ESPMEXENGBRAIND
29 dez 2025
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🥛 As importações lácteas da China crescem em 2025 e elevam valores pagos, influenciando preços internacionais e estratégias de exportadores.
🚢 Com avanço em volume e valor, as importações lácteas da China voltam ao centro das decisões globais do setor.
🚢 Com avanço em volume e valor, as importações lácteas da China voltam ao centro das decisões globais do setor.

As importações lácteas da China voltaram a crescer em 2025, marcando uma mudança relevante após anos de retração e reposicionando o país como peça-chave no equilíbrio do mercado global de lácteos.

Embora o avanço em volume ainda seja moderado, os números mais recentes indicam um giro estratégico que já começa a influenciar preços internacionais e decisões comerciais dos principais exportadores.

Segundo dados compilados pelo Observatório da Cadeia Láctea Argentina (OCLA), entre janeiro e novembro de 2025 as compras externas chinesas de produtos lácteos aumentaram 2,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, considerando litros de leite equivalentes. O percentual pode parecer contido, mas representa uma ruptura clara com a sequência de quedas registrada desde 2022.

Entre 2022 e 2024, as importações lácteas chinesas recuaram de forma consecutiva, com quedas de 16,5%, 20,5% e 11%, respectivamente. Esse movimento teve impacto direto sobre o comércio internacional, pressionando preços e reduzindo a demanda global. Não por acaso: em 2021, a China chegou a absorver cerca de 25% de todo o comércio mundial de lácteos, com importações equivalentes a aproximadamente 20 bilhões de litros de leite.

O retorno gradual das compras, portanto, volta a colocar o país no centro das atenções do setor. Analistas do mercado destacam que a simples estabilização da demanda chinesa já é suficiente para alterar expectativas globais, sobretudo em um cenário de oferta ajustada e custos elevados de produção em diversas regiões.

Apesar do crescimento acumulado no ano, os dados mensais ainda refletem volatilidade. Em novembro de 2025, por exemplo, o volume importado ficou 3,7% abaixo do registrado no mesmo mês de 2024. O desempenho variou conforme o produto: enquanto os sueros apresentaram leves avanços, a importação de leite em pó desnatado voltou a recuar, sinalizando ajustes finos no perfil de consumo e abastecimento.

Se em volume o avanço ainda é irregular, em valor o movimento é mais consistente. Entre janeiro e novembro de 2025, o valor total das importações lácteas da China cresceu 12,4% em termos interanuais. No mesmo período, o valor médio por litro de leite equivalente aumentou 11,5%, evidenciando uma recuperação de preços que vai além da quantidade física importada.

Esse comportamento sugere que a China voltou ao mercado em um contexto de preços internacionais mais firmes, contribuindo para sustentar cotações e melhorar a rentabilidade dos exportadores. Para muitos países fornecedores, o efeito preço tem sido tão ou mais relevante do que o crescimento em volume.

De acordo com especialistas do setor, o forte recuo observado nos últimos anos esteve associado a uma combinação de fatores. Entre eles, destacam-se os elevados níveis de estoques acumulados após as compras intensas de 2021, os gargalos logísticos herdados da pandemia e um ambiente macroeconômico mais desafiador para o consumo interno.

Em 2025, esse quadro começou a se modificar. A produção doméstica chinesa alcançou maior estabilidade, enquanto a demanda interna passou a dar sinais de reativação. Esse novo equilíbrio reduziu a pressão sobre os estoques e reabriu espaço para a retomada das importações como instrumento de ajuste do mercado.

Para os grandes exportadores globais — como Nova Zelândia, Austrália e Argentina — o novo cenário abre oportunidades, mas também intensifica a concorrência. A maior presença da China tende a sustentar os preços internacionais, mas o acesso ao mercado segue altamente disputado, com exigências sanitárias, logísticas e comerciais cada vez mais rigorosas.

No caso da Argentina, onde os lácteos têm peso significativo nas exportações agroindustriais, a combinação de preços mais altos e demanda externa mais firme pode representar um alívio após anos de elevada volatilidade. Ainda assim, o ambiente exige cautela. A consolidação dessa recuperação dependerá do ritmo do consumo chinês, das políticas comerciais adotadas por Pequim e da evolução da oferta global.

Em síntese, a China volta a movimentar o tabuleiro do mercado lácteo internacional. A retomada das importações não ocorre de forma linear, mas já é suficiente para reordenar expectativas, influenciar preços e recolocar o país no papel de termômetro central do comércio global de lácteos.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de EDairyNews Español

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