A proteína voltou ao centro das conversas sobre performance e saúde muscular depois da fratura no antebraço do atacante Pedro, do Flamengo.
A lesão, ocorrida no fim de outubro, reacendeu uma dúvida comum entre torcedores e até entre praticantes recreativos: a alimentação realmente pode acelerar a calcificação e a recuperação muscular? Segundo especialistas ouvidos por eDairyNews Brasil, a resposta é sim — mas o processo é mais complexo do que “tomar muito leite”, como brincam alguns fãs.
O nutricionista esportivo Roberto Lima, professor do curso de Nutrição da UNINASSAU Recife, explica que o corpo depende de uma combinação de nutrientes para reconstruir tecido ósseo e muscular com maior eficiência. Entre eles, as proteínas de alto valor biológico aparecem como protagonistas.
Presentes em alimentos como leite e derivados, ovos, carnes, peixes e frutos do mar, elas fornecem os aminoácidos essenciais que o organismo utiliza como matéria-prima para reparar danos estruturais.
Lima reforça que a calcificação é um processo biológico que exige tempo, mas pode ser otimizado quando o corpo recebe o que precisa.
E, nesse ponto, o cálcio desempenha um papel decisivo. Esse mineral — abundante em leite, queijos e iogurtes — não só fortalece a matriz óssea como participa da contração muscular, sendo indispensável em todas as fases da recuperação. “Sem cálcio adequado, a reconstrução óssea fica comprometida”, observa o especialista.
A vitamina D é outra peça-chave, já que melhora a absorção do cálcio e auxilia a função muscular. Fontes importantes incluem peixes como salmão, sardinha, atum e truta.
Já o magnésio, presente em alimentos como abacate, sementes de abóbora, feijões, banana e espinafre, atua tanto no metabolismo ósseo quanto na contração e no relaxamento muscular, tornando-se vital para o equilíbrio entre força e recuperação.
Além deles, vitaminas antioxidantes — principalmente C e E — ajudam a reduzir o estresse oxidativo gerado pela inflamação da lesão. Menos estresse oxidativo significa cicatrização mais eficiente. Lima cita frutas como acerola, caju, kiwi, morango e limão como fontes ideais de vitamina C no dia a dia.
No processo de regeneração muscular, o zinco também merece destaque. Ele participa do reparo de tecidos e fortalece o sistema imunológico, o que é fundamental durante períodos de maior vulnerabilidade física. Frango, fígado e ostras estão entre as principais fontes.
O fósforo e o manganês, por sua vez, colaboram para a saúde óssea e o metabolismo energético. Ambos aparecem em alimentos comuns na mesa do brasileiro, como aveia, frango, beterraba e grão-de-bico.
Quando a lesão exige fisioterapia ou passa por fases de menor atividade física, a dieta precisa ser ajustada. Lima explica que não existe uma “dieta da fratura”, mas sim um padrão: aumentar a ingestão de proteínas (entre 1,6 e 2,2 g por quilo por dia), manter boas gorduras com ação anti-inflamatória, garantir carboidratos suficientes para evitar o catabolismo e reforçar micronutrientes essenciais.
A hidratação, segundo ele, é componente estratégico — embora muitas vezes subestimado.
Alguns suplementos também podem apoiar o processo. A creatina auxilia na manutenção da massa magra e da força, especialmente quando a pessoa está temporariamente mais sedentária por causa da lesão.
O colágeno hidrolisado, quando consumido com vitamina C, contribui para a integridade de tendões e ligamentos. Já o ômega-3 ajuda a modular a inflamação, favorecendo um ambiente fisiológico mais favorável à regeneração.
Para o público em geral — não só atletas — a mensagem é clara: alimentação não substitui o tratamento médico, mas pode acelerar etapas importantes. Priorizar proteína, cálcio e micronutrientes é um investimento na cicatrização interna. “É uma construção diária. O corpo responde quando recebe o que precisa”, resume Lima.
Enquanto Pedro avança no processo de reabilitação, a discussão reacende um ponto essencial: a nutrição pode não ganhar os holofotes de um gol decisivo, mas é ela quem sustenta a volta por cima.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Globo
