Nossa passagem em Brasília foi bem movimentada. Já na véspera, para comemorar o final da formação na Belafazenda, uma noite de queijos e vinhos com os amigos queijeiros paulistas foi seguida de um vôo seis da manhã para Brasília. Para ressuscitar e continuar a jornada de formações, eu e Pierre decidimos encarar um balde de pão de queijo com café. No aeroporto, demos de cara com uma lanchonete que vende mate gelado. Sinceramente, pior pão de queijo da minha vida. Umas bolinhas pequenas sem gosto de queijo, mas com gosto de margarina. Pão de queijo, patrimônio dos brasileiros, deveria ser protegido e proibido de ser feito com margarina, ofende demais nossa reputação culinária, ainda mais em aeroporto.
Para curar nosso ventre desse imbróglio, o universo nos mimou com a visita da Fazenda Malunga. Bruna Gomes, a gestora de projetos da fazenda nos esperava com seu belo sorriso. Depois de uma hora de carro, chegamos na fazenda que é produtora de frutas, legumes, leite e queijo. Seu próximo desafio é agregar mais valor ao leite com uma nova linha de queijo curados. A gama de queijos atualmente é de frescos, iogurte, bebida láctea de kefir e ricota. Pierre e eu tomamos tanto kefir que a microbiota voltou ao normal depois do pão de queijo fake e nos enchemos de energia para o próximo encontro, uma aula de queijo fresco e sobremesa láctea no festival gastronômico Taste.
Em um hora, os 24 alunos coalharam o leite, colocaram bactérias para dar gosto e sabor, cortaram a massa e enformaram um queijo em formato de coraçãozinho que cada um levou pra casa, enfeitado de pétalas de flores orgânicas secas. Espero ter despertado em algumas dessas pessoas a vontade de achar leite bom para continuar a fazer queijo em casa. O leite usado foi o A2A2 da Malunga, pasteurizado, que deu um super rendimento. Também utilizamos o creme de leite fresco da mesma marca para fazer uma sobremesa rápida tradicional francesa, o crémet d’Anjou (receita abaixo).