O que já estava seco por causa da estiagem, foi queimado pela geada.
Geada diminui oferta de alimento para o gado e causa queda na produção do leite
O frio intenso tem desafiado a vida do produtor rural. Para os criadores de gado, a geada das últimas semanas prejudicou a produção de leite no Sul de Minas. Isto porque, o capim que servia de alimento para o gado foi perdido com o impacto das baixas temperaturas. O que já estava seco por causa da estiagem, foi queimado pela geada.
Em uma propriedade rural do Sul de Minas, a temperatura chegou a -8°C na semana passada. Segundo o produtor rural, houve queda de 10% na produção do leite em sua propriedade.
“Eu nunca tinha visto isso não. Meu avô tem fazenda aqui há quase 60 anos e já me relatou esse tipo de coisa, mas a gente nunca tinha visto isso aqui”, contou Luiz Carlos Medeiros Júnior, produtor de leite.
Segundo Marcelo Simão da Rosa, doutor em zootecnia, o frio afeta os bovinos com intensidades diferentes. Os animais estão adaptados a um clima mais quente, então a zona de conforto do gado é entre 5°C e 32°C. Fora dessa margem, além de impactar na produção de leite, pode haver perda de animais.
“Os animais passariam a ter grandes mudanças comportamentais, fisiológicas, mudanças imunológicas para enfrentar o frio e evitar sua hipotermia. Chega um ponto em que eles não aguentam mais e se entregam e morrem”, explicou Marcelo.
Geada prejudica produção de leite no Sul de Minas — Foto: Reprodução/EPTV
Além da falta de capim para comer, o frio fiz com que o produtor precisasse investir em alimentos para os animais. Por causa da estiagem, o preço dos grãos também refletiu na produção.
“Com o advento da seca e da geada, isso vai prejudicar os pastos e os animais vão alimentar de maneira pior do que sua necessidade. No momento em que ele alimenta pior, ele produz menos e, consequentemente, faz com que os custos do pecuarista leiteiro aumente. Ele vai ter investir em novas suplementações de alimentos para que o animal mantenha seu processo produtivo e isso faz com que os custos encareçam. Com uma menor produção, os custos totais médios vão se elevar”, explicou Renato Fontes, professor de economia da Ufla.