ESPMEXENGBRAIND
18 out 2025
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Enquanto o consumo de leite cru dispara nos EUA, especialistas alertam: não há benefício comprovado — apenas risco de doenças graves. 🧫
💀 Leite cru: o perigo que renasce com apoio de celebridades
💀 Leite cru: o perigo que renasce com apoio de celebridades.

O leite cru voltou aos holofotes nos Estados Unidos — e não por bons motivos. A bebida, que não passa pelo processo de pasteurização, ganhou novos defensores, incluindo o atual secretário de Saúde norte-americano, Robert F. Kennedy Jr., que o consome diariamente.

O apoio de figuras públicas e de influenciadores como Zen Honeycutt, fundadora do movimento Moms Across America, fez as vendas de leite cru subirem até 65% nos últimos dois anos, segundo o site Genetic Literacy Project. Hoje, entre 4% e 5% dos norte-americanos dizem consumir o produto regularmente — um número ainda pequeno, mas em rápido crescimento.

📈 De tradição a tendência: o que mudou?

Nos Estados Unidos, a venda de leite cru é legal em 29 estados, mas as leis variam. Em outros, consumidores buscam brechas, como a venda sob o rótulo de “alimento para pets”. Essa permissividade legal, somada ao discurso de celebridades e influenciadores, alimenta uma perigosa narrativa: a de que o leite cru seria mais “natural” e “nutritivo”.

A microbiologista e imunologista Andrea Love, autora do artigo publicado originalmente no Genetic Literacy Project, rebate a ideia com firmeza:

“O leite cru é um dos alimentos mais arriscados que se pode consumir. Ele pode conter bactérias e vírus capazes de causar doenças graves, inclusive fatais.”

🦠 Patógenos à espreita

Entre os principais agentes presentes no leite não pasteurizado, estão E. coli, Salmonella, Listeria monocytogenes, Campylobacter jejuni e Brucella abortus — todos reconhecidos pelos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) como potenciais causadores de surtos alimentares.

Essas infecções podem provocar desde diarreia e vômitos até complicações severas, como a síndrome de Guillain-Barré, paralisia, falência renal e até morte.
O CDC estima que 1,5 milhão de infecções por Campylobacter ocorram por ano nos EUA — e cerca de 1.500 pessoas desenvolvem Guillain-Barré a partir delas.

🧫 Pasteurização: a revolução que salvou vidas

O processo de pasteurização, criado pelo cientista francês Louis Pasteur em 1862, é uma das maiores conquistas da saúde pública moderna.
Antes de sua adoção obrigatória em 1924, o leite era responsável por um quarto dos surtos alimentares nos EUA.
Hoje, graças ao tratamento térmico — que aquece o leite a 71,7°C por 15 segundos —, o número de casos caiu para menos de 1% das doenças alimentares registradas.

Ainda assim, entre 2005 e 2025, mais de 200 surtos foram associados diretamente ao consumo de leite cru, com crianças como as principais vítimas, segundo a Food and Drug Administration (FDA).

🦠 O risco ampliado pelo vírus H5N1

A recente detecção do vírus H5N1 (gripe aviária) em rebanhos leiteiros dos EUA reacendeu o debate.
Estudos do National Institute for Allergy and Infectious Diseases (NIAID) confirmaram que o leite pasteurizado não contém vírus ativos.
Já no leite cru, o H5N1 permanece infeccioso por várias horas, inclusive em equipamentos de ordenha.

Isso significa que, além das bactérias, o leite cru pode ser vetor de vírus respiratórios — ampliando o risco de transmissão a trabalhadores e consumidores.

💡 “Natural” não é sinônimo de seguro

Defensores do leite cru alegam que a pasteurização destruiria enzimas e vitaminas essenciais, mas revisões científicas mostram o contrário.
A pesquisa compilada por Andrea Love cita 40 estudos que analisaram o impacto da pasteurização sobre nutrientes. O único nutriente com leve redução foi a vitamina B1, sem relevância clínica, já que sua principal fonte são grãos e carnes.

As proteínas caseína e soro do leite mantêm sua estrutura e valor nutricional, e a digestibilidade até melhora em alguns casos.

🚸 Risco desnecessário

A crença de que o leite cru ajuda na imunidade ou reduz alergias também é infundada. Estudos sobre o chamado “efeito fazenda” mostram apenas uma associação indireta com o estilo de vida rural, e não com o consumo de leite não pasteurizado.

“Não existe evidência de que o leite cru seja mais nutritivo ou benéfico”, afirma Love. “Há, sim, dados sólidos de que ele pode deixar você — ou seu filho — gravemente doente.”

⚖️ Entre o modismo e a ciência

Com a adesão de celebridades e políticos, o leite cru se tornou símbolo de “resistência” às autoridades sanitárias — mas às custas da segurança pública.
A ciência, no entanto, segue unânime: o leite cru não é seguro para o consumo humano.
A pasteurização não é um capricho industrial, e sim uma barreira essencial contra doenças que já devastaram gerações.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Viewpoint

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