semestre. A reativação do consumo permanece limitada pela renda e pelo comportamento cauteloso do varejo, que mantém forte pressão sobre preços praticados pelas indústrias.

Para alguns agentes, a regularização das chuvas e a expectativa de maior oferta de pasto podem aliviar parte dos custos no início de 2026. Ainda assim, a cadeia chega ao fim de 2025 exigindo atenção redobrada com planejamento, eficiência e gestão financeira. A combinação de preços deprimidos, custos em retomada e margens comprimidas indica que a virada do ano exigirá mais disciplina produtiva de todos os elos.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de CenárioMT

Te puede interesar

Notas Relacionadas