Presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, afirmou que os árabes estavam investindo muito no suprimento interno de alimentos

Presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, afirmou que os árabes estavam investindo muito no suprimento interno de alimentos

A pandemia de coronavírus está trazendo grandes oportunidades de negócios com os árabes ao Brasil, afirmou o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, durante o programa Agro 360, no canal Terra Viva, do Grupo Bandeirantes, na noite desta segunda-feira (11).

Os árabes, segundo Hannun, estavam investindo muito no suprimento interno de alimentos. “Com a pandemia, eles congelaram esses investimentos para voltar a comprar alimentos principalmente do Brasil, então voltamos a ter mais oportunidades de vender alimentos com valor agregado e produtos complementares para a produção deles”, afirmou.

Mas o momento de quarentena mundial também trouxe alguns obstáculos, disse Hannun. “Estamos estudando desde 2015 a possibilidade de haver rotas marítimas diretas para os países árabes. Agora isso se mostra urgente e prioritário. A Câmara Árabe está dando prioridade para a instalação dessas rotas marítimas, porque eles têm essa necessidade de garantir os envios dos alimentos para lá”, disse.

Outro desafio é a maior agilidade no processo de exportação. “Estamos implementando a certificação digital em mais países árabes, ela veio pra ficar pois encurta em 15 dias o prazo, diminui o custo e cumpre um papel social importante, porque o produto fica mais acessível aos consumidores árabes”, disse Hannun. Um terceiro desafio é, segundo ele, uma maior demanda de produtos. “Estamos trabalhando para encontrar novos fornecedores para os Emirados, Bahrein e Egito, que estão demandando mais produtos”, declarou.

Hannun disse também que o Brasil está garantindo que o fluxo de alimentos aos árabes não pare. “Tudo isso é uma responsabilidade social nossa, principalmente com nossos fiéis compradores, eles sempre nos viram assim, então eles esperam essa reciprocidade e essa postura do Brasil é excelente, é isso que constrói uma relação”, declarou.

O professor de Agronegócio Global no Insper, Marcos Jank, disse que as regiões mais vulneráveis na questão da segurança alimentar no mundo hoje são os países árabes e a África Subsaariana, porque dependem muito das importações de alimentos. “A postura que o Brasil teve dizendo que vai ajudar a levar alimentos para esses países nesse momento difícil é muito importante, uma postura muito corajosa, vamos ajudar a manter a segurança alimentar. Somos o país mais importante para o abastecimento de agro nos países árabes”, declarou.

Um estudo sobre segurança alimentar da Câmara Árabe está analisando a complementariedade das demandas. “Este é um projeto estratégico para nós e para os árabes, porque trata do assunto fundamental que é a segurança alimentar. Temos os recursos naturais, a expertise que o mundo já conhece, e eles têm os recursos financeiros. Nós precisamos atrair os recursos para produção e logística. A internacionalização das empresas também é importante porque à medida que temos mais empresas brasileiras nos mercados árabes, isso abre caminho. Não pode ser uma relação só de compra e venda, tem que ser uma via de mão dupla”, disse Hannun.

A relação com os árabes, segundo Hannun, também pode trazer mais benefícios para o mercado agrícola relativos a empregos. “Temos mais de quatro milhões de empregos diretos gerados pelo agronegócio, e podemos gerar muito mais com investimentos dos árabes”, disse.

Ele ainda anunciou a abertura de dois novos escritórios internacionais da Câmara Árabe, que devem ser inaugurados até o fim do ano, um no Cairo, no Egito, e um em Riad, capital saudita.

Entre os produtos que podem crescer ou ser adicionados à pauta de exportação para os árabes, foram citados o feno, o grão de bico, as frutas e hortigranjeiros. “Podemos exportar tecnologia, pesquisa e inovação, e eles podem investir na nossa estrutura, eles têm necessidade de alimentar a população nas próximas décadas, e nós podemos desenvolver a infraestrutura necessária capaz de transformar o Brasil, com custo de produção menor e maior capacidade competitiva”, disse o deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, no programa.

O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti, disse que o Brasil está comemorando safra recorde este ano, com mais de 250 milhões de toneladas. “Mantemos contato com nossos parceiros árabes, encaminhamos proposta de projeto para os Emirados para discutir essa parceria principalmente na genética adaptada à questão do clima, estamos mantendo contato com esses parceiros”, afirmou.

Em depoimento gravado em vídeo, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, afirmou que o ministério tem conversado sobre cooperação na área de tecnologia de desenvolvimento com a Embrapa e os Emirados Árabes e que tem conquistado abertura para vários produtos do agronegócio.

Participaram também do programa Agro 360 “A diversificação dos produtos brasileiros no mundo árabe” no canal Terra Viva na noite desta segunda-feira (11), ao vivo por videoconferência, O CEO da empresa de proteína animal BRF, Lorival Luz, e o diretor-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.

O programa também contou com depoimentos gravados de Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara Árabe; Jacyr Costa Filho, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Cosag/Fiesp); Silvia Helena Galvão de Miranda, professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e vice-coordenadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), e Khaled Hanafy, secretário-geral da União de Câmaras Árabes.

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