O índice de crescimento superou as estimativas do setor, que apostava em uma variação positiva de no máximo 2,5%. Entre os fatores que contribuíram para a alta estão a demanda maior vinda dos setores de pets e carnes bovina, suína e de frangos, com destaque para os produtores que exportam e conseguem minimizar em parte o aumento dos custos.
Já a fabricação de ração voltada para pecuária de leite e de postura apresentou resultado menos expressivo, uma vez que os setores enfrentam altas despesas e comercializam a maior parte da produção no mercado interno.
De acordo com o CEO do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani, 2021 foi um ano de desafios para o setor, que continuou trabalhando com custos elevados, principalmente, dos grãos como milho, soja e trigo e insumos importados.
“O ano de 2021 foi marcado pela continuidade do alto custo de produção, que é global e não exclusividade da produção brasileira. A alta afetou a economia de praticamente todo o mundo. No entanto, no Brasil, a situação se agravou por conta do real desvalorizado frente ao dólar. Com isso, o produtor que destina ao mercado doméstico a maior parte da produção foi muito afetado. Para o agricultor ou pecuarista que exporta, o ano foi excelente, apesar de estar pagando preços maiores pelos insumos. Mas, com o real desvalorizado, o produto brasileiro ganha competitividade frente a outros países, reduzindo o impacto da alta dos insumos”, explicou.
A estimativa para 2022 é cautelosa, já que o ano tende a ser desafiador. Além dos custos de produção ainda altos, o ano é eleitoral, o que gera muita instabilidade no mercado. Outro fator desafiador é o poder de compra da população, que segue reduzido em função do elevado índice de desemprego e impactando a demanda interna pelos produtos de origem animal. Há ainda impactos provocados pelo aumento do dólar, o que deixa os insumos da atividade mais caros.
“Por todos os desafios e baseados nos níveis de produção repassados pelos nossos clientes, esperamos em 2022 repetir o resultado de 2021 e crescer 4,5%”, disse.
De acordo com os dados do Sindirações, a estimativa é de que, no ano passado, tenham sido produzidas 81,2 milhões de toneladas de ração animal, superando em 4,5% as 78 milhões de toneladas vistas em 2020.
Pets em evidência
Dentre os segmentos, o maior incremento foi observado na produção de ração para pets, que pode encerrar o ano com avanço de 10%, superando os 7,4% estimados no início de dezembro pelo Sindirações. Em 2020, foram produzidas 3,09 milhões de toneladas.
Entre os maiores volumes de produção, em 2021, a produção de ração para frango de corte aumentou 4,1%, somando 35,6 milhões de toneladas. Já para as galinhas de postura, a demanda chegou a 7,26 milhões de toneladas de ração, avanço estimado em apenas 1,5% frente a 2020.
“A avicultura de corte apresentou desempenho mais favorável por também atender ao mercado externo. Já a avicultura de postura, mesmo com vendas maiores em função dos preços mais acessíveis para os consumidores, tem o mercado interno como principal. Como os custos de produção aumentaram muito, o setor sofreu e vai crescer menos que os demais”.
Com estimativa de encerrar o ano com recordes em exportações, o setor de suínos demandou mais ração. A produção do item alimentício avançou 5,9% e deve encerrar o ano com um volume de 19,9 milhões de toneladas.
Consumo entre bovinos
Já entre os bovinos, os cenários foram distintos. Enquanto a pecuária de corte apresentou resultados e margens positivos para os produtores, a de leite sofreu com os custos elevados e margem de lucro achatada, pelo produto ser mais direcionado ao mercado interno, onde houve queda de consumo.
Com isso, a estimativa do Sindirações é de um avanço de 4,9% na produção de ração para bovinos de corte, com 5,8 milhões de toneladas, e estabilidade no caso das rações para o rebanho leiteiro, somando 6,4 milhões de toneladas.
“A expectativa que temos, sendo otimista, é que a demanda de ração para gado leiteiro fique estável em relação a 2020, mas é possível que haja retrocesso por conta das dificuldades que o produtor enfrentou. O alto custo de produção veio associado às péssimas condições das pastagens. Produtores menores sofreram muito. A situação foi e continua sendo bastante severa e desafiadora. Minas Gerais concentra a maior parte da produção e foi bastante afetado também”, concluiu.