Então vamos começar de forma lúdica e criativa, com uma didática que até mesmo as crianças conseguem entender, para isso vou recorrer a nossa amiga Mika, uma garotinha de quatro anos, junto com seus amigos imaginários – Puquê, Blablá, Bru, Javô, Abelhuda e Lilá, descobriram em suas aventuras que o Leite não vem da caixinha. Assista e depois continue a leitura.
Fantástico não é mesmo? Até eu me surpreendo com isso. As vezes esqueço que o leite vem das vacas, principalmente para nós cidadãos urbanos que temos acesso a esta delícia da natureza, apenas quando vamos ao supermercado.
Bem, entendido até aqui que o leite não vem da caixinha, vamos expandir um pouco mais a nossa reflexão sobre o assunto. Se o Leite não vem da caixinha e sim é produzido pelas vacas, QUEM CUIDA DAS VACAS? COMO ELAS SÃO TRATADAS? COMO O LEITE É RETIRADO? COMO ELE É ARMAZENADO? QUANTO CUSTA TUDO ISSO? AI MEU DEUS, EU NEM SABIA QUE ISSO EXISTIA…. Exatamente isso, nem todos sabem que existem muitos processos executados para que o leite seja comercializado. Como podem ver, dariam vários episódios para nossa amiga Mika explicar. Mas vamos continuar a nossa reflexão, para que você consiga entender um pouco mais sobre o complexo mundo leiteiro.
Só tenho uma palavra para expressar meus sentimentos neste momento, LAMENTÁVEL!!!!
Agora que nós já sabemos que o Leite não vem da caixinha e que existe um “SER MITOLÓGICO“, quase um “Semideus”, com habilidades extraordinárias e capacidades incríveis de suportar longas jornadas de trabalho, aguentar pressões comerciais, concorrência desleal e até mesmo dedicar a sua vida inteira a esta amargurante(da forma como se encontra) profissão “PECUARISTA DE LEITE“, simplesmente para que nós, meros mortais, possamos tomar um copo de leite puro. Então podemos dar continuidade.
O economista Paulo do Carmo Martins, chefe-geral da Embrapa Gado Leite avaliou que 2018 foi um ano desafiador para todos os setores da economia brasileira. Nós tivemos em algumas bacias, o leite subindo a R$ 0,20 o litro. E o final do ano agora, tem sido um momento de menor margem para o produtor porque os preços estão caindo vertiginosamente; tanto para o produtor, como também no atacado e no varejo.
Segundo o compêndio, Pecuária Leiteira: “Análise dos Custos de Produção e da Rentabilidade nos Anos de 2014 a 2017”, publicado pela CONAB, entre 2008 e 2016, o Brasil foi responsável, em média, por 7% da produção mundial de leite, o que o coloca na quinta posição em termos de volume. Os quatro maiores produtores no período foram União Europeia (30,47%), Estados Unidos (19,6%), Índia (12,8%) e China (7,21%) que, junto com a produção brasileira, somam 76% do total Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda). A Rússia, o sexto colocado em termos de média produzida, foi responsável por 6,5% da produção. Os países mais populosos do mundo (China e Índia) foram responsáveis por cerca de 20% da Produção leiteira.
Este mesmo estudo aponta que há lentidão no avanço da produção de leite no Brasil, e você sabe por que?
Segundo a entidade, o rebanho leiteiro de vacas ordenhadas no País teve o seu ponto máximo no ano de 2011, com 23,2 milhões de gados. O rebanho foi reduzido nos dois anos seguintes. No ano de 2014, teve um crescimento que chegou pouco mais de 23 milhões de cabeças.
O volume de vacas ordenhadas tem reduzido, chegando ao ponto mínimo no ano de 2016, levando em consideração a série analisada, com 19,7 milhões de gados.
Esta é a análise da CONAB, os números não mentem, mas o que o relatório não aponta com clareza, são as causas fundamentais para que haja esta diminuição considerável no número de animais e consequentemente produtividade, quer saber? Então vamos lá…
Você lembra do depoimento do nosso amigo “Pecuarista de Leite” que assistimos no início da matéria? Bem, se analisarmos com calma o desabafo dele, vamos perceber detalhes importantes em sua fala, um dos principais é a política de preços adotada pelo setor. Como pode a indústria captar toda a demanda produzida e pagar somente depois de 45 dias? E além disso, o preço só é informado 30 dias depois de já ter sido entregue, como assim?
Isso mesmo, as empresas beneficiadoras recolhem o leite produzido e informam quanto vão pagar depois de 30 dias, e o pior de tudo isso, é que esta embasado em Lei (Lei 12.669). Vamos assistir agora mais um depoimento, desta vez da produtora Nilza Menezes, de Viamão/RS, para esclarecer melhor o entendimento sobre os preços pagos ao produtor, acompanhe…
Lamentável não é mesmo? imagine a seguinte situação: Você é um produtor, artista, empresário, autônomo, profissional liberal, não importa a atividade, se eu disser pra você, “VOU LEVAR A SUA MERCADORIA AGORA, DAQUI A 30 DIAS EU VOLTO E FALO QUAL É O PREÇO QUE EU VOU PAGAR, MAIS UM DETALHE SERÁ PAGO APÓS MAIS 15 DIAS E VOCÊ TEM QUE CONFIAR EM MIM PORQUE A LEI ESTABELECEU ISSO”, Qual seria a sua resposta? (cuidado nosso site tem bloqueio para palavras de baixo calão.. kkk). Brincadeiras a parte, a situação é muito séria e como disse antes lamentável.
Agora voltando aos números divulgados pela CONAB, você consegue perceber que outros fatores devem ser levados em consideração para a diminuição da nossa produtividade, como o desânimo por parte dos produtores em se manter na atividade, as políticas públicas que não atendem a demanda do setor e o preço pago ao produtor. Este cenário gerou diversas manifestações como você pode acompanhar logo abaixo, abra em uma nova janela para que você possa ler depois, é importante que continue acompanhando até o final deste artigo:
Não pretendo estender muito este artigo para que não fique cansativo a nossa conversa, na internet existem muitos vídeos compartilhados nas redes sociais com outros depoimentos tão fortes como estes que vimos aqui. É importante que você saiba que a cada 11 min um Pecuarista de Leite deixa a atividade, conforme notícias divulgadas pelas entidades do setor.
Minha intenção é de chamar a sua atenção para uma classe esquecida no tempo, por isso cheguei a usar a expressão “SER MITOLÓGICO“, porque está quase entrando em extinção. Se continuar desta forma como está, sem a intervenção do poder público, será uma profissão esquecida de fato no tempo, uma lembrança, os livrinhos de histórias infantis irão contar “Era uma vez uma fazendinha, e lá viviam um produtor e sua vaquinha…”
Como está escrito no título deste artigo “Pense fora da caixinha”, faça a sua parte e compartilhe este material nas suas redes sociais e se você é jornalista, comunicador, youtuber, liderança política ou não, nos ajude a fazer esta mensagem chegar a outras pessoas, não só produtores, mas à toda humanidade que precisa de leite para sobreviver.