Proprietárias de pequenas fazendas, as tradicionais famílias queijeiras da Serra da Mantiqueira comemoram um grande feito neste mês de junho. O Governo de Minas, por meio do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), vinculadas da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), identificou dez cidades da região como produtoras de queijos artesanais.
Entre os municípios está Alagoa, agora reconhecida como produtora de “Queijo Artesanal de Alagoa”, e Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Liberdade, Itanhandu, Passa Quatro e Pouso Alto, como fabricantes de “Queijo Artesanal Mantiqueira de Minas”.
A identificação das regiões foi possível após caracterização e estudos da Emater-MG com as associações dos produtores de Alagoa (Aproalagoa) e da Mantiqueira de Minas (Apromam). O próximo passo será a determinação do padrão de identidade e de qualidade dos queijos para elaboração dos regulamentos dos produtos. Depois desse processo, os produtores podem solicitar junto ao IMA o registro das queijarias e, posteriormente, o Selo Arte para a venda dos queijos em todo o território brasileiro.
O diretor-geral do IMA, Thales Fernandes, destaca o esforço para a regulamentação das iguarias. “As portarias atestam nosso compromisso firmado. A conquista é fruto da parceria com Emater-MG e Embrapa, que se dedicaram frente a estudos e pesquisas”, reconhece.
Características
Os queijos artesanais da Mantiqueira são diferentes do Queijo Minas Artesanal (QMA) no modo de fazer. Eles utilizam fermento e ainda são aquecidos durante a produção. As sete tradicionais regiões produtoras de QMA são Araxá, Canastra, Campos das Vertentes, Cerrado, Serra do Salitre, Serro e Triângulo Mineiro. Outras localidades de Minas estão sendo reconhecidas nas produções de queijos artesanais.
De acordo com dados da Emater-MG, a cidade de Alagoa possui 139 queijarias artesanais, totalizando uma produção anual de 58,4 mil toneladas de queijo em 2019. Nos outros nove municípios da Mantiqueira de Minas, a produção foi de 119 milhões de litros de leite no ano passado, sendo parte destinada à elaboração de queijo artesanal por agricultores familiares.
História
Há um século, em 1920, o italiano Paschoal Poppa e sua esposa Luiza Altomare Poppa pisaram pela primeira vez em Alagoa, na Serra da Mantiqueira. Os pastos chamaram a atenção do casal imigrante e se tornaram berço para o gado fornecer o leite ao que viria a ser um queijo artesanal especial. A ideia do casal nasceu da percepção das semelhanças climáticas da região da Mantiqueira com as terras italianas.
A altitude, o clima, a geologia, a água e o pasto, somados ao saber, conferiram singularidade aos queijos. Hoje, a iguaria movimenta a economia da região, além de contribuir com o desenvolvimento social, melhorando a vida dos habitantes locais.