Embora 2021 tenha sido marcado por altos valores pagos pelo leite no campo, isto não refletiu necessariamente em boa rentabilidade para o produtor, uma vez que os custos bateram recordes – e, em 2022, os custos tendem a manter os patamares de 2021, segundo o Cepea-Esalq/USP.
A indústria também teve suas adversidades no período, enfrentando obstáculos para repassar aos derivados a valorização da matéria-prima no campo.
O volume de produção tende a diminuir em consequência do fenômeno La Ñina, que tem causado fortes chuvas no Sudeste e estiagem no Sul, impactando a quantidade e qualidade da pastagem.
Comentário MilkPoint
A certa estabilidade nos preços entre o pagamento de dezembro e janeiro, reflete o equilíbrio (em patamares negativos) entre a oferta e demanda atual de lácteos.
Do lado da demanda, o baixo poder de compra da população tem refletido em um consumo frágil nos últimos meses, acarretando baixo volume de venda por parte das indústrias. Já do lado da oferta, vimos uma forte queda na captação de leite do terceiro trimestre e as indústrias apontam que nos meses finais do ano passado (incluindo dezembro, referente a este pagamento) a tendência foi a mesma.
Para o próximo pagamento de fevereiro (referente ao leite coletado em janeiro) espera-se que se inicie uma nova sequência de aumento dos preços, em consequência da oferta de leite que vem sendo abaixo do esperado em todo o Brasil.
No sul do país, estamos acompanhando um gravíssimo problema de estiagem que tem afetado a produção leiteira diretamente e indiretamente. Concomitantemente, os custos de produção, principalmente os preços grãos, vêm crescendo, desestimulando a produção. Além disso, a entrada de leite via importações tem diminuído e vem sendo cada vez mais menos competitiva.
Caso tenhamos uma melhora do lado da demanda, essa maior procura encontrará certamente uma oferta de leite enxuta, o que pode provocar uma forte elevação nos preços.