O texto bem que poderia se chamar “Conforto animal e o mercado do leite, tem conexão?”, mas a moda do momento é o sistema Compost Barn.

 

O texto bem que poderia se chamar “Conforto animal e o mercado do leite, tem conexão?”, mas a moda do momento é o sistema Compost Barn. Por ser um tipo de confinamento de grande adesão nos últimos anos, é natural avaliar os efeitos do conforto animal de fazendas já consolidadas nesse sistema, mas o objetivo principal é identificar as influências no mercado de quaisquer sistemas que propiciem conforto por meio da intensificação do manejo de vacas em produção.

Animais semi-confinados ou em sistemas intensivos a pasto são submetidos, na maioria das fazendas, a momentos de desconforto. Seja por excesso de barro no período de chuvas, ou por calor intenso em que as áreas de sombra, mesmo que bem dimensionadas, não são capazes de resfriar adequadamente os animais.

No momento, a redução do número de produtores brasileiros tem sido muito comentada em análises conjunturais e tem se intensificado na medida que a exigência por qualidade ganha formato de lei. A conclusão breve que se chega é que o impacto de mercado desse movimento seria de restrição na oferta de leite.

Analisando os dados de uma fazenda parceira no sul de Minas Gerais que migrou da produção semi-intensiva para o sistema Compost Barn em 2016, dá para se ter uma ideia das tendências: Em 2015, o produtor fechou o ano com média de produção diária de 1.288 litros, sendo a média por animal de 19 litros por dia. Seus índices de qualidade tiveram, em média, no mesmo período, os seguintes resultados: Contagem Bacteriana Total (CBT) 12 mil UFC/mL; Contagem de Células Somáticas (CCS) 430 mil cél/mL; Gordura 3,45 e Proteína 3,22.

Em 2018 levantamos os dados médios da mesma fazenda. Em conversa com o parceiro, ele afirmou que não houve qualquer investimento na aquisição de animais e que somente fez um segundo galpão devido a “melhor reposição e o menor descarte” de vacas. A média de produção total diária foi de 2.809 sendo que a média por animal atingiu 27 litros. Os índices médios de qualidade foram: CBT 10; CCS 225; Gordura 3,89 e Proteína 3,45. Nota-se que até mesmo a produção de sólidos foi favorecida pelo melhor manejo nutricional e principalmente pela redução do estresse térmico.

Logicamente, esse é um exemplo individualizado, que não representa o melhor resultado da troca de um sistema de produção e também passa longe de ser o pior. Mas pode ser utilizado como um balão de ensaio mais atualizado do que os dados oficiais para traçar tendências.

Estamos diante de uma unidade de produção que obteve melhora considerável em todos seus indicadores e que está produzindo 118% mais leite por dia em um espaço de três anos.

O incremento vem acompanhado de outras benesses: melhor preço médio pelo produto por conta da qualidade, melhor evolução do rebanho pela menor necessidade de descarte e pela chegada mais rápida de novas matrizes, menos doenças como mastites e problemas de casco, menor gasto com medicamentos, mais estabilidade na produção com menores variações sazonais, dentre outras questões.

Essa transformação no mercado brasileiro ocorre em um grupo de produtores que já tinham produção e produtividade bem acima da média nacional. Considerando dados do IBGE em 2018, somente para cobrir o incremento de produção dessa fazenda, seria necessária a saída de 19 produtores do mercado formal.

Isso mostra o porque da produção se manter crescente mesmo com a debandada gradual de produtores menores que não conseguiram se adequar a profissionalização e ao ganho de qualidade. Na verdade, o mercado não está os excluído, a inviabilidade da baixa tecnologia e da ausência de escala está tornando cada vez mais distante a realidade do produtor ineficiente das fazendas que estão evoluindo.

Quem optou antes por migrar para sistemas que priorizam o conforto animal “vai beber água fresca”. A sensacional taxa de retorno do investimento das fazendas que se transformaram nos últimos cinco anos tende a se achatar pelo simples fato do conforto gerar mais leite para o mercado.

É claro que existem outros fatores capazes de aumentar ou reduzir a produção total em determinado momento e esses fatores continuarão flutuantes. Porém é inegável que estamos diante de um fator agregador de volume total que se manterá crescente por um bom tempo, independente de tendências pontuais de mercado. Não há argumento para não investir em conforto.

Que fique claro que esse raciocínio não é em defesa desse ou daquele sistema de produção. É possível elevar a régua de conforto animal em qualquer sistema e a viabilidade econômica é inquestionável.

Conforto animal dá retorno e aumenta volume, a ponto de impactar em dados nacionais de oferta de leite e suas consequências de mercado.

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