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19 dez 2025
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A Fonterra revisou o preço do leite após aumento da oferta global e nove quedas seguidas no GDT 📉
Excesso de produção pressiona o preço do leite, e cooperativa neozelandesa reduz projeção 💰
Excesso de produção pressiona o preço do leite, e cooperativa neozelandesa reduz projeção 💰

O preço do leite voltou ao centro das atenções no mercado internacional após a Fonterra anunciar um novo corte em sua previsão para a temporada, refletindo o avanço da oferta global e a pressão contínua sobre os preços das commodities lácteas.

A cooperativa neozelandesa reduziu a faixa estimada do Farmgate Milk Price, sinalizando um cenário mais desafiador para os produtores na segunda metade do ciclo.

A nova projeção estreitou o intervalo anteriormente estimado entre US$ 9 e US$ 10 por quilo de sólidos do leite para uma faixa entre US$ 8,50 e US$ 9,50. Com isso, o ponto médio da previsão foi ajustado de US$ 9,50 para US$ 9 por quilo de sólidos, indicando uma revisão mais conservadora diante das condições atuais do mercado.

Segundo o CEO da Fonterra, Miles Hurrell, o movimento reflete uma combinação de fatores que vêm se consolidando nas últimas semanas. Com cerca de metade da temporada ainda por ser concluída, os fluxos de leite permanecem elevados tanto na Nova Zelândia quanto em outras regiões-chave da produção global. Estados Unidos e Europa, em particular, têm registrado volumes acima do esperado, ampliando a disponibilidade de produtos no mercado internacional.

Esse aumento da oferta ocorre em um momento de enfraquecimento dos preços globais, cenário reforçado pelos resultados recentes do Global Dairy Trade (GDT). O último leilão marcou a nona queda consecutiva nas cotações, um comportamento considerado incomum mesmo em ciclos de mercado mais voláteis. Para Hurrell, essa sequência negativa evidencia a dificuldade de absorção da produção adicional pelo mercado internacional.

Além da oferta abundante, a valorização do dólar neozelandês desde a última atualização da previsão, feita em novembro, também teve peso relevante na decisão. De acordo com a Fonterra, a combinação entre câmbio mais forte e preços internacionais mais baixos exigiu um novo ajuste na faixa projetada para o preço do leite pago aos produtores.

Apesar do corte, a cooperativa reforçou que o ponto médio atual permanece dentro do intervalo mais amplo anunciado no início da temporada, quando a previsão variava entre US$ 8 e US$ 11 por quilo de sólidos do leite. Na avaliação da empresa, o ajuste não representa uma ruptura com o cenário inicial, mas sim uma adequação às condições concretas do mercado global.

Hurrell destacou ainda que a estratégia da Fonterra segue focada na maximização do retorno aos produtores associados, não apenas por meio do Farmgate Milk Price, mas também via resultados operacionais e desempenho comercial. Segundo ele, a cooperativa mantém atenção rigorosa sobre margens, mix de produtos, eficiência operacional e fortalecimento das relações com clientes estratégicos.

A leitura do mercado é compartilhada por analistas independentes. Para o economista agrícola do ANZ, Matt Dilly, a produção global de leite superou as expectativas iniciais, impulsionada principalmente pelo desempenho de Europa e Estados Unidos. Na sua avaliação, o cenário atual não descarta novos ajustes negativos no preço do leite ao longo da temporada.

Dilly observou que a sequência de quedas no GDT é atípica e pode abrir espaço para uma recuperação pontual nos próximos eventos. Ainda assim, ele ressalta que os fundamentos indicam um mercado claramente baixista no curto prazo. A oferta elevada, combinada com sinais de demanda mais cautelosa, limita a possibilidade de uma reação consistente dos preços.

O movimento da Fonterra é acompanhado de perto por produtores e agentes do mercado global, dado o papel da cooperativa como referência para o preço do leite em diversas regiões exportadoras. Ajustes na Nova Zelândia tendem a repercutir em decisões estratégicas de produção, comercialização e investimento em outros países.

Com o avanço da temporada e a manutenção de volumes elevados, o comportamento da demanda internacional será determinante para definir se o mercado encontrará um novo ponto de equilíbrio. Até lá, o setor lácteo global segue operando sob pressão, com margens mais estreitas e maior sensibilidade a variações cambiais e aos sinais vindos dos principais leilões internacionais.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de EDairy News English

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