A Reforma Tributária dominou o debate promovido pelo Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Norte (SINDLEITE-RN) na tarde desta terça-feira (2), quando industriais e especialistas se reuniram para entender as mudanças previstas para entrar em vigor já em janeiro de 2026.
Segundo narrativas apresentadas durante o encontro, o novo modelo tributário deverá alterar de forma profunda a dinâmica da cadeia láctea potiguar, exigindo adaptação imediata das empresas formais e eliminando, de fato, qualquer margem para a atuação informal.
A consultora tributária e advogada Liana Queiroz, convidada pelo sindicato para detalhar o cenário, explicou que a transição para o novo sistema deve exigir mais organização, mais transparência e maior capacidade de gestão fiscal por parte das indústrias. De acordo com a especialista, o desenho da reforma deixa claro que o setor produtivo terá de operar com regras mais rígidas e rastreáveis, o que inevitavelmente mexe com estruturas internas, planejamento tributário e a relação entre empresas e produtores fornecedores.
Durante sua exposição, Liana reforçou que o combate à informalidade é um dos pilares do novo arcabouço. Ela mencionou que iniciativas anteriores, como a figura do Microempreendedor Individual (MEI), já vinham reduzindo espaço para operações informais — mas a nova sistemática praticamente encerra essa possibilidade. “A informalidade, no contexto da nova estrutura, se torna impraticável”, explicou, apontando que controles mais modernos e integrados tornarão inviáveis brechas hoje existentes.
Para o presidente do SINDLEITE-RN, Túlio Veras, o encontro tinha caráter estratégico. Ele destacou que a cadeia láctea do Rio Grande do Norte possui características próprias que precisam ser respeitadas e compreendidas no processo de adaptação. “São mais de 22 mil produtores no estado, cada um com uma realidade diferente. Não existe um modelo único de operação, e por isso é fundamental que todos entendam o que a Reforma Tributária muda na prática”, afirmou Veras.
Ele também ressaltou que o sindicato vem intensificando ações de capacitação e informação, justamente para evitar que as mudanças tributárias surpreendam as empresas do setor. “O SINDLEITE-RN tem se preocupado muito em trazer conhecimento para os associados em diversos temas. Hoje, foi o caso da Reforma Tributária. Temos que estar atentos a essa virada que altera as circunstâncias da nossa atividade”, enfatizou.
Ao longo do debate, Liana Queiroz lembrou que a regulamentação da reforma ainda está em evolução, com discussões técnicas acontecendo diariamente em Brasília. Mesmo assim, ela reforçou que o setor não pode esperar definições finais para começar a se reorganizar. “Nossa missão é esclarecer o cenário e mostrar caminhos para que as empresas atuem com segurança. A transição será gradual, mas vai exigir preparo desde já”, afirmou.
A reunião desta terça-feira também teve espaço para temas internos ao sindicato. Túlio Veras apresentou aos associados o reconhecimento recebido pelo SINDLEITE-RN no Programa de Meritocracia Sindical, iniciativa conduzida pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN). O sindicato foi agraciado com o Mérito Sindical, distinção concedida às entidades com performance de destaque, reforçando o peso do trabalho institucional feito ao longo do ano.
Outro ponto trazido ao encontro foi o projeto do Sebrae-RN voltado à qualificação dos produtores de leite — iniciativa que, segundo os participantes, deve ganhar força justamente diante das novas exigências tributárias. A avaliação do sindicato é de que produtores mais organizados, treinados e formalizados garantem maior segurança para as indústrias e fortalecem a competitividade da cadeia como um todo.
Com a Reforma Tributária no horizonte próximo, o clima entre os industriais potiguares é de cautela, mas também de mobilização. Para o setor lácteo, 2026 promete ser um ano de ajustes, aprendizado e reposicionamento estratégico — e o SINDLEITE-RN pretende seguir ampliando o debate para que nenhuma empresa fique para trás.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de FIERN






