Cidade dos Campos Gerais produziu 323 milhões de litros, o equivalente a quase 1 milhão de litros por dia em 2019, de acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. Com o impulso do município, Paraná se consolida como a segunda maior bacia leiteira do País com 4,4 bilhões de litros por ano.

Tecnologia amplia eficiência e faz de Castro referência nacional na produção de leite. Arkafla. Foto: Ari Dias/AEN© Ari Dias/AEN
A cena chama a atenção. Vacas aguardam em fila indiana o momento de o robô dar os comandos e o portão abrir para iniciar uma das três ordenhas do dia. O processo se repete 24 horas por dia na propriedade dos Rabbers em Castro, nos Campos Gerais, dá a dimensão da automação que tomou conta da produção de leite no Paraná.

Mais tecnologia e menos desperdício. Equação que ajudou a recolocar o Estado no segundo lugar na produção nacional. Foram 4,4 bilhões de litros produzidos em 2018, de acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Minas Gerais lidera com 8,9 bilhões de litros e, em terceiro lugar, está o Rio Grande do Sul, com 4,2 bilhões de litros.

Ascensão que passa necessariamente pela cidade de aproximadamente 72 mil habitantes. Castro lidera a produção brasileira. O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) apontou que o leite responde por 25% da produção do município. Em 2019 foram 323 milhões de litros ou quase 1 milhão de litros por dia.

Desempenho baseado na eficiência e precisão que valeu à cidade o título de capital nacional do leite. “A região de Castro é a mais eficiente do Brasil quando falamos de leite. Só não é a maior em volume por causa do tamanho geográfico”, afirmou o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

“Uma região de alta relevância, padrão elevado de tecnologia, genética, conforto animal, técnicas de manejo e normais sanitárias”, acrescentou.

GERAÇÃO EM GERAÇÃO – Armando Rabbers costuma dizer que a paixão pela pecuária leiteira veio do berço. O pai, um típico holandês, trouxe as primeiras sete vacas holandesas junto no navio em que atravessou o Atlântico para fazer a vida no Brasil.

Clima, pastagem e força de vontade colaboraram para que o negócio desse muito certo. Hoje, Armando comanda um complexo com 154 vacas leiteiras e dois robôs, tecnologia que faz toda a diferença e faria o velho Rabbers corar de tanto orgulho. São 5.700 litros por dia, uma média de 41 litros por animal, encaminhados para a Cooperativa Castrolanda, outro ingrediente para o sucesso do leite na região.

Diante de dois monitores, Armando dá as coordenadas do processo. Com poucos cliques, controla a fazenda na palma da mão. “São três ordenhas voluntárias por dia. As vacas entram na máquina quando têm vontade. O robô é só uma peça a mais”, contou o pecuarista.

O empresário Armando Carvalho é outro a fazer da tecnologia a principal aliada. A esteira com capacidade para abrigar 60 vacas por vez é quem comanda o plantel de 900 animais, responsável pela produção de 35 mil litros de leite por dia. Tudo comandado por máquinas, nos mesmos moldes de Rabbers.

“É como uma linha de montagem. A vaca se desloca enquanto o ordenhador fica parado, como apoio ao processo. Isso nos permitiu otimizar melhor o tempo e expandir”, destacou.

A estrutura, inaugurada em novembro do ano passado, já foi pensada para ser expandida. Tem capacidade de abrigar até 2.500 vacas, o que quase triplicaria a produção da fazenda. “Vamos aumentando devagar”, disse.

SISTEMA – O sistema de ordenha voluntária (VMS) consiste em um braço hidráulico que executa todo procedimento de ordenha sozinho, de forma automática. Identifica a vaca, alimenta, faz a limpeza dos tetos (através de fluxo de água e ar), estimula, tira os primeiros jatos e seca. Feita essa preparação inicia a ordenha. As teteiras são colocadas após o laser identificar o posicionamento dos tetos. Todas as informações vão direto para o computador.

As vacas que saem do VMS são separadas automaticamente. Seguem para pista de alimentação, onde têm acesso à comida, água; ou para área de suplementação, onde se conseguem individualizar o fornecimento de concentrado. Esses caminhos são percorridos a partir de dois portões de seleção, que direcionam os animais, a partir da orientação vinda do robô, que ajuda no gerenciamento em relação à qual precisa ser ordenhada.

TREINAMENTO – A região de Castro se transformou tanto em referência na produção de leite que existe na cidade até um local especializado para treinamentos, o Centro de Treinamentos para Pecuaristas (CTP). Comandado com mão de ferro pelo diretor executivo Enio Karkow, o complexo de 15 hectares oferece cerca de 25 cursos gratuitos por ano, divididos em duas modalidades: um voltado para produtores, estudantes e técnicos e outro para funcionários.

O aluno se hospeda e passa a semana na fazenda, aprendendo as nuances do trabalho. O local conta com aproximadamente 380 vacas e produz 11,2 mil litros de leite por dia. Tudo encaminhado para a Castrolanda, o que permite subsidiar os cursos. Por causa da pandemia, a expectativa é reabrir o centro de treinamento para os alunos em agosto.

“É uma base no Paraná procurada por uma infinidade de pessoas do Brasil inteiro. De maneira muito prática, ensinamos e ajudamos a melhorar a produção de leite”, explicou Karkow.

SÉRIE – O leite de Castro faz parte da série de reportagens Paraná que alimenta o mundo, desenvolvida pela Agência Estadual de Notícias (AEN). O material busca mostrar o potencial do agronegócio paranaense. Os textos são publicados sempre às segundas-feiras. A previsão é que as reportagens se estendam durante todo o ano de 2021.

Nesta segunda parte da entrevista, Damián e Cristina da NZX falaram sobre o Global Dairy Seminar, um evento importante que ocorrerá em alguns dias em Cingapura, e sobre os novos mercados que impulsionarão a demanda por produtos lácteos nos próximos anos.

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