Os valores divulgados representam uma queda de 7,56% no preço do leite, em relação a abril. A atividade vem perdendo atrativos e gerando descontentamento
A estimativa do valor de referência projetado para o leite em maio é de R$ 1,2089, no Rio Grande do Sul. Os números foram divulgados nesta terça-feira, 26, pelo Conseleite e considera os primeiros dez dias do mês. O que representa uma retração de 7,56% em relação ao consolidado de abril, que fechou em R$ 1,3077.
Segundo o professor da UPF Marco Antônio Montoya, os números refletem o impacto da pandemia de coronavírus no consumo e na produção. Depois de seis meses de alta de preços e de um pico ocasionado pelo movimento das famílias ao estocarem leite no início da pandemia, agora, verifica-se consumo mais comedido. “Essa pandemia alterou muito o mercado. Estamos em um período de incertezas absurdas e que não acontece apenas no RS, mas nos outros estados também”, pontuou.
Apesar da profissionalização na gestão e do trabalho pela redução de custos, a pandemia preocupa os produtores. A atividade vem se tornando pouco atrativa com margens muito ajustadas, gerando descontentamento no meio rural.
Segundo o presidente do Conseleite, Rodrigo Rizzo, o mercado retraído agrava as dificuldades no campo, onde se vem operando com custos impactados pela variação cambial e muitas incertezas. “Precisamos trabalhar no Conseleite pelo entendimento entre indústrias e produtores”, frisou.
O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, pontua que as dificuldades se estendem à indústria, que também enfrenta custos elevados em função da pandemia e depende da negociação dos produtos junto ao varejo. Guerra citou as oscilações de mercado e a necessidade de se ver o setor lácteo como um todo, composto por um vasto mix de produtos.
“Estamos todos juntos em um mesmo setor. O mercado está passando por grande volatilidade, subindo e baixando dentro de um mesmo período. O Conseleite nos dá uma referência nos primeiros dez dias do mês, mas as empresas precisam avaliar o cenário ajustado dos 30 dias”, frisou.
Guerra lembrou que, apesar do aumento do consumo doméstico, o que se verifica é uma queda gigante na comercialização para hotéis, restaurantes e bares.