As exportações de lácteos do Uruguai avançaram de forma consistente ao longo de 2025 e já se posicionam a um passo de marcar um novo recorde histórico de faturamento.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional do Leite (Inale), a receita acumulada entre janeiro e novembro alcançou US$ 881,5 milhões, resultado 14% superior ao registrado no mesmo período de 2024.
O desempenho reforça a centralidade do setor lácteo na pauta exportadora uruguaia e indica que o emblemático patamar de US$ 900 milhões deverá ser superado ainda em 2025. Até hoje, esse nível foi alcançado apenas duas vezes: em 2013, quando as exportações somaram US$ 907 milhões, e em 2022, ano do recorde absoluto, com US$ 925,2 milhões.
A análise do Inale considera quatro principais produtos: leite em pó integral, leite em pó desnatado, queijos e manteiga, com base em informações da Direção Nacional de Aduanas. No recorte de faturamento, três desses itens apresentaram crescimento na comparação anual, enquanto os queijos registraram retração.
O leite em pó integral foi novamente o grande motor das exportações de lácteos. Entre janeiro e novembro de 2025, a receita desse produto avançou 20%, totalizando US$ 607,9 milhões. Já o leite em pó desnatado teve incremento mais moderado, de 3%, alcançando US$ 51,7 milhões. A manteiga também mostrou desempenho positivo, com alta de 16% e faturamento de US$ 72,3 milhões. Em contrapartida, os queijos recuaram 15%, com receitas de US$ 83,5 milhões.
Quando a leitura é feita pelo volume embarcado, o comportamento é mais heterogêneo. No acumulado dos primeiros 11 meses de 2025, o Uruguai exportou 195.669 toneladas de produtos lácteos. Houve crescimento de 5% no volume de leite em pó integral, com 152.042 toneladas embarcadas. Já o leite em pó desnatado caiu 6%, totalizando 16.018 toneladas. Os queijos recuaram 17%, para 16.756 toneladas, enquanto a manteiga apresentou leve queda de 2%, com 10.853 toneladas.
Mesmo com essas oscilações, o protagonismo do leite em pó integral permanece incontestável. O produto respondeu por 77,7% de todo o volume exportado e por 68,9% da receita total das exportações de lácteos do país, consolidando-se como o principal pilar da estratégia comercial do setor.
Os preços médios também contribuíram para sustentar o crescimento das receitas. Na comparação entre os acumulados de janeiro a novembro de cada ano, o preço médio do leite em pó integral foi 13% superior ao de 2024. O leite em pó desnatado registrou valorização de 10%, os queijos tiveram alta de 2% e a manteiga avançou expressivos 18%.
Considerando apenas os negócios fechados em novembro de 2025, os preços médios ficaram em US$ 3.895 por tonelada para o leite em pó integral, US$ 3.261 para o leite em pó desnatado, US$ 4.955 para os queijos e US$ 6.270 para a manteiga. Na comparação com dezembro de 2024, o leite em pó integral acumulou valorização de 33%, enquanto o desnatado recuou 8%. Os queijos avançaram 1% e a manteiga subiu 18%.
O bom momento das exportações de lácteos também se reflete na relevância do setor no comércio exterior uruguaio. Em 2024, os lácteos ocuparam o quarto lugar no ranking dos principais produtos exportados, atrás apenas de celulose, carne bovina e soja. Em 2025, a posição se mantém, superando inclusive os concentrados de bebidas.
No recorte dos mercados de destino, a Argélia segue como principal comprador dos lácteos uruguaios, respondendo por 35% das exportações no acumulado dos últimos 12 meses. O Brasil aparece logo atrás, com 27%, seguido por Rússia, Chile e Mauritânia, cada um com cerca de 3%.
A liderança varia conforme o produto. O Brasil foi o principal destino do leite em pó desnatado, absorvendo 79% do total exportado, além de liderar também nas compras de queijos, com 26%. A Argélia concentrou 48% das importações de leite em pó integral, enquanto a Rússia foi o principal mercado para a manteiga, com participação de 22%.
No contexto internacional, os preços da leite em pó sul-americano também mostraram tendência favorável. Em novembro de 2025, o valor médio do leite em pó integral exportado pela região foi de US$ 4.325 por tonelada, 1% acima de outubro e 9% superior ao de novembro de 2024. Já o leite em pó desnatado ficou em US$ 3.000 por tonelada, com leve recuo mensal de 1%, mas ainda 7% acima do valor registrado um ano antes.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de El Observador






