Minas Gerais já tem pecuaristas investindo no nicho de mercado; Nestlé e Danone investem nessa produção.
Leite
Bem-estar animal é ponto importante na produção desse tipo de leite; homeopatia e fitoterápicos são usados nos animais | Crédito: Francois Blazquez

A produção de leite orgânico, no Brasil e em Minas Gerais, deve crescer nos próximos anos. O segmento de orgânicos vem apresentando bons resultados, impulsionado por um mercado que tem buscado por alimentos mais saudáveis, produzidos com boas práticas, respeitando o bem-estar animal, as questões sociais e o meio ambiente. Este nicho de mercado também agrega valor aos produtos, gerando maior rentabilidade para os produtores.

A médica veterinária, mestre e doutora em zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e analista de mercado agro da Belgo Bekaert, Vanessa Amorim Teixeira, explica que a produção de leite orgânico cresce no mundo e ainda tem muito espaço para se desenvolver, principalmente, no Brasil e em Minas Gerais. Segundo dados da Global Organic Dairy Market, o mercado mundial de leite orgânico deve movimentar US$ 28 bilhões em 2023.

“No Brasil, a produção de leite orgânico ainda é muito recente, mas o País é um dos que têm mais potencial para desenvolver a atividade orgânica. Isso porque o sistema produtivo do leite já tem eficiência muito grande e utilizamos o sistema a pasto, com os animais livres. A produção do leite orgânico pode até ter sistema de confinamento, desde que os animais fiquem pelo menos seis horas livres”.

Ainda segundo Vanessa, apesar da atividade estar em fase de estruturação e expansão, algumas marcas já estão investindo na produção de orgânicos local, como Nestlé e Danone que, no período de 2018 a 2020, investiram fortemente em ações para a adesão de novos produtores de leite orgânico.

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Vanessa Amorim: valor agregado do leite orgânico é alto | Crédito: Divulgação

O Brasil tem atualmente 150 produtores de leite orgânico, distribuídos em 100 unidades produtivas. O principal estado produtor é São Paulo, seguido pelo  Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina.

Vanessa explica ainda que o sistema de produção do leite orgânico é diferente da produção do leite convencional e segue uma regulamentação própria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A produção é a mais natural possível e preza pelo bem-estar animal.

“O leite orgânico é um sistema de produção diferente do convencional. A produção é regulamentada e tem um manejo ambiental, social e dos animais diferenciado. O produtor precisa se adequar a diversas características técnicas como, por exemplo, fertilidade do solo em sistema orgânico, adubação verde, rotação de culturas, sem o uso de produtos químicos. A lista de exigências é ampla e até mesmo a higiene na hora da ordenha deve ser feita com produtos diferenciados, sem o uso de químicos”.

A saúde animal também é um ponto muito bem trabalhado. Para o tratamento de doenças dos animais é usada a homeopatia e fitoterápicos.

“Os cuidados com o rebanho são muito mais preventivos, voltados para uma melhor imunidade. Mas, quando necessário, é permitido tratar o animal com medicamentos como antibióticos. Porém, a produção de leite da vaca fica um período sem ser captado, que varia conforme o medicamento usado”.

Para se obter melhor resultado, segundo Vanessa, a maioria dos pecuaristas que produzem o leite orgânico já utiliza animais adaptados para o sistema, sendo mais resistentes, com boa produtividade e podendo trabalhar a pasto.

Toda a produção orgânica precisa ser muito bem planejada e estruturada e, após atender ao regulamento, deve passar pelo processo de certificação.

“Depois que o produtor adequar todo o sistema ao regulamento técnico, ele deverá buscar a certificação do  Mapa ou de empresas particulares para ter o selo de orgânico Brasil. Depois de ingressar no processo para a certificação, a propriedade passa por um período de conversão. São 12 meses para a área produtiva ser considerada orgânica e seis meses para os animais”.

Dentre os desafios enfrentados está a dificuldade de produção de insumos para a alimentação do rebanho. “O milho e a soja utilizados devem ser orgânicos e não transgênicos, o que é muito difícil de ser produzido ou encontrado. Por isso, antes de começar a produzir o leite orgânico,  tem que estruturar a cadeia de fornecedores. O produtor também pode produzir a alimentação”, explicou.

Outro desafio é a rede de captação e processamento do leite, que deve ser feita por empresas que têm a produção orgânica.

“O produtor tem que procurar a base de comércio para a produção, tem que ter uma empresa de captação e um  laticínio que receba o leite orgânico. No Brasil, já temos a Danone e a Nestlé que estão se especializando neste nicho”.

Superados todos os desafios, ao contrário da produção de leite convencional, o leite orgânico tem mais valor agregado e garante rentabilidade ao pecuarista.

“O valor agregado do leite orgânico é alto e tem um mercado crescente. O valor fica bem acima do tradicional e o custo é mais barato, uma vez que o sistema é auto suficiente”.

Ainda segundo Vanessa, normalmente, as unidades produtoras orgânicas têm uma maior variedade de produtos como frutas, legumes, produção de ovos e até café.

Empresa assumiu fábrica em 2020 e, quase cinco anos depois, comemora aumento não apenas do tamanho da planta, mas de postos de trabalho e de capacidade de processamento de leite.

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