Conheça os principais atributos da produção de leite bovino no país
leite
Estima-se que o rebanho brasileiro de leite esteja ao redor de 17 milhões de animais // (iStock/Getty Images)
A criação de bovinos para produção de leite data de milhares de anos, com achados arqueológicos que indicam a domesticação de animais no Oriente Médio e Sudeste da Europa, por volta de 9.000 a.C.

Inicialmente, as comunidades agrícolas domesticavam esses animais para sua subsistência mas, com o passar do tempo, foi se desenvolvendo e se tornando uma atividade econômica importante em muitas culturas ao redor do mundo, desempenhando um papel fundamental na alimentação e na economia de diversas sociedades.

A cadeia do leite é composta por diversos produtos, sendo o leite (fluido) o principal deles, em torno de 70% do total produzido. Além do leite, a cadeia inclui outros produtos como queijos, iogurtes, manteiga, leite em pó, doce de leite, whey protein, entre outros, representando os 30% restantes do total produzido, com o queijo liderando a produção desses outros lácteos.

Além disso, o leite e seus derivados podem ser utilizados em diversas cadeias produtivas fora da alimentação, como a indústria cosmética, que utilizada derivados do leite em cremes, loções e sabonetes; indústria farmacêutica, em medicamentos e suplementos alimentares; e indústria de nutrição animal, com produtos utilizados na formulação de rações e petiscos para animais de produção e domésticos.

A cadeia de produção é composta por todas as empresas que produzem insumos aos produtores rurais, desde rações até vacinas, os produtores, onde os animais são criados sob rigorosas condições sanitárias e nutricionais, e o leite é ordenhado e armazenado em equipamentos e tanques apropriados; a indústria de laticínios, para onde, após o armazenamento, o leite é transportado e são feitos os processos de pasteurização, homogeneização e envase do leite e derivados; e comercialização, etapa onde o leite é destinado para panificadoras, restaurantes, supermercados, entre outros.

Além dos elos diretamente envolvidos nos insumos, na produção, industrialização e comercialização do leite, a cadeia inclui outros agentes que desempenham papéis importantes como prestadores de serviços, sejam consultores, pesquisadores, profissionais de transporte e logística, do setor financeiro, de comunicação e muitos outros.

Estima-se que o rebanho brasileiro de leite esteja ao redor de 17 milhões de animais, com aproximadamente 34,6 bilhões de litros produzidos, segundo o IBGE. Somos o 6º maior produtor global, atrás da Índia, União Europeia, Estados Unidos, Paquistão e China.

No Brasil, a produção se concentra nos estados de Minas Gerais (27% do total), Paraná (13%) e Rio Grande do Sul (12%). Praticamente todo o leite produzido no Brasil é consumido internamente. O VBP (valor bruto de produção) da cadeia do leite é de, aproximadamente, R$ 63,7 bilhões, ocupando a 6ª posição entre os setores do agro brasileiros.

O futuro da produção de leite no Brasil será moldado por diversas tendências e desafios. Após períodos de margens apertadas, muitos produtores acabaram deixando a produção, que se concentrou bastante. Uma das tendências para a cadeia leiteira no Brasil é a profissionalização dos produtores, com foco em gestão e planejamento, principalmente nos estados em que a produção é descentralizada em vários pequenos produtores.

Outra tendência que promete influenciar o mercado de leite é a busca dos consumidores pelo bem-estar animal e sustentabilidade, exigindo tecnologias que evidenciem a transparência na cadeia do leite, como rastreabilidade por QR Code, visão 360º da fazenda, entre outros.

Ainda no quesito sustentabilidade, a iniciativa “Leite Carbono Neutro” tem a mesma intenção do projeto de nome semelhante na carne bovina, a busca por sistemas de produção que reduzam ou compensem as emissões de gases de feito estufa. A demanda nacional e internacional pelo leite deve crescer nos próximos anos, sendo necessária resiliência nos períodos de baixas e planejamento para um futuro mais próspero.

Mas o Brasil tem grandes chances de, com mais competitividade, fortalecendo o associativismo em organizações como a Abraleite, o cooperativismo, se tornar relevante ao mundo importador de leite.

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinicius Cambaúva e Rafael Rosalino.

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