Alimentação de baixa qualidade faz produtores rurais terem queda de 60% no leite

Alimentação de baixa qualidade faz produtores rurais terem queda de 60% no leite

Foto: Divulgação

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A estiagem vem sendo um problema enfrentado por muitos produtores de leite no estado, já que com uma alimentação de baixa qualidade e pouco nutritiva, as vacas também reduzem sua produção de leite. O produtor rural de Passo Fundo, Edmundo Ficagna, conta que em sua propriedade a queda na produtividade do leite é de cerca de 60%.

Este fato está ligado tanto aos impactos da estiagem como o alto custo de produção que vem deixando-o sem muitas alternativas.

“A casquinha que era R$ 0,80, agora está R$ 1,35 o quilo. A ração que antes era de R$ 70,00 a R$ 80,00 está R$ 100,00. A silagem era de R$ 15,00 a R$ 18,00 e está custando R$ 25,00. Todas essas coisas aumentaram de preço, e o preço do leite segue em torno de R$ 1,83”, detalha Edmundo.

Atuando há mais de 25 anos na produção leiteira, ele também ressalta que não é apenas o valor dos alimentos da vaca que impactam no bolso do produtor, pois há outros custos que cercam essa profissão, como é o caso do óleo diesel e os produtos de limpeza.

“O detergente que a gente ocupa para lavar as ordenhas, o preço dos equipamentos da ordenha, a luz elétrica aumentou. Então se a gente for contar tudo isso, eu não sei se sobram 30% de lucro no meu caso. Isso vai impactando, se antes ganhava mil reais, passou a ganhar R$ 700,00 ou R$ 500,00 no total”, pontua.

“Para os próximos meses se continuar assim vai ser cada vez pior. Como que vai fazer pastagem de inverno? Vai plantar aveia e não vai nascer. O preço da semente em torno de R$ 1,50, tudo só aumenta”, finaliza.

Sindilat/RS

O secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat/RS), Darlan Palharini, comenta que o preço do leite começou a reagir a partir da segunda quinzena de fevereiro em termos de consumo e preço.

“Um fator que acaba trazendo uma sinalização positiva para o mercado do sul é que essa estiagem também atingiu a Argentina e o Uruguai. Esse conflito da Ucrânia e da Rússia também tem acelerado as compras da China, mas é claro que a gente tem uma dificuldade de transporte marítimo”, ressalta o secretário executivo.

Em relação à perda de produtores ele observa que não houve desistências acima da normalidade. “Vamos ter o dado exato quando a Emater fizer um novo levantamento. Talvez até ocorra uma diminuição um pouco maior de produtores até porque nesse momento tem um descompasso em termos de custo ou alimentação com o preço recebido”, enfatiza.

“Se a gente olhar os preços que o produtor recebe nesse ano comparado com o ano passado é maior, mas o custo de produção da indústria e do produtor também está muito alto. Então isso foi o que a gente mais sentiu e é claro que a estiagem é um problema a mais”, acrescentou Darlan.

Além disso, o secretário executivo frisa que a retomada das chuvas vem melhorando bastante as pastagens, no entanto, ele torce para que a geada não venha tão cedo, pois muitos produtores acabaram plantando a pastagem e o milho mais tarde. “Então se nós tivermos geada nos primeiros dias de abril, vai acabar sendo um complicador”, diz.

O diretor destaca que a expectativa é de que o ano de 2022 seja melhor do que foi o  último para o segmento, mas frisa que é preciso gerenciamento.

“Precisa-se trabalhar o gerenciamento da propriedade, já que a margem está na terceira casa do centavo. Isso representa um controle muito forte de custos, como também ter vacas que deem entre 25/30 litros. O produtor precisa aumentar o volume de produção para fazer frente a esse aumento de custo que não deve diminuir em 2022″, finaliza Darlan.

 

À medida que as populações globais continuam a crescer, com projeções que estimam um número impressionante de 10 bilhões de pessoas até 2050, os agricultores de todo o mundo enfrentam um imenso desafio: garantir a segurança alimentar para todos.

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