Investimento milionário e implantação da unidade, que deve ser feita em Santana de Patos, faz parte do plano da gigante do leite no país, o Laticínios Porto Alegre.
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Gigante do leite abrirá sua sexta fábrica na maior bacia leiteira de MG

Em entrevista, João Lúcio Barreto Carneiro, diretor-presidente do Laticínios Porto Alegre, revelou que pretende, sim, abrir a sexta unidade da fábrica em Patos de Minas. A empresa, que já está instalada Ponte Nova, Mutum, Antônio Carlos, Espírito Santo e Rio de Janeiro, deve dobrar de tamanho até o final de 2026 com investimentos de R$ 200 milhões. Gigante do leite abrirá sua sexta fábrica na maior bacia leiteira de Minas Gerais.

Segundo João Lúcio Barreto, a escolha da região é por se tratar da “maior bacia leiteira de Minas Gerais”, além de ser a porta de entrada para outras localidades. “Então nosso objetivo é estar presente em vários locais. Além de ser uma planta de fabricação, também será um centro de distribuição para atender todo o Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Distrito Federal e Goiás”, afirmou o Diretor-presidente da empresa.

João Lúcio Barreto destaca ainda que Minas Gerais, com seus 853 municípios, “é muito grande” e que o objetivo da fábrica de laticínios é alcançar todo o estado.

O investimento milionário e a implantação da sexta unidade em Patos de Minas, que deve acontecer em Santana de Patos, fazem parte do plano plurianual da empresa, que visa dobrar de tamanho até 2026. O começo da empresa foi na Fazenda Porto Alegre, em Rio Doce (MG) há 31 anos, quando João fabricava queijo. Em 1994, houve a transferência do laticínio para Ponte Nova. Da produção de 1.500 litros de leite por dia, a Porto Alegre tem hoje a captação de 1,150 milhão de litros por dia de 2.500 produtores. Com fábricas em Ponte Nova, Mutum, Antônio Carlos, Espírito Santo e Rio de Janeiro, a empresa vai dobrar de tamanho até o final de 2026 com investimentos de R$ 200 milhões e fábrica em Patos de Minas. Conheça a história da Porto Alegre Somos uma família de produtores rurais, eu sou o caçula de oito irmãos. Eu me formei em agronomia, fui para a fazenda e fiquei um ano, saí da empresa, fui trabalhar fora. Depois eu tive oportunidade de voltar para a fazenda num novo projeto, em que fundamos o Laticínios Porto Alegre e também começamos a venda de milho-verde na Ceasa. Então esse casamento entre produção de leite e o beneficiamento do leite foi onde começou a história do Laticínios Porto Alegre, na Fazenda Porto Alegre, em Rio Doce (MG).

A ideia de fabricar queijo na fazenda foi sua ou seu pai queria diversificar o negócio, e não só produzir leite? Foi minha e do meu irmão. Nosso objetivo era aumentar a receita da fazenda. Eu comecei a fabricar o queijo debaixo da casa enquanto construía a fábrica para fazer todos os testes de queijo. Eu era o queijeiro da fábrica e vendia milho-verde toda quinta-feira na Ceasa. Na quarta-feira, eu colhia o milho-verde, colocava no caminhão e ia para a Ceasa vender o milho-verde e depois eu passei a levar o queijo para vender em Belo Horizonte. O milho-verde foi a primeira receita que a gente teve no início, que ajudava a agregar valor ao laticínio para aumentar nossa receita. O que a gente ganhava a gente investia.

O seu pai, Armando, e a sua mãe, Maria Auxiliadora, davam apoio a essa nova atividade? Quando meu pai chamou a gente para voltar para a fazenda, teve uma importância muito grande, porque ele abriu mão de algumas coisas para poder apoiar os filhos. Então isso foi muito importante para a fundação do Laticínios Porto Alegre. Meu pai me emprestou dinheiro, meu irmão me emprestou dinheiro. O apoio da família foi extremamente importante para a gente crescer o laticínio.

Qual era a captação de leite no início? Começamos com 1.500 litros de leite por dia, que era a produção de leite da fazenda. Em 1994, quando nos mudamos, passamos para 4.000 litros de leite por dia (o volume atual é de 1,15 milhão de litros de leite por dia).

Essa cadeia de valor (laticínio, produtor, clientes) não pode ter laço quebrado. É lógico que dentro desse trabalho todo nós tivemos muitos problemas. Duas grandes empresas de laticínios tentaram quebrar a Porto Alegre. Esse foi o momento mais difícil. Eu lancei o barriga mole de leite pasteurizado em Ponte Nova, e naquela inflação toda eles congelaram o preço do leite durante 90 dias. Eu não tinha capital, então eu vendi meu carro, meu pai me emprestou dinheiro, meu irmão me emprestou dinheiro, e eu consegui dar a volta por cima. As padarias de Ponte Nova me deram apoio muito grande, porque eu vendia o leite em Ponte Nova. E as padarias começaram a boicotar o leite dos concorrentes.

A empresa foi crescendo, e você resolveu abrir uma fábrica em Mutum, a primeira unidade fora de Ponte Nova. Como foi? A partir de 2006, com a inauguração da planta de Mutum, a Porto Alegre começou a fazer um projeto atrás do outro. Em dezembro de 2006 inauguramos Mutum, em maio de 2008 inauguramos uma torre de secagem em Mutum, em 2010 iniciamos um projeto de uma nova fábrica em Ponte Nova e inauguramos em setembro de 2011, que é a matriz e a maior planta hoje, e fomos construindo várias etapas até 2016. Hoje o Laticínios Porto Alegre tem cinco fábricas: Ponte Nova, Mutum, Antônio Carlos, as três em Minas Gerais, e no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Como foi essa caminhada para outros mercados para justificar todo esse investimento? A gente cresceu a planta de Ponte Nova e a planta de Mutum e, com isso, a gente viu que tinha oportunidade de crescer mais ainda e queria continuar crescendo.

Você já tinha visto que tinha mercado em 2010 com crescimento e a empresa consolidada. Sim. E aí eu coloquei logo depois, em seguida, a primeira máquina de leite longa-vida, fiz mais uma torre de secagem de soro de leite em pó em Ponte Nova, com isso a Porto Alegre se transformou na maior empresa de soro de leite em pó do país. E isso foi um marco muito importante para o nosso crescimento, e fomos crescendo em Ponte Nova. Chegou uma hora que nós precisávamos continuar crescendo; as plantas estavam cheias, e precisávamos abrir mais mercado, foi aí que nós demos um novo passo. Então, em 2016, eu queria abrir uma nova planta, e apareceu uma oportunidade de comprar o imóvel do antigo laticínio de Antônio Carlos (MG), e a Porto Alegre adquiriu esse imóvel. Foi aí que surgiu a oportunidade de fazer uma nova planta.

A fábrica de Antônio Carlos (MG) é uma das mais modernas do Brasil. É tudo automatizado, sem a intervenção humana durante todo o processo. Todo o processo da planta, desde a chegada do leite até a coagulação do leite, fermentação, envase do leite, é tudo automatizado, ou seja, é 100% automático, não tem contato humano. Toda a planta é esterilizada com água quente, então todo o processo é automatizado e mecânico, ou seja, nós utilizamos como desinfetante da planta água quente e tempo, então é uma planta muito moderna. Isso garante um produto de vida útil muito maior. Essa planta tem, além do iogurte, o cream cheese, tem o queijo cottage, tem o queijo frescal. Todos os equipamentos são importados, o que garante uma qualidade de produto muito superior no mercado. A Porto Alegre teve um ponto que foi decisivo, até mesmo para o crescimento mais acelerado dela, que foi a joint venture com a suíça Emmi, que é um grande conglomerado do setor de laticínios na Europa. Como foi feita essa negociação? De quem é a Porto Alegre? Como foi a tomada de decisão da sua parte, porque a Porto Alegre era só sua e você viu que precisava também de um investimento maior para crescer mais sem um endividamento? Foi solicitada a visita do Grupo Emmi à empresa, como outras empresas também quiseram visitar a Porto Alegre, e a gente nunca teve interesse em vender a companhia e muito mais fazer uma parceria com quem não tinha afinidade com a Porto Alegre. E, quando o Grupo Emmi nos procurou, vimos muita afinidade com eles, com a empresa: a forma deles de lidar, a forma de tratar. Porque, quando você vende parte da empresa, você arruma um sócio, então não pode ser qualquer um.

É um casamento, não é? Exatamente. Estive por duas vezes na Suíça, visitando-os também. Eles estiveram aqui, e vimos muita afinidade dentro do processo.

E você já tinha tido outras propostas? Tive, mas sempre recusei. Nunca nem dei andamento. Nunca nem quis vender a empresa e ficar fora da empresa. A empresa era um negócio que eu construí, a empresa era meu sonho, era meu trabalho. E a empresa sempre foi muito sólida financeiramente. Então eu não tinha objetivo por que vender a empresa. Quando eu vi que a Emmi era uma boa parceira e tudo mais, uma relação muito de confiança, a gente fez a parceria com eles. Foi uma parceria de sucesso, que foi consagrada em julho de 2017, quando a gente vendeu 40% da companhia. E isso possibilitou que a gente também continuasse crescendo sem ter endividamento, então essa é a grande vantagem. Eu tinha um sonho de continuar crescendo, eu tinha um projeto já desenhado por mim, e esse sonho de crescimento do projeto foi possível junto com a Emmi, e pode ser acelerado. Então isso foi muito positivo.

“Na planta de Antônio Carlos todo efluente, depois de tratado, é utilizado para irrigação. Minhas unidades coletam água de chuva para ser tratada. O telhado recupera água de chuva, que vai para a estação de tratamento e volta para a fábrica”

“Não existe nenhuma grande empresa sem uma grande equipe. Quem ganha o jogo não é um craque, quem ganha o jogo é um boa equipe, uma equipe entrosada, e a Porto Alegre sempre teve no DNA dela criar pessoas, desenvolver colaboradores”

Empresa assumiu fábrica em 2020 e, quase cinco anos depois, comemora aumento não apenas do tamanho da planta, mas de postos de trabalho e de capacidade de processamento de leite.

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