ESPMEXENGBRAIND
25 nov 2025
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🔥 Com GLP-1 ganhando usuários, gorduras perdem espaço, proteínas sobem e novembro marca um dos meses mais fracos para o complexo lácteo.
📉 O GLP-1 está por trás da queda acentuada da manteiga, de mudanças no consumo e de um 2026 que começa com muita oferta e pouca demanda.
📉 O GLP-1 está por trás da queda acentuada da manteiga, de mudanças no consumo e de um 2026 que começa com muita oferta e pouca demanda.

GLP-1 passou a ocupar um espaço inesperado no radar do setor lácteo internacional.

O que começou como um medicamento para diabetes rapidamente se transformou em um dos motores mais influentes do comportamento alimentar moderno — e, segundo relatos de traders europeus e norte-americanos, já aparece nas curvas de preço da manteiga, no apetite reduzido por cremes e na surpreendente força das proteínas lácteas de maior valor agregado.

Novembro confirma essa virada estrutural. No mercado europeu, fontes consultadas apontam que o mês se tornou um dos mais fracos em mais de uma década para o complexo de gorduras.

A manteiga perdeu entre €700 e €800 por tonelada em apenas três semanas, impulsionada por uma combinação rara: demanda fraca por creme em plena temporada festiva e oferta excepcionalmente elevada. Para analistas do comércio europeu, ainda não há um piso claro para os preços.

O contraste fica mais evidente quando se observa o comportamento das proteínas. Enquanto gorduras e queijos cedem terreno, os concentrados proteicos do soro seguem firmes — e, em alguns casos, disputados.

Para diversos parceiros de mercado, essa divergência não pode ser explicada apenas por preços: trata-se de uma mudança profunda no padrão de consumo.

É aí que o GLP-1 entra em cena. Medicamentos como Ozempic, Wegovy, Mounjaro e Rybelsus ganharam presença nas listas de compras de consumidores dos EUA e da Europa, com efeitos colaterais que revolucionam comportamentos: menor desejo por alimentos ricos em gordura e açúcar e maior preferência por dietas mais limpas e proteicas.

Estudos recentes nos EUA indicam que 12% da população já usou GLP-1 e outros 14% consideram adotá-lo — a maioria com objetivo de controle de peso.

O impacto pode ser ainda maior nos próximos anos, especialmente após o movimento político que busca reduzir o custo do tratamento no mercado norte-americano.

No cenário europeu, embora falte um levantamento amplo e recente, agentes consultados relatam casos similares entre consumidores urbanos. E a Ásia, onde grandes patentes expiram a partir de março de 2026, deve receber versões de menor custo que podem massificar o uso desses medicamentos.

Se milhões de consumidores, especialmente de alta renda, passam a comer menos gordura, o reflexo no setor lácteo é direto. Os volumes negociados nas principais praças europeias mostram como esse deslocamento se combina a fundamentos já fragilizados.

Na última semana, mais de 3.000 toneladas de manteiga foram transacionadas, com quedas contínuas de segunda a sexta. Para o primeiro trimestre, negócios em NL/DE/BE começaram a €4.475/ton e terminaram a €4.350/ton. A manteiga polonesa repetiu o movimento: de €4.350/ton para €4.150/ton.

O argumento tradicional é que, com estoques projetados historicamente, o preço deveria se aproximar de €4.000/ton. A relação com anos anteriores apoia essa leitura: em 2015, 2019 e 2020, quando os estoques de dezembro superaram 135 mil toneladas, as cotações flutuaram entre €2.900 e €3.600. Para 2025, o mercado estima 132 mil toneladas — o que sugere uma correção ainda não totalmente concluída.

Enquanto isso, o mercado de queijos tenta resistir, como costuma ocorrer em ciclos de queda acentuada da manteiga.

Mas já aparecem rachaduras: as transações semanais na Europa e o sentimento captado após as últimas rodadas do GDT apontam para um início de 2026 mais fraco, com demanda sazonalmente moderada e compradores cautelosos.

Historicamente, o queijo corrige depois da manteiga — e a diferença atual indica espaço para novas quedas de €250 a €400 por tonelada.

No campo dos pós, o quadro geral também é de acomodação. O leite em pó integral mostra maior fraqueza, pressionado por estoques crescentes e sinais mistos na Ásia.

O desnatado mantém um pouco mais de firmeza, sustentado por demanda industrial relativamente estável, mas ainda assim dá sinais de suavização. Exportações ajudam a evitar quedas mais abruptas, mas não alteram a tendência.

À medida que 2026 se aproxima, o mercado global de lácteos tenta reencontrar seus pontos de referência.

A combinação de oferta elevada, estoques volumosos, consumidores que comem cada vez menos gordura e uma macroeconomia mais moderada reduz a capacidade de sustentação dos preços.

No curto prazo, analistas concordam: o mercado não precisa de um choque para cair mais — só precisa de tempo.

*Escrito para o eDairyNews, co m informações de Get Fair Dairy

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