A política externa brasileira é marcada, desde a eleição de Bolsonaro e a posse de Ernesto Araújo como ministro das Relações Exteriores, por um realinhamento do País em relação aos EUA.

A política externa brasileira é marcada, desde a eleição de Bolsonaro e a posse de Ernesto Araújo como ministro das Relações Exteriores, por um realinhamento do País em relação aos EUA. Muitos críticos – incluindo praticamente todos ex-chanceleres do período democrático – criticam essa nova postura. O Reconta Aí relembra sete momentos em que o interesse nacional foi prejudicado em razão de decisões diplomáticas ou que tenham repercussão internacional.

Guerra comercial

Em meio à guerra comercial entre China e os EUA, o Brasil adotou uma postura pública em defesa do país governado por Donald Trump. Em 2019, o governo chinês reduziu momentaneamente as importações de soja brasileira. Naquele mesmo ano, o principal baque para os produtores nacionais foi o avanço de acordos entre as duas potências.

Os chineses criaram uma cota para a soja dos EUA. Em outras palavras, facilitaram a entrada – com redução de cobrança de tributos – do grão produzido pelos americanos, o que gerou uma dificuldade antes não existente para o produtor brasileiro.

OMC e OCDE

O Brasil abriu mão voluntariamente do status de país em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC). O status permite que determinado país tome medidas vedadas aos países considerados desenvolvidos, como ações para proteger os produtores locais contra agricultores de países mais avançados, que produzem em condições mais favoráveis.

A renúncia ao status, segundo o governo, era uma contrapartida para a entrada do país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) por indicação dos EUA, grupo que junta os países mais desenvolvidos do mundo. Para muitos, a entrada na OCDE traria mais desvantagens do que vantagens, tendo, para um país como o Brasil, efeito mais simbólico do que concreto.

De qualquer forma, a indicação dos EUA não ocorreu. Resumo: não ficamos com nenhuma possível vantagem e ganhamos algumas novas desvantagens no comércio internacional.

Constrangimento ambiental

Desde o desejo de “passar a boiada” do ministro Ricardo Salles, passando pelos recordes em queimadas e chegando na revelação do vídeo em que Bolsonaro defende sem constragimentos a exploração da Amazônia para o ex-vice presidente dos EUA Al Gore, a pressão internacional sobre a questão ambiental, tema em que o Brasil figurava como protagonista no mundo, tem repercussões negativas para a economia brasileira.

Pressionados por seus consumidores, países – principalmente europeus – têm apertado o cerco contra a gestão ambiental brasileira, sob a ameaça de boicote tanto na compra de produtos brasileiros quanto no corte de investimentos internacionais no País. Um dos principais setores que podem ser afetados é o agronegócio.

Perda de compra de equipamentos na pandemia

Apesar de toda amizade que Bolsonaro pensa existir entre Trump e ele, o presidente dos EUA não hesitou em praticar uma espécie de leilão para a compra de equipamentos chineses, como respiradores.

Apesar de contratos fechados entre Brasil e China, o valor oferecido pelos norte-americanos impediu que os equipamentos requeridos pelo Ministério da Saúde chegassem ao país.

Tarifa do Leite

No início do governo, chegou-se a anunciar o fim da tarifa antidumping aplicada a importações de leite em pó oriundas da União Europeia e da Nova Zelândia. Seis dias depois – após grande reclamação do setor pecuário à ministra da Agricultura, Tereza Cristina – um reajuste em outras taxas de importação foi anunciado para proteger o setor nacional.

Venda da Embraer

Na aquisição da Embraer – uma das principais empresas do País – pela Boeing, dos EUA, o governo não utilizou nenhum dos mecanismos que poderia utilizar para impedir a transação e manter a companhia sob controle de capital nacional. Ao final, a aquisição minguou por conta das dificuldades financeiras e comerciais enfrentadas pela Boeing e a consequente retirada de interesse no negócio por parte da estrangeira.

Armas, base e intervenção

As relações do governo com o complexo militar-industrial dos EUA chegaram a incomodar um dos principais pilares de sustentação do Planalto: as Forças Armadas. Tanto a hipótese de intervenção armada na Venezuela como a instalação de uma base dos EUA em território nacional foram rechaçadas pelos militares brasileiros.

De outro lado, setor econômico que tem ganhado força pela política pró-armamentista de Bolsonaro, os fabricantes de armas apresentam cada vez mais desconforto com a ideia de integrantes do Planalto de facilitarem a importação de armas dos EUA, ou até mesmo instalar fábricas de empresas daquele país no Brasil.

Companhia do interior de São Paulo deve faturar mais de R$ 1 bilhão e descarta boatos de venda; mirando um eventual IPO, o plano é crescer com M&As, com dois negócios já no gatilho.

Você pode estar interessado em

Notas
Relacionadas

Mais Lidos

Destaques

Súmate a

Siga-nos

ASSINE NOSSO NEWSLETTER