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20 nov 2025
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Silenciosa e agressiva, a Lactalis usa a compra das marcas da Fonterra para ultrapassar Danone e reforçar seu domínio mundial. ⚡
Lactalis supera Danone e vira líder francês após efeito Fonterra 🚀
Lactalis supera Danone e vira líder francês após efeito Fonterra 🚀

A Lactalis acaba de consolidar um movimento que vinha sendo construído há anos: superar a Danone e assumir, com folga, o posto de maior grupo francês de produtos lácteos.

A absorção das marcas da cooperativa neozelandesa Fonterra não apenas ampliou o portfólio da empresa de Emmanuel Besnier — ela também simboliza a fusão de duas forças que vinham se movendo em paralelo: a guerra silenciosa pelo topo da França e o impacto global de um dos negócios mais estratégicos do ano no mundo do leite.

Quem acompanha o setor internacional sabe que Danone e Lactalis são gigantes de naturezas opostas. De um lado, uma companhia midiática, globalmente reconhecida, frequentemente associada a alta rentabilidade e discursos públicos bem alinhados ao universo ESG.

Do outro, uma empresa que prefere o silêncio ao holofote, que praticamente não concede entrevistas, que raramente publica comunicados e que só tornou seus resultados parcialmente públicos a partir de 2019.

Esse contraste, longe de ser apenas estético, moldou durante duas décadas o comportamento de ambos os grupos — até que a balança pendesse de vez para o lado mayennais.

A figura de Emmanuel Besnier contribui para esse fenômeno. Dono de um perfil reservado que beira o anonimato, ele comanda a Lactalis com uma estratégia de expansão contínua, meticulosa e quase invisível.

Por muitos anos, jornalistas franceses relataram a dificuldade básica de ilustrar matérias sobre o grupo: simplesmente não havia fotos públicas do executivo. E essa cultura do baixo perfil ajudou a empresa a avançar em mercados-chave, tanto europeus quanto internacionais, sem o desgaste político e midiático típico das grandes corporações globais.

Mas o avanço silencioso não significou isolamento. Pelo contrário: a compra das marcas da Fonterra mostrou que a Lactalis não está apenas crescendo; está disputando a geopolítica do leite. A Nova Zelândia, dominada historicamente pela lógica cooperativista e pela força exportadora da Fonterra, raramente abre mão de ativos estratégicos.

Quando abre, é porque o jogo global exige reposicionamento — e é nesse espaço que Besnier vem construindo o novo império francês.

Com esse movimento, a Lactalis amplia seu peso em categorias-chave e reforça sua presença em mercados onde Danone já encontrava dificuldades para defender participação.

O contraste entre as duas empresas ficou ainda mais evidente: enquanto Danone tenta reequilibrar margens e reposicionar marcas em um ambiente competitivo cada vez mais sensível, a Lactalis executa um plano de expansão que, embora menos rentável por unidade, assegura presença, escala e influência global.

Para o mercado brasileiro, onde a Lactalis já tem presença relevante e Danone opera com forte exposição no iogurte e no ultrafresco, o impacto é imediato.

Analistas e processadores veem o movimento como um sinal claro: o gigante francês — agora maior do que nunca — deverá intensificar sua busca por portfólio, eficiência e rotas de suprimento. A integração dos ativos da Fonterra tende a influenciar fluxos internacionais, acordos comerciais e até pressões competitivas no varejo sul-americano.

A disputa entre as duas francesas também serve de termômetro para o setor global. A Danone continua muito mais lucrativa, mais visível e mais conectada ao mainstream corporativo europeu, mas perdeu, ao menos temporariamente, o símbolo maior do poder industrial francês no leite.

A Lactalis, por sua vez, ganha o título que perseguia silenciosamente: líder absoluta do ranking nacional — e agora peça decisiva em qualquer discussão estratégica sobre o futuro dos lácteos no Ocidente.

O que muitos chamam de “efeito Fonterra” é, na prática, o gatilho que oficializou algo que já acontecia: o reposicionamento da Lactalis como gigante global da nova fase do leite. No tabuleiro internacional, não se trata apenas de comprar marcas — trata-se de controlar narrativas, fluxos e geografias de produção.

E, nessa disputa, a empresa de Besnier parece estar jogando um xadrez de longo prazo, enquanto muitos ainda olham o tabuleiro com lógica de dama.

Para o Brasil, o recado é claro: um gigante silencioso está falando mais alto do que nunca.

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