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22 dez 2025
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A crise do leite no RS expõe gargalos estruturais e testa a capacidade de resposta do Estado 🧩
A crise do leite pressiona a agricultura familiar e leva a Conab a discutir medidas emergenciais no Sul. 🚜
A crise do leite pressiona a agricultura familiar e leva a Conab a discutir medidas emergenciais no Sul. 🚜

A crise do leite no Rio Grande do Sul voltou ao centro da agenda pública com a decisão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de abrir diálogo direto com entidades representativas da agricultura familiar e da cadeia produtiva leiteira do Estado.

A iniciativa ocorre em um momento de forte pressão sobre a renda do produtor, provocada pela queda dos preços pagos ao leite e pelo aumento persistente dos custos de produção.

O presidente da Conab, Edegar Pretto, cumpre agenda em Porto Alegre nesta terça-feira, acompanhado do diretor de Políticas Agrícolas e Informações da estatal, Silvio Porto. O encontro tem como objetivo discutir ações do governo federal para mitigar os impactos da crise do leite, além de apresentar instrumentos que possam oferecer algum alívio imediato ao setor.

Segundo interlocutores ligados à organização da reunião, a principal preocupação das entidades é a deterioração da rentabilidade nas propriedades, especialmente entre pequenos e médios produtores. A combinação de preços deprimidos, margens estreitas e dificuldades de acesso a crédito vem acelerando o abandono da atividade em várias regiões do Estado, um movimento que preocupa tanto cooperativas quanto técnicos do setor.

A crise do leite no Rio Grande do Sul não é um fenômeno isolado. O Estado, tradicionalmente um dos maiores produtores do país, enfrenta desafios estruturais que se agravaram nos últimos anos, como volatilidade de mercado, concorrência com produtos importados, desequilíbrios regionais na captação e dificuldades logísticas. Esse contexto amplia a expectativa em torno do papel da Conab como agente indutor de políticas públicas.

Durante a reunião, a estatal deve abordar instrumentos clássicos de atuação, como compras públicas, apoio à formação de estoques reguladores e mecanismos de sustentação de preços em momentos de excesso de oferta. Embora nenhuma medida concreta tenha sido oficialmente anunciada até o momento, o simples fato de a crise do leite estar sendo tratada no âmbito federal já é visto como um sinal político relevante pelo setor.

Representantes da agricultura familiar defendem que a crise do leite exige respostas que vão além de ações pontuais. Para essas lideranças, é necessário construir políticas mais previsíveis, capazes de reduzir a exposição do produtor às oscilações de mercado e de garantir renda mínima em períodos críticos. A ausência de instrumentos permanentes, avaliam, torna o setor excessivamente vulnerável.

Do lado do governo, a leitura é de que qualquer intervenção precisa considerar os limites fiscais e o funcionamento do mercado. Técnicos próximos à Conab indicam que o desafio está em equilibrar apoio ao produtor sem gerar distorções que comprometam a competitividade da cadeia no médio prazo. Ainda assim, reconhecem que a crise do leite no RS demanda atenção diferenciada, dada sua importância econômica e social.

O encontro também deve servir para atualizar diagnósticos sobre a produção gaúcha, custos médios, volume de oferta e perfil dos produtores mais afetados. Essas informações são consideradas estratégicas para orientar eventuais decisões futuras e calibrar políticas que tenham efetividade real no campo.

Analistas do setor observam que a recorrência da crise do leite revela fragilidades mais profundas da cadeia produtiva brasileira. A dependência de medidas emergenciais, a dificuldade de planejamento de longo prazo e a fragmentação das políticas públicas continuam sendo entraves para a estabilidade do setor. Nesse sentido, a atuação da Conab pode funcionar como um termômetro da disposição do governo em enfrentar o problema de forma mais estruturada.

Para os produtores, no entanto, a urgência é imediata. Com fluxo de caixa comprometido e perspectivas incertas, a expectativa em torno da reunião é de que dela surjam ao menos sinalizações claras sobre os próximos passos do governo. A crise do leite, alertam entidades, não admite respostas tardias.

Ao trazer o tema para a mesa de negociação, a Conab reconhece a gravidade do momento vivido pela cadeia leiteira gaúcha. Resta saber se o debate se converterá em ações concretas capazes de conter o avanço da crise e preservar a base produtiva em um dos principais polos leiteiros do Brasil.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Jornal O Sul

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