Conseleite reduz em mais de 20% o preço de referência para o litro entregue em agosto.
Queda nos preços desestimula produtores | Foto: Wenderson Araujo / Trilux / Divulgação / CNA

O atual cenário desafiador já sinalizava aos produtores que o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Rio Grande do Sul (Conseleite/RS) deveria mesmo apresentar redução no preço do leite recolhido pela indústria em agosto. O que eles não esperavam era que o recuo apontado no levantamento sistemático de custos da Universidade de Passo Fundo (UPF), que norteia a decisão, superasse em mais de sete pontos percentuais os 14,8% previstos pelo próprio conselho ao final de agosto. O valor oficializado pelo grupo nesta terça-feira, para o período, ficou em R$ 2,5920, cifra 21,57% inferior à consolidada em julho, de R$ 3,3049. Já o valor de referência para a remuneração da produção recolhida no campo em setembro teve projeção 12% menor que o valor final de agosto, ficando em R$ 2,2799.

Tão logo foram oficializados os valores, o Coordenador do Conseleite, Eugênio Zanetti, anunciou que levará as dificuldades do setor ao governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior. O assunto será tratado em encontro solicitado pelo Conseleite para também tratar de recursos destinados ao Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite do Rio Grande do Sul (Fundoleite). “É preciso que se encontre uma solução urgente, porque o produtor está vendendo o seu rebanho para pagar seus compromissos”, ressalta Zanetti.

O secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do RS (Sindilat), Darlan Palharini, destaca que o principal motivo da retração é a importação de leite em pó argentino a custo inferior ao do produtor brasileiro. “Não há possibilidade de proibir a importação. O que pode ser feito é adequação dos custos globais”, sugere. Uma das formas, exemplifica, seria retirar o Fator de Ajuste de Fruição (FAF) do leite UHT do RS. Trata-se de um percentual gradativo aplicado sobre crédito presumido dos insumos comprados em outros estados. Ou seja, a empresa só obterá 100% deles se não comprar nenhum insumo de fora. O secretário-executivo considera também que o governo pode ajudar com políticas de incentivo. “O Fundoleite é um exemplo disso, mas não temos avanços. Nem aquilo que é recurso do setor está sendo destravado”, cita.

Zanetti ressalta ainda que é preciso cooperação de todos os elos da cadeia produtiva para que se consiga reverter a situação. “Houve uma queda de braço entre a indústria e o varejo, mas quem paga a conta é o produtor”, protesta. O dirigente lamenta também que os produtores, recém-recuperados da estiagem do último verão, tenham novamente frustrada a expectativa de melhora na rentabilidade. “Por isso, apelamos para a sensibilidade das indústrias”, diz.

Desde apoiar a perda de peso até ser uma fonte de proteína, onde estão os bolsões de inovação para as marcas de laticínios em 2025?

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