O problema que os produtores de leite vêm enfrentando em Santa Catarina (SC) e no Brasil continua na ordem do dia.
leite
A decisão de cancelar normas anteriores que facilitavam as importações também não resolve.
Entidades do setor leiteiro, que representam os agricultores e as indústrias, afirmam que a recente medida anunciada pelo governo federal para aumentar a tarifa de importação, visando reduzir a entrada de produtos de outros países, não resolve o problema.

Os recursos anunciados pelo governo federal, no valor de R$ 300 milhões para a compra de leite em pó, a fim de reduzir a oferta e tentar valorizar o mercado interno, são insignificantes diante da grande oferta e das importações.

A decisão de cancelar normas anteriores que facilitavam as importações também não resolve. Primeiramente, porque não afeta os países do Mercosul – Argentina e Uruguai – e em segundo lugar, porque os produtos contemplados são derivados do leite, representando uma parcela insignificante do total da produção. 

A Faesc – Federação da Agricultura de SC – está preocupada com a situação, conforme relata o presidente José Zeferino Pedrozo. 

Por sua vez, a indústria de lácteos também não concorda com os volumes excessivos de leite que estão sendo importados do Uruguai e da Argentina, com preços abaixo do custo de produção no mercado brasileiro.

O presidente do Sindileite (Sindicato das Indústrias de Laticínios de SC), Selvino Giesel, afirma que a cadeia local do leite está sendo desestruturada, com muitos produtores deixando a atividade e diversas indústrias entrando em recuperação judicial. Ele ressalta que a entrada de leite importado reduz temporariamente o preço ao consumidor, mas em breve, sem a produção interna, as importações se tornarão mais caras e o consumidor pagará um preço mais elevado. Cabe ao governo administrar a situação, diz o presidente do Sindileite. 

Selvino Giesel também entende que é difícil suspender todas as importações dos países do Mercosul devido a acordos de mercado que estabelecem alíquota zero para a entrada de leite no mercado brasileiro. No entanto, ele enfatiza que o governo brasileiro precisa adotar medidas efetivas de proteção ao produto local e apresenta as sugestões do Sindileite e da Aliança Lacta Sul brasileira. 

Em Brasília, ocorreu o Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite, um evento promovido pela Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite, com apoio do Sistema OCB, CNA e Abraleite, além de outras 14 entidades de representação do setor leiteiro, na Câmara dos Deputados.

Houve uma mobilização para alertar o governo federal sobre os problemas atuais enfrentados pela cadeia de lácteos, principalmente o alto volume de importações. O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, elogiou a mobilização dos produtores, destacando que a coesão da classe é fundamental para dialogar com atores estratégicos do governo em busca de soluções rápidas. 

Na ocasião, foram apontadas poucas medidas para garantir a prosperidade e a manutenção da renda das mais de um milhão de propriedades rurais que produzem leite. O encontro contou com a participação de vários parlamentares da Frencoop, representantes de cooperativas agropecuárias, produtores rurais e outros atores-chave para a construção de soluções visando ao aprimoramento da cadeia de produção de leite. 

 

 

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