O ministro Paulo Teixeira (MDA) trouxe o Governo para o centro do problema, atendendo a demanda das entidades que representam os produtores de leite. Ele colocou órgãos do Governo para subsidiar a definição de medidas que deverão ser tomadas para segurar a importação de lacticínios e leite.
Isso vem em boa hora!
Não faz sentido o volume de leite que está entrando no Brasil. Tem até frigorifico importando queijo muçarela. Tem laticínio trazendo queijo de fora, atuando como trader. Tem produtor familiar recebendo menos que o preço do leite importado internalizado.
Nos últimos 50 anos, em somente dois momentos o Brasil importou mais de 10% do consumo e o motivo foi claro, em cada caso. Em 1986, o Plano Cruzado congelou os preços pagos ao produtor quando já havia sido anunciada a elevação de preços em 100%.
Era tempo de inflação alta e preço tabelado. Sem o aumento, os produtores ficaram desestimulados, faltou leite e a importação disparou. Tudo foi resolvido com a adoção de critérios claros de reajustes de preços, a partir daí. Outro momento foi em 1994/1995, com a chegada do Plano Real, que estimulou o crescimento do consumo, com a queda da inflação. A demanda cresceu exponencialmente e forçou a importação.
Porém, entre 1996 e 2001 a situação descambou, com importações vindo da Europa, mas entrando via o Mercosul. Era a época dos preços subsidiados da PAC – Política Agrícola Comum. A situação se normalizou somente com a entrada do Governo no assunto.
Pois, voltamos novamente a uma situação de descontrole. É natural a importação para estabilizar preços e garantir o abastecimento. Afinal, a maior parte dos consumidores de leite é pobre.
Mas, não é admissível a importação especulativa, que fragiliza uma cadeia produtiva, importante para interiorizar a geração de emprego e renda. Que motivação tem um laticínio para investir na fidelização dos seus produtores, visando melhorar qualidade e produtividade, se o seu concorrente compra leite em volume espetacular lá fora?
O ministro está se posicionando de modo sensato. Está buscando entender os possíveis caminhos para agir com equilíbrio e baseado em fatos, dados e em pareceres técnicos. Merece aplausos!
Em todo o mundo, Leite é assunto de Estado! Se apoiamos setores como a indústria automobilística, por quê não cuidar emergencialmente de um setor que tem apelo econômico, social e cultural, como a cadeia produtiva do leite brasileiro?
A seguir, minha posição a respeito deste assunto em entrevista ao Canal Agromais.
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