Willians Bini, meteorologista da Climatempo, falou sobre os riscos da exposição dos animais a temperaturas extremas, com o clima sob efeito do fenômeno El Niño.
Niño
Exposição a temperaturas extremas pode afetar bem-estar e levar vacas à morte Freepik
pecuária leiteira tem mais um motivo para se preocupar: o clima. Com a atividade já afetada por uma situação econômica adversa, os pecuaristas precisam estar atentos aos efeitos do fenômeno climático el Niño no bem-estar, saúde e produtividade dos rebanhos.

A afirmação foi feita nesta terça-feira (29/8) pelo meteorologista e head de Comunicação da Climatempo, Willians Bini, durante a live O clima e os impactos sobre o agro, realizada pela Globo Rural.

“Com a atmosfera mais quente, devido ao El Niño, o bem-estar do animal pode piorar significativamente, prejudicando toda a cadeia leiteira”, disse ele.

Bini explicou que existe uma variável de monitoramento de condições climáticas chamada de “estresse da vaca”, pela qual se consegue avaliar as variações de temperatura que mais afetam os animais. Segundo ele, a exposição a condições extremas pode afetar a saúde e até causar a morte de animais.

Durante a live, o meteorologista destacou que não há mais dúvidas de que, neste segundo semestre, o clima no Brasil estará sob os efeitos do fenômeno climático El Niño. O que os meteorologistas acompanham agora é qual a intensidade de manifestação do fenômeno.

“O El Niño tem duas características muito fortes: Norte e Nordeste têm uma condição de irregularidade de chuva. No Sul, pode ter chuva em excesso. O Nordeste deve seguir mais quente, a não ser na faixa litorânea”, explicou.

Segundo o meteorologista, a primavera, que começa no final de setembro, deve ter calor acima da média. Os modelos climáticos, disse ele, estão apontando para picos de calor e umidade. Enquanto, de um lado, o Sul pode ser mais chuvoso, e, de outro, o Nordeste pode ter calor e menos chuva, as demais áreas dependerão mais do monitoramento de suas condições climáticas.

Situação econômica

O risco climático para a pecuária leiteira apontado pelo meteorologista da Climatempo é mais um ponto de atenção em meio à crise enfrentada pelo setor. Os preços pagos pelo leite captado nas fazendas está em níveis baixos. Ao mesmo tempo, o produto brasileiro vem enfrentando uma concorrência maior dos importados do Mercosul.

Em vários estados produtores, representantes do agronegócio e até mesmo de governos estaduais vêm cobrando de apoio ao setor, como estabelecimento de cotas de importação e medidas para conter a queda dos preços, que vem ocorrendo mesmo durante o inverno, o que é atípico.

No último fim de semana, representantes da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) fizeram um protesto durante a Expointer, em Esteio (RS). Sob o lema “não nos deixe morrer”, os pecuaristas expressaram o que chamam de “insatisfação geral” com a atual situação, que está levando produtores a abandonar a atividade.

Assista à live na íntegra

 

 

 

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