“Esses elementos jogaram pressão nos iogurtes e nos fizeram refletir sobre possíveis formas de retomar o crescimento”, diz Mauricio Camara, presidente da divisão de lácteos e bebidas de base vegetal. Essas possíveis formas, diz Camara, foram traduzidas em inovação. A mudança vista na geladeira dos supermercados teve reflexo positivo nos resultados. A empresa, que não apresentava crescimento desde 2015, registrou alta de dois dígitos no primeiro semestre de 2019.
Neste período de transição, que vem acontecendo há pelo menos dois anos, a Danone decidiu realizar três principais mudanças: horizontalizar processos, usar tecnologia para analisar o comportamento do consumidor e lançar produtos saudáveis sob demanda. Camara conta que o primeiro passo foi mesclar equipes de diferentes áreas para trabalhar em projetos desde o início. “Antes, passava-se o briefing e depois havia muito retrabalho. Hoje, todos sentam juntos na mesma mesa”, diz.
A ideia é aproveitar tendências e não perder oportunidades. Eduardo Gagliardi, vice-presidente da Danone, conta que a tecnologia foi importante para esse movimento. Agora, a empresa usa ferramentas relativamente simples, como Google Trends e Facebook Insights, para identificar tendências e semear novas ideias, além da aplicação de conceitos como metodologia ágil nos times de tecnologia e hackhatons para lançamento de produtos. Gagliardi conta que o processo de inovação ficou três vezes mais rápido. “Hoje fazemos em 4 meses o que levava um ano”, diz.
O tradicionalíssimo Danoninho ganhou versão orgânica, sem corantes, aromas artificiais e com 70% menos açúcar. A Danone também lançou um achocolatado 100% vegetal, a linha Activia com opções sem lactose, além de chás e refrigerantes “saudáveis”. Segundo Camara, as mudanças demandaram um investimento de R$ 250 milhões. “Nossa missão era adaptar o portfólio ao mercado de saúde”, diz.
A Danone mudou a comunicação: o departamento de inovação se uniu ao setor de marketing e parou de investir em publicidade em canais de televisão. Agora, somente em meio digital.
Segundo o executivo, a empresa cometeu falhas estratégicas. “Lançamos produtos nos canais errados e por isso achávamos que o problema estava no produto. O erro era não colocar o produto onde o consumidor estava”, diz.
Mesmo assim, ele encara as dificuldades como aprendizado. “Hoje, o acertar e errar é muito mais frequente. São tendências voláteis, que se movimentam rapidamente. Acertar e errar vai ser a dinâmica das novas empresas.”