Em entrevista ao Giro do Boi desta terça, 04, o doutor em medicina veterinária pela universidade Justus-Liebig, da Alemanha, Iveraldo Dutra, professor da Unesp em Araçatuba-SP

Em entrevista ao Giro do Boi desta terça, 04, o doutor em medicina veterinária pela universidade Justus-Liebig, da Alemanha, Iveraldo Dutra, professor da Unesp em Araçatuba-SP, chamou atenção do pecuarista para a periodontite bovina, uma doença que quando em estágios avançados é conhecida também como cara inchada. “É uma inflamação que dá na gengiva e no osso alveolar, o osso que sustenta o dente, […] provoca dor, o afrouxamento do dente, e este dente começa a gerar uma dor insuportável”, detalhou o especialista.

Quando acometido por esta dor, o animal expressa a doença na balança, alertou Iveraldo. Perda de peso, diminuição da produção de leite e redução da vida produtiva são as consequências da periodontite.

“O animal reduz a ingestão de alimentos, ele não rumina direito. Um bovino faz 17 mil movimentos ruminatórios, mastigatórios por dia para poder aproveitar, transformar o alimento em proteína, apresentar para a microbiota do rúmen dele. Então ele precisa do dente. O dente é uma máquina de triturar o alimento para apresentar para as bactérias do rúmen e para ter energia, para ter proteína, os minerais e assim por diante”, contextualizou o professor.

“Isso então implementa um prejuízo que nós não conseguimos mensurar claramente, mas que é fácil de ser verificado”, informou. Iveraldo recomendou que o produtor que suspeita de perda de desempenho do gado por conta da periodontite pode solicitar a visita de um médico veterinário para confirmar o problema. Conforme exemplificou o professor, isto pode ser feito separando os cinco animais do fundo da boiada e cinco animais de cabeceira para efeitos de comparação e levá-los ao curral para observação pelo profissional capacitado.

O problema pode ser desencadeado por mudanças na dieta do gado, sobretudo quando esta se torna mais energética, por isso o problema é observado com maior frequência em sistemas intensivos, com a integração lavoura-pecuária. “Nas áreas de integração lavoura-pecuária o problema incide com uma gravidade que é fenomenal, a gente fica assustado de ver”, sustentou Iveraldo. A situação ocorre porque são introduzidos na flora bucal dos animais novos elementos que podem potencializar a proliferação de bactérias específicas que causam a gengivite e, com o agravamento, o quadro de periodontite. A situação pode reduzir em até 30% o ganho de peso dos bovinos, conforme confirmou o veterinário.

“Estou sendo bem conservador porque as perdas nos 44 ou 45 milhões de bovinos que a gente abate por ano […] são um pouco difíceis de serem mensuradas. […] É uma doença silenciosa, ela é crônica e ela fica incidindo com diferentes intensidades em cada momento, depende da chuva, depende do pasto, depende de qual é a dieta que o animal tem, uma série de circunstâncias,” salientou.

O especialista apresentou alguns resultados de suas pesquisas para descobrir formas de evitar a progressão da periodontite. “Umas das estratégias é o uso da virginiamicina, que a gente testou. Esse produto se revelou de uma maneira fantástica no controle das gengivites, que são as formas precursoras das doenças periodontais, da periodontite. Então eu evito o mal na raiz, na origem dele, que é o começo da infecção”, observou.

Segundo Iveraldo, a solução deve ser avaliada em conjunto com um médico veterinário para que se faça o uso responsável do antibiótico.

Veja a entrevista completa com Iveraldo Dutra pelo vídeo abaixo:

 

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