Parceria entre o governo de Alagoas e três grandes indústrias de laticínios marca um novo capítulo para a Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA).
O anúncio foi feito pelo governador Paulo Dantas durante a 3ª edição do programa Governo Trabalhando, realizada no município de Monteirópolis, no Sertão alagoano, região estratégica da Bacia Leiteira do estado.
Segundo o governador, as empresas Betânia, Camponesa e Embaré passarão a atuar como administradoras majoritárias da CPLA, assumindo papel central na gestão, operação industrial e ampliação da captação de leite. O acordo, firmado na última quarta-feira (17), prevê investimentos estimados entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões, além da compra adicional de cerca de 300 mil litros de leite por dia.
Na avaliação de Paulo Dantas, trata-se de uma movimentação estruturante para o setor leiteiro estadual. O governador ressaltou que os grupos envolvidos integram o quinto maior conglomerado de laticínios do Brasil, o que traz escala, know-how industrial e maior previsibilidade para a cadeia produtiva local. “A única exigência colocada foi clara: que venham para Alagoas não para fazer reserva de mercado, mas para comprar leite, produzir e gerar riqueza e prosperidade para a nossa população”, afirmou.
A parceria ainda está em fase final de formalização jurídica. De acordo com o chefe do Executivo estadual, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) já trabalha na elaboração do documento de autorização e na anuência formal necessária para viabilizar o novo modelo de governança da cooperativa. A expectativa é que os trâmites sejam concluídos em breve, permitindo o início efetivo das operações sob a nova administração.
Do ponto de vista econômico e social, o impacto anunciado é relevante. O governador destacou que a reestruturação da CPLA deverá resultar na criação de aproximadamente 200 empregos diretos, com vagas distribuídas em diferentes municípios da Bacia Leiteira. A descentralização da oferta de trabalho é vista como um fator importante para estimular o desenvolvimento regional e reduzir a dependência de centros urbanos maiores.
Além do reforço imediato na CPLA, o governo estadual projeta um salto ainda maior na demanda por matéria-prima. Somando a operação da cooperativa à futura entrada em funcionamento da indústria Natville, que será inaugurada nos próximos meses no município de Batalha, o volume total de leite adquirido diretamente de pequenos produtores pode chegar a cerca de 800 mil litros diários.
Esse aumento na captação deve ocorrer com foco logístico na proximidade das propriedades rurais, reduzindo custos de transporte e perdas operacionais. Segundo o governador, essa estratégia cria condições mais favoráveis para garantir preços considerados mais justos e competitivos aos produtores, especialmente aqueles de menor escala, que historicamente enfrentam maior vulnerabilidade nas negociações de mercado.
No setor produtivo, a parceria é interpretada como um movimento que combina política pública com lógica empresarial. Ao atrair grupos privados de grande porte para a gestão da CPLA, o governo aposta na profissionalização da cooperativa, na ampliação da capacidade industrial e na inserção mais competitiva do leite alagoano no mercado regional e nacional.
A presença de marcas consolidadas como Betânia, Camponesa e Embaré também tende a elevar padrões operacionais, sanitários e comerciais, criando novos desafios e oportunidades para os produtores locais. A expectativa, segundo interlocutores do setor, é que a cooperativa passe a operar com maior regularidade, previsibilidade de pagamentos e acesso ampliado a canais de distribuição.
Para o governo de Alagoas, o anúncio reforça a estratégia de utilizar o setor lácteo como vetor de desenvolvimento econômico no interior do estado. A Bacia Leiteira concentra milhares de pequenos produtores e representa uma das principais fontes de renda para diversas famílias. Ao fortalecer a CPLA e ampliar a presença industrial, o Executivo busca consolidar uma base produtiva mais resiliente e integrada.
Com a formalização dos contratos e o início dos investimentos, a parceria deve redefinir o papel da CPLA dentro da cadeia do leite em Alagoas, conectando produção primária, indústria e mercado em um modelo que combina escala, investimento privado e coordenação estatal.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Sertão na Hora






