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22 dez 2025
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Cepea aponta nova baixa no preço do leite em outubro e cenário segue adverso ao produtor ⚠️
Preço do leite cai 5,9% no mês e acumula perdas relevantes no ano, segundo o Cepea 📊
Preço do leite cai 5,9% no mês e acumula perdas relevantes no ano, segundo o Cepea 📊

O preço do leite voltou a cair no Brasil e confirmou, em outubro, a sétima retração mensal consecutiva, aprofundando um cenário já considerado desafiador para o produtor.

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicam que a Média Brasil fechou o mês em R$ 2,2996 por litro, o que representa uma queda de 5,9% em relação a setembro.

Na comparação anual, o movimento é ainda mais expressivo. Considerando o ajuste pela inflação medida pelo IPCA, o preço do leite registrou uma desvalorização real de 21,7% frente a outubro de 2024. No acumulado de 2025, a perda real chega a 14,1%, evidenciando a dificuldade de recomposição de receita ao longo do ano.

Segundo pesquisadores do Cepea, o principal fator por trás da trajetória negativa é o excesso de oferta no mercado interno. A maior captação de leite pelas indústrias, típica do período, não foi acompanhada por um crescimento equivalente da demanda por derivados lácteos. Esse descompasso tem limitado a capacidade de reação dos preços pagos ao produtor.

Agentes de mercado ouvidos pelo centro de pesquisas avaliam que, nas atuais condições, a tendência de baixa do preço do leite deve persistir até o final do ano. A leitura predominante é de que ainda há produto disponível em volume suficiente para atender a indústria, reduzindo o poder de barganha do produtor na negociação com os laticínios.

Derivados também pressionados

A pressão de baixa não se restringe ao campo. Os preços dos derivados lácteos comercializados pela indústria também recuaram em novembro, marcando o terceiro mês consecutivo de desvalorização. O levantamento, realizado pelo Cepea com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), aponta que o avanço da produção e a demanda doméstica enfraquecida formaram uma combinação desfavorável para o setor industrial.

Na prática, a dificuldade de escoamento de produtos como queijos, leite em pó e manteiga reduz o espaço para reajustes ao produtor, retroalimentando o ciclo de queda do preço do leite. A indústria, por sua vez, busca adequar estoques e margens em um ambiente de consumo ainda cauteloso.

Comércio exterior traz alívio parcial

Em meio ao cenário de preços deprimidos, o comércio exterior apresentou sinais de ajuste. O déficit da balança comercial de lácteos diminuiu em novembro, influenciado principalmente pela redução das importações. O volume importado caiu quase 15% em relação a outubro, somando 182,98 milhões de litros em equivalente leite.

As exportações, embora ainda modestas, avançaram 8,57% no mesmo intervalo, alcançando 4,94 milhões de litros em equivalente leite. Na comparação anual, entre novembro de 2025 e novembro de 2024, as importações recuaram 12,69%, enquanto as vendas externas cresceram 1,25%.

Analistas do setor destacam que, apesar de positivo, o movimento ainda é insuficiente para alterar de forma estrutural o equilíbrio do mercado interno ou sustentar uma recuperação do preço do leite no curto prazo.

Custos sobem e margens encolhem

Se a receita segue pressionada, o mesmo não se pode dizer dos custos de produção. O Custo Operacional Efetivo (COE) do produtor voltou a subir em novembro, com alta média de 0,22% na Média Brasil. De acordo com o Cepea, mesmo com a desvalorização da ração, outros grupos de insumos registraram aumentos e puxaram o indicador para cima.

O comportamento dos custos foi heterogêneo entre os estados. Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul apresentaram elevação do COE, enquanto Santa Catarina e São Paulo registraram leve recuo. Ainda assim, o quadro geral é de compressão das margens, especialmente para produtores menos capitalizados.

A combinação de preço do leite em queda persistente, custos elevados e demanda fraca consolida 2025 como um ano financeiramente difícil para a pecuária leiteira brasileira. Sem sinais claros de reversão no curto prazo, o setor segue atento aos próximos movimentos da oferta, do consumo e do mercado internacional.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de CenárioMT

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