Produto amplamente comercializado e premiado diversas vezes, não era reconhecido oficialmente; próximo passo é a regulamentação.
Minas
São considerados de “casca florida”, os queijos artesanais, produzidos com leite cru que visualmente têm fungos, popularmente conhecidos como ‘mofo branco’

Produtores do Queijo Minas Artesanal de Casca Florida (QMACF) acabam de ter uma boa notícia: o reconhecimento oficial pelo Governo de Minas de que o produto existe. A “novidade” foi publicada no Diário Oficial do Estado e anunciada, na Cidade Administrativa, nesta quinta-feira (5), com a presença do governador Romeu Zema (Novo), do  Secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes e lideranças do setor.

São considerados de “casca florida”, os queijos artesanais, produzidos com leite cru que visualmente têm fungos, popularmente conhecidos como ‘mofo branco’. Apesar do não reconhecimento, os QMACF já eram produzidos nas Regiões do Serro e  da Canastra, entre outras, há, pelo menos, oito anos e livremente comercializados em empórios, casas de produtos artesanais e via internet, alguns, inclusive, com a chancela de prêmios nacionais e internacionais.

Questionada a respeito da demora desse reconhecimento, a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) não retornou até o fechamento da matéria.

Sem riscos à saúde

Durante a cerimônia de reconhecimento na Cidade Administrativa, o governador Romeu Zema disse que, com a medida, o governo “está atestando ao mercado que o queijo é especial e que suas características não oferecem riscos à saúde”.  Disse ainda que Minas Gerais é o primeiro estado brasileiro a reconhecer o Casca Florida.

Zema reiterou que os queijos são uma das maiores riquezas mineiras e que o estado continuará trabalhando para a valorização e na agregação de valor dos produtos genuínos. “Assim como o presunto Parma e a baguete francesa, queremos que o queijo Minas Artesanal seja reconhecido mundialmente”, explicou.

 Reconhecimento é um avanço

O gerente-executivo da Associação dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan) Higor Freitas disse que, de qualquer forma, o reconhecimento é um avanço, significa “mais uma batalha vencida em prol dos queijos artesanais” e que agora é “preciso manter o foco na regulamentação das normas para a produção do QMACF”, que será elaborada pelo Instituto Mineiro de Agropecuária.

“Acreditamos que a cadeia produtiva será envolvida nesse processo de elaboração das normas para regulamentação desse queijo tão premiado nacional e internacionalmente, cuja produção já é pautada em boas práticas de fabricação, como certificações de ‘livre de brucelose e tuberculose’ e constantes análises físico-químicas da água, do leite e do queijo”, disse Higor. O gerente executivo  disse que, depois que for regulamentado, o QMACF poderá ser comercializado em grandes supermercados e no estado e até fora dele.

O secretário Thales Fernandes disse, durante a cerimônia de reconhecimento, que quer ver “o queijo formalizado e regulamentado nas prateleiras de Minas Gerais, do país e do mundo”.

Importância da regulamentação

O processo de legitimação desse queijo foi lembrado por um dos queijeiros presentes, Túlio Madureira.

“Em 2016, tivemos a oportunidade de iniciar a pesquisa na minha queijaria, junto à Universidade Federal de Lavras (Ufla), quando identificamos os fungos Geotrichum Candidum, o mesmo presente em queijos famosos, como o camembert francês, e hoje esse queijo chega ao mercado graças ao trabalho conjunto da Seapa, do IMA e das universidades que fizeram as pesquisas, como a Ufla”, disse o produtor do Queijo do Gir, no Serro, da região produtora de Diamantina.

Madureira destacou o papel da regulamentação para garantir a qualidade e a integridade dos produtores que forem credenciados.

“Agora, vamos trabalhar para determinar como se dará a inoculação. Dentro da regulamentação vão constar os passos para a produção, quantos dias para maturação, as variedades de fungo, para termos o acabamento perfeito para esse queijo, a fim de atender às características sanitárias para chegar ao consumidor final”, explicou.

Também da região de Diamantina, o produtor Richard Wagner Andrich, da Queijo Datas Guzerá, espera incrementar o faturamento e o chamariz gastronômico.

“Hoje, 50% dos clientes ou mais querem o queijo de casca florida. Por isso, é muito importante a regulamentação, pois será mais um atrativo para os turistas”, prevê.

“Temos que criar as normas para essa cadeia produtiva funcionar até chegar na mesa do consumidor, e é isso que nós vamos fazer agora, junto com o IMA”, explicou João Carlos Leite, produtor da marca Roça da Cidade, de São Roque de Minas, da região produtora da Canastra.

O Queijo em Números

  • O Estado tem 30 mil produtores de queijos, sendo que 9 mil produzem Queijo Minas Artesanal;
  • A produção anual, aproximada, é de 40 mil toneladas.
  • Há 112 queijarias registradas no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) com o Selo Arte, o que permite a comercialização em todo país.
  • As dez regiões reconhecidas, atualmente, pela produção do Queijo Minas Artesanal são: Araxá, Canastra, Campos das Vertentes, Cerrado, Serra do Salitre, Serro, Triângulo Mineiro, Serras da Ibitipoca, Diamantina e Entre Serras da Piedade ao Caraça.

Leia também: Ao redor do mundo em 80 queijos – eDairyNews-BR ??

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