O custo de produção do leite, em Minas Gerais, apresentou alta de 1,87% em outubro, na comparação com setembro, conforme o Índice de Custos de Produção de Leite (ICPLeite), calculado pela Embrapa Gado de Leite. O aumento foi puxado, principalmente, pela elevação do grupo de concentrado (4,37%), que inclui itens voltados para a alimentação, como o milho e a soja.
Na comparação de outubro com setembro, além do aumento no grupo de concentrado, que tem maior peso na constituição dos custos totais, contribuíram também para o aumento os gastos mais elevados com sal mineral, que variou 9,8%, seguido por qualidade do leite, 3,41%, e produção e compra de volumosos, 0,26%. O grupo sanidade retraiu 1,51% e energia e combustíveis apresentou queda de 2,93%. Já mão de obra e reprodução mantiveram-se estáveis.
De acordo com o analista da Embrapa Gado de Leite, Denis Teixeira da Rocha, o aumento verificado no grupo de concentrado se deve à alta demanda internacional e nacional pelos grãos. Os casos de Peste Suína Africana (PSA) na China e a guerra comercial entre o país asiático e os Estados Unidos têm ampliado a demanda pelos grãos e pela carne brasileira, o que vem alavancando os preços tanto do milho e da soja como das proteínas animais.
“Com o real desvalorizado frente ao dólar, as exportações de milho e soja têm se tornado mais interessantes”, explicou Rocha.
O aumento do custo do leite vem em um momento de queda dos preços, o que pode desestimular a produção. De acordo com a pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço pago ao produtor, em outubro, referente ao leite captado em setembro, foi de R$ 1,37 por litro na média líquida de Minas Gerais, queda de 1,39% em relação ao mês anterior.
Abate mais atrativo – Com os preços do leite em queda e a demanda por carnes em alta, incluindo a bovina, a tendência, caso o mercado do leite não reaja, é de que os pecuaristas abatam fêmeas.
“A arroba do boi gordo está muito valorizada e, isso, acaba puxando o mercado de vacas. O momento é propício para o pecuarista aproveitar e retirar animais menos produtivos do rebanho do leite. Assim, ele consegue fazer caixa com os animais. A arroba, em alguns lugares, está em torno de R$ 200. Ao optar pelo abate das vacas menos produtivas, ele transforma um custo em fonte de renda nos momentos mais difíceis de mercado”, disse.
Apesar do aumento dos custos em outubro, o índice no acumulado do ano continua apresentando deflação: 0,03%. Cinco grupos apresentaram variações positivas e três, negativas. A maior alta é do grupo de energia e combustível, 12,93%. Em seguida, o grupo qualidade do leite aparece com aumento de 4,56%, sal mineral, 3,06%, reprodução, 1,27% e sanidade, 0,90%. Foram verificadas quedas nos grupos produção e compra de volumosos (3,7%), concentrado (0,71%) e mão de obra (0,36%).
De acordo com os dados da Embrapa Gado de Leite, nos últimos 12 meses, o custo de produzir leite diminuiu 2,06%. Os grupos que contribuíram para a retração foram produção e compra de volumosos (-3,84%), concentrado (-3,83%) e mão de obra (-1,66%). Os demais apresentaram alta. Em qualidade do leite, o custo subiu 7,15%, sal mineral, 2,82%, sanidade, 1,88%, energia e combustível, 1,83%, e reprodução, 1,27%.
“A partir de julho, os preços do leite apresentaram queda e os insumos começaram a subir. A relação de troca para o pecuarista está complicada e o produtor não se sente estimulado em produzir muito, freando a produção. No momento, a oferta e a demanda de leite estão muito ajustadas. A produção não está alta por desmotivação do produtor, e, ao mesmo tempo, o consumo ainda está menor do que o esperado, devido à economia enfraquecida e ao menor poder de compra do consumidor”, explicou Rocha.