Nos últimos 10 anos, o país perdeu 500 fazendas leiteiras.
LEITEIRAS

“É como uma sangria que não para”, lamentou o dirigente sindical, o fechamento das fazendas leiteiras persiste e isso gera preocupação.

Nos últimos 10 anos, 500 fazendas leiteiras fecharam no Uruguai, uma adversidade que está longe de ser revertida e que encontrou novos motivos, incluindo um conflito sindical que já dura meses.

Só em maio deste ano, 20 empresas produtoras de leite fecharam, com base em dados compilados pela Comissão Administrativa Honorária do Fundo de Financiamento e Desenvolvimento Sustentável da Atividade Láctea (Ffdsal).

Longe de ser revertido, o fechamento das fazendas leiteiras persiste e isso gera preocupação, uma vez que a produção se concentra em menos propriedades e ao mesmo tempo afeta uma das características mais elogiadas do setor, a capacidade de fixação das pessoas no meio rural.

Fabián Hernández, presidente da Sociedade de Produtores de Leite da Flórida (SPLF), explicou que a referida comissão mantém um controle mensal de quantas fazendas leiteiras estão em operação, já que é responsável por controlar o pagamento do crédito concedido anos atrás.

Nos últimos 10 anos, o país perdeu 500 fazendas leiteiras. “É como uma sangria que não para”, lamentou o dirigente sindical, que assegurou que para o setor se desenvolver é preciso torná-lo atrativo para as novas gerações, com melhorias nas políticas de desenvolvimento, para que haja margens de lucro atrativas e que também é fundamental trabalhar para um melhor acesso aos mercados, com base no fato de que a grande maioria do leite é industrializado e os produtos exportados.

Produção de leite caiu

Justino Zavala, membro da Associação dos Produtores de Leite de Canelones, acrescentou que é “essencial” alcançar um bom resultado para os produtores, em termos de rentabilidade, porque disso dependem as expectativas que os produtores de leite têm em relação ao setor.

“Vimos muitos produtores deixarem o setor leiteiro e a produção de leite caiu 6% no último mês. Se com um preço relativamente bom e um clima que não tem sido de todo ruim temos essa evolução da produção e essa saída de produtores, significa que o produtor não está focado nas expectativas de crescimento do negócio”, refletiu.

Vinte fechados, três abertos

O presidente do Instituto Nacional do Leite (INALE), Juan Daniel Vago, comentou que embora existam várias razões econômicas para que os produtores deixem o campo, o desânimo também foi gerado entre os produtores de leite devido ao conflito na indústria que os afeta “psicologicamente” e não torna o setor atrativo.

Como sublinhou, não se deve olhar apenas para o número de fazendas leiteiras encerradas num mês, mas a sua evolução ao longo do tempo, para que no final do ano seja possível analisar melhor como está o setor. Além dos vinte que fecharam, três abriram em maio. Da mesma forma, o saldo é muito desfavorável, ressaltou.

O presidente do INALE salientou ainda que é importante, para recompor o setor, a formação das novas gerações, para que sejam capazes de gerir as propriedades. “É importante treinar pessoas para administrar as fazendas leiteiras. Fechar uma fazenda leiteira leva 15 dias e abrir um leva cinco anos.”

Um ruim, um bom

Um fato que nesta semana acentuou o desânimo dos produtores é que o preço médio dos lácteos voltou a cair no mercado internacional. Na plataforma Global Dairy Trade, liderada pela neozelandesa Fonterra, a tonelada considerando todos os produtos ficou em média US$ 3.913, queda de 5% em relação à instância de negociação anterior, há 15 dias. O pior é que é a quarta queda consecutiva, acumulando oito semanas com valores em queda.

O positivo são os dados das receitas de exportação: nos primeiros seis meses de 2022, o faturamento recebido das exportações melhorou 25%, com aumentos significativos nos preços de todos os produtos: leite em pó integral e desnatado, queijo e manteiga. A receita acumulada ao final de junho foi de US$ 418,2 milhões, sendo Argélia (30%), China (19%) e Brasil (15%) os principais destinos.

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