ESPMEXENGBRAIND
22 dez 2025
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📉 Com preço de R$ 1,60 por litro, produtores levam a Lula demandas sobre a crise do leite no Brasil.
🧾 A crise do leite chega ao Planalto com reivindicações por crédito, controle de importações e apoio oficial.
🧾 A crise do leite chega ao Planalto com reivindicações por crédito, controle de importações e apoio oficial.

A crise do leite no Brasil foi formalmente apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a inauguração da Ponte da Integração, em Foz do Iguaçu (PR), na sexta-feira (19).

Na ocasião, produtores de leite do Paraná entregaram ao presidente uma carta com reivindicações e pedidos de medidas emergenciais diante do agravamento do cenário econômico da cadeia produtiva.

O documento foi entregue pela deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), coordenadora do Bloco Parlamentar da Agricultura Familiar da Assembleia Legislativa do Paraná. Segundo a parlamentar, a articulação do encontro ocorreu por intermédio da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, a partir de solicitação dos representantes do setor. Parlamentares federais alinhados ao governo acompanharam o ato.

De acordo com Luciana Rafagnin, após receber a carta, o presidente Lula afirmou que irá avaliar os pleitos apresentados pelos produtores. A ministra Gleisi Hoffmann declarou, no mesmo contexto, que o governo acompanha a situação do setor leiteiro e citou a aprovação, no Congresso Nacional, de uma proposta federal que destina R$ 100 milhões em crédito para a compra de leite de cooperativas. Segundo a ministra, a iniciativa busca mitigar os efeitos imediatos da crise sobre os produtores.

A carta é assinada por Pedro Ivo Ilkiv, representante dos produtores de leite do Paraná, e descreve o que os signatários classificam como uma situação crítica. Conforme o documento, em novembro de 2025, o preço médio pago ao produtor caiu para R$ 1,60 por litro, enquanto o custo de produção é estimado em R$ 2,40 por litro. A diferença negativa de aproximadamente R$ 0,80 por litro tem comprometido a viabilidade econômica de milhares de propriedades, especialmente as de base familiar.

Segundo os produtores, a agricultura familiar responde por cerca de 53% da produção nacional de leite e é a mais exposta aos efeitos da atual conjuntura. Na avaliação de Pedro Ivo Ilkiv, a manutenção desse cenário pode provocar um êxodo ainda maior de produtores da atividade. Ele destacou que o Brasil possui aproximadamente um milhão de produtores de leite e citou dados do Rio Grande do Sul, onde, entre 2018 e 2023, cerca de 44 mil pequenos produtores deixaram a atividade.

A carta aponta que um dos fatores centrais para o aprofundamento da crise é o aumento das importações de produtos lácteos, especialmente da Argentina e do Uruguai. De acordo com o documento, a desaceleração da economia chinesa reduziu a demanda externa desses países, que passaram a redirecionar seus estoques ao mercado brasileiro. Os produtores afirmam que esses produtos estariam sendo comercializados a preços inferiores aos praticados nos mercados de origem.

Ainda segundo o texto, o volume importado atualmente corresponde a aproximadamente 10% da produção nacional de leite, percentual significativamente superior à média histórica de cerca de 5%. Para os produtores, essa ampliação da participação das importações exerce pressão adicional sobre os preços internos pagos ao produtor.

Outro ponto abordado na carta é a entrada de composto lácteo no mercado brasileiro. O produto, que contém cerca de 51% de leite e o restante de óleos vegetais, gordura trans e aditivos, tem custo inferior ao leite integral e, segundo os produtores, vem sendo utilizado em larga escala pela indústria como substituto da matéria-prima nacional. Na avaliação do setor, essa prática reduz a demanda pelo leite produzido no país e amplia as dificuldades enfrentadas pelos produtores.

Entre as reivindicações apresentadas ao presidente estão a ampliação das compras públicas de leite e derivados da agricultura familiar por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no âmbito do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O documento também solicita medidas administrativas do Ministério da Agricultura para reforçar o controle das importações e intensificar a fiscalização nas fronteiras.

Os produtores ainda pedem a criação de um programa de securitização das dívidas do setor, com possibilidade de parcelamento em até 20 anos, dois anos de carência e taxas de juros reduzidas. Para o médio prazo, a carta sugere a criação de um Instituto Nacional do Leite, inspirado no modelo uruguaio do Inale, com a função de planejar a cadeia produtiva e estruturar políticas de longo prazo para o setor.

Segundo Luciana Rafagnin, a cadeia produtiva do leite tem presença em praticamente todos os municípios brasileiros e sustenta milhões de famílias. Na avaliação da deputada, a superação da crise passa por ações coordenadas que considerem o papel econômico e social da atividade no país.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Bem Paraná

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