O preço do leite ao produtor deve ter alta de cerca de 2% neste mês na comparação com abril. A estimativa consta do Boletim do Leite de Maio do Cepea (

 

O preço do leite ao produtor deve ter alta de cerca de 2% neste mês na comparação com abril. A estimativa consta do Boletim do Leite de Maio do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, divulgado nesta segunda-feira. O relatório destaca ainda que em abril também houve elevação de 0,10% nos custos de produção em relação a março.

“A sustentação segue vindo da oferta limitada no campo e da maior competição entre indústrias para garantir a compra de matéria-prima”, diz a pesquisadora Natália Grigol, da Equipe de Leite do Cepea.

O movimento de alta nos preços do leite ao produtor, prevê a pesquisadora, deve se manter firme no restante do mês, mas em menor intensidade, como ocorreu em abril.

“Média Brasil”

Na “Média Brasil” líquida, que considera os preços sem frete e impostos dos estados de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS, o preço de abril esteve 14,2% acima do registrado em janeiro sem levar em conta a inflação do período, informa Natália Grigol.

“Ao longo de 2019, os valores no campo têm atingido os maiores patamares da série do Cepea para os respectivos meses. Considerando-se os quatro primeiros meses de 2019, o valor médio do leite supera em 28% o do mesmo período do ano passado, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de abril/19)”, assinala.

De acordo com ela, os derivados lácteos também se valorizaram, mas em menor intensidade frente ao preço da matéria-prima. “Os valores do leite UHT e do queijo muçarela em abril ficaram apenas 1,7% e 1,5%, respectivamente, acima dos observados em janeiro. As médias de janeiro a abril deste ano estão, respectivamente, 8,7% e 12,8%, superiores às do mesmo período de 2018, em termos reais.”

Cotações

A pesquisadora do Cepea completa: “Enquanto as cotações do muçarela em 2019 estão acima dos patamares verificados nos anos anteriores, as do UHT estão abaixo das registradas em 2017 e muito próximas das de 2018. Isso indica a maior capacidade do mercado de queijos em absorver altas em comparação ao mercado de leite fluído – evidenciando o muçarela como um importante derivado no processo de formações do preço do leite ao produtor.”

A aproximação do inverno e do típico período de entressafra pode manter o panorama de captação controlada nos próximos meses, ressalta Natália Grigol. A variável que pode alterar esse cenário, observa a pesquisadora, é a oferta de milho que, associada ao maior poder de compra do pecuarista, tem capacidade de incentivar a produção leiteira.

“No entanto, é consenso de que o momento é delicado para o setor. A cada semana, o Banco Central diminui suas expectativas sobre o crescimento do Produto Interno Bruto [PIB] do Brasil”, afirma Natália Grigol.

“A estagnação econômica e o consumo enfraquecido impulsionam as empresas a acirrar a concorrência também nas vendas de derivados, na tentativa de assegurar suas margens e manter (ou expandir) seus shares de mercado. Assim, o repasse da alta matéria-prima para o consumidor tem sido dificultado e as indústrias, com margens espremidas, devem pressionar o segmento produtivo”, sublinha a pesquisadora.

Diante desse cenário, alerta Natália Grigol, é importante que o pecuarista se mantenha informado e aproveite o momento de melhor receita para se planejar com cautela. “Também é essencial que a relação entre produtor e indústria se fortaleça para evitar que as especulações e ruídos de informação prejudiquem as atividades no longo prazo.”

Custos de produção

Já os custos de produção da pecuária leiteira registraram ligeira alta em abril, acrescenta Yago Matias, também pesquisador do Cepea. “O Custo Operacional Efetivo (COE), que considera os desembolsos correntes das propriedades, aumentou 0,10% frente a março na ‘média Brasil”, composta por BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP. Mesmo com esse pequeno aumento, a alta nos preços do leite tem favorecido a relação de troca – em abril, o preço médio líquido do leite pago ao produtor, na “média Brasil”, foi o maior para o mês, desde o início da série histórica, iniciada em 2004”.

Naquele mês, lembra Yago Matias, foram necessários 24,41 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg de milho, 9,4% a menos que em março/19. “Já no comparativo com abril do ano passado, a retração foi de 29,2%, quando o cereal tinha média de R$ 39,92/saca.”

O leve aumento no COE foi influenciado principalmente pela elevação de 1,53% nos preços de adubos e corretivos no mesmo período, constata Yago Matias. Segundo ele, essa valorização, por sua vez, é reflexo da alta do dólar frente ao Real e do acréscimo gradativo da demanda destes insumos para a safra 2019/20 de grãos.

“Além disso, a alta de 0,41% nos preços dos insumos de suplementação mineral também contribuiu para o avanço do COE. Com a proximidade do período seco, quando há menor disponibilidade de nutrientes e a produtividade das pastagens diminui no Brasil central, produtores tendem a aumentar a participação dos suplementos minerais na dieta dos animais”, salienta o pesquisador.

Paralelamente, o concentrado – um dos principais componentes dos custos das propriedades leiteiras do Brasil – se desvalorizou 0,68% entre março e abril, atenuando o aumento do COE, diz Yago Matias. “Esse efeito está atrelado à expectativa de uma safra de grãos volumosa, que pressiona as cotações do milho”.

Empresa assumiu fábrica em 2020 e, quase cinco anos depois, comemora aumento não apenas do tamanho da planta, mas de postos de trabalho e de capacidade de processamento de leite.

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