Após uma trajetória de alta no primeiro semestre, o valor do leite pago aos produtores segue uma tendência de estabilização no final do ano. O preço de referência projetado para o litro no Rio Grande do Sul em novembro é de R$ 2,2217, uma queda de 2,77% frente ao valor consolidado de outubro, informou nesta terça-feira (22/11) o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite (Conseleite). Os dados apontam para variações mais amenas em relação aos meses anteriores, de acordo com o colegiado.
Em julho, o preço de referência do leite chegou a R$ 3,3049. Em agosto, setembro e outubro, o valor projetado recuou para R$ 2,5920 e R$ 2,2799, respectivamente, e no mês passado ficou em R$ 2,2849. Segundo o coordenador do Conseleite, Eugênio Zanetti, o ano de 2022 tem mostrado um comportamento diferente do verificado ao longo da série histórica do levantamento, realizado há 15 anos pela Universidade de Passo Fundo (UPF). “Tivemos um momento atípico de elevação dos valores no primeiro semestre e de queda neste segundo em função do cenário econômico. Essa movimentação dificultou muito a situação dos produtores e indústrias”, disse Zanetti, em nota
Um dos fatores que agravam o cenário e podem sinalizar um início de 2023 preocupante para a cadeia leiteira, na avaliação de pecuaristas e indústrias, é o aumento das importações de lácteos, especialmente o leite em pó, proveniente, na quase totalidade, da Argentina e do Uruguai. De janeiro a outubro deste ano, o Brasil importou dos dois vizinhos 75 milhões de toneladas do item, 21%a mais que no mesmo período de 2021, de acordo com dados do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado (Sindilat-RS). O ritmo de compras, no entanto, aumentou expressivamente desde agosto na comparação com os volumes mensais de 2021, segundo o secretário executivo do Sindilat-RS e vice-coordenador do Conseleite, Darlan Palharini.
Em outubro passado, por exemplo, entraram no país 15.400 toneladas de leite em pó argentino e uruguaio, frente a 6.400 toneladas do décimo mês de 2021. O valor médio do quilo de leite em pó importado ao longo deste ano foi de 4,1866 dólares, enquanto o preço médio do quilo do item produzido localmente equivale a 5,4353 dólares, diz Palharini. Mais competitivo, o leite estrangeiro eleva a oferta no mercado interno e acaba derrubando os valores pagos aos pecuaristas. “A importação se dá pela questão do custo e oportunidade. A gente entende que é difícil para o produtor conseguir competir, porque temos um sistema de produção e logística diferente nesses outros países”, explica o dirigente, defendendo políticas de compensação e ações governamentais de estímulo à cadeia leiteira.