As pastagens anuais de verão não demonstram capacidade de suporte devido à paralisação do rebrote. As áreas com melhor desenvolvimento estão situadas onde as chuvas foram mais volumosas e regulares. O campo nativo apresenta grave condição de rebaixamento e de plantas secas e fibrosas. O produtor de leite já amarga anos de prejuízos na região e, esse ano não será diferente, a produção leiteira perdeu cerca de 140 mil litros de leite, segundos os dados disponibilizados pela Emater de Agudo. Entenda!
Por conta da falta de umidade no solo, os produtores buscam ajustar a lotação, mas a falta de opções de forrageiras leva o gado a rapar o campo, o que prejudica, ainda mais, o rebrote das plantas nativas, além de abrir espaço para invasões de espécies exóticas sem potencial forrageiro.
Até o momento, 39 municípios da Região Central do Rio Grande do Sul já decretaram situação de emergência em função da seca e os prejuízos econômicos ultrapassam R$ 3 bilhões. Lavouras perdidas e falta de água são as principais consequências de um período que se prolonga por três anos.
A falta de chuvas segue impactando, de forma negativa, as áreas de milho destinadas à silagem, resultando na diminuição da produção de massa verde e de grãos e reduzindo significativamente a qualidade bromatológica do produto em áreas sob a condição de estresse hídrico.
Crise na produção leiteira
Assim como a baixa oferta de alimentos volumosos a campo, a redução na disponibilidade de água para dessedentação também impacta a produtividade dos rebanhos leiteiros. Sendo assim, foram perdidos mais de 140.000 litros de leite, ou seja, um prejuízo que alcança milhões diariamente.
Em função do estresse calórico causado pelas altas temperaturas e pela baixa umidade do ar, muitos animais deixam de se movimentar em busca de locais com oferta de pasto ou água, reduzindo, ainda mais, o consumo. Os produtores mais tecnificados tem buscado alternativas para minimizar os impactos do calor, como aumento de ventilação, aspersão de água nos animais e maior disponibilidade de locais com sombra.
Na de Erechim, há grande insatisfação com o mercado, devido à instabilidade dos preços pagos aos produtores, o que dificulta o planejamento e a gestão de custos da atividade.
Na de Caxias do Sul, está sendo realizada a ensilagem do milho, inclusive de áreas que estavam destinadas à produção de grãos para evitar a perda. O milho colhido apresentou boa qualidade e produtividade, mas as perspectivas futuras não são promissoras devido aos efeitos da estiagem durante o período crítico de floração.
Na de Frederico Westphalen, estima-se uma redução de 20% na produção de leite; há relatos de municípios com perda de até 35% na produção.
Na de Passo Fundo, os animais mantiveram o escore corporal, e a produção de leite das últimas semanas seguiu baixa, mas estável.
Na de Pelotas, as chuvas não foram suficientes para redução de perdas. Em Capão do Leão, nota-se uma rápida recuperação das pastagens, porém estima-se queda de 40% no volume diário de leite.
Em Pedras Altas, muitos produtores que semearam milho para a produção de silagem estão soltando os animais nas lavouras, como forma de aproveitar as plantas. Nos locais onde houve registro de chuvas, aumentaram os problemas com ectoparasitos (carrapato e berne).
Na de Santa Rosa, estima-se uma redução de 11.202 litros de leite produzidos por dia devido à manutenção das temperaturas elevadas e da baixa umidade do ar, causando estresse térmico nos animais e queda na oferta de alimentos e de água.
Na de Soledade, em função da falta de pastagens de qualidade, os produtores estão aumentando o uso de alimentos conservados, o que está elevando muito o custo de produção.