ESPMEXENGBRAIND
9 nov 2025
ESPMEXENGBRAIND
9 nov 2025
😋 Na falta de gravidade, o sabor vira ciência. A NASA enviou queijo à ISS para provar que prazer também é combustível.
🧀 Além de cálcio, o queijo leva memória, emoção e humanidade ao cardápio da Estação Espacial Internacional.
🧀 Além de cálcio, o queijo leva memória, emoção e humanidade ao cardápio da Estação Espacial Internacional.

O queijo virou astronauta. Em fevereiro de 2020, a NASA incluiu diferentes tipos de queijos duros — como cheddar, parmesão e fontina — no carregamento da missão Cygnus NG-13, enviada à Estação Espacial Internacional (ISS). A notícia correu o mundo com um toque de humor: afinal, por que enviar queijo ao espaço? Mas por trás da piada estava uma decisão estratégica e profundamente humana.

De acordo com a equipe de nutrição da NASA, o objetivo era testar alimentos que não apenas alimentassem, mas confortassem. Os astronautas vivem meses confinados, em microgravidade, com rotinas intensas e isolamento extremo. E embora a ciência domine o cardápio, o prazer também precisa de espaço.

Um experimento de prazer e estabilidade emocional

A missão Cygnus NG-13 transportou cerca de 3,4 toneladas de suprimentos, incluindo experimentos, peças de reposição e uma “cold bag” — uma bolsa refrigerada de última hora, inserida no foguete minutos antes do lançamento. Dentro dela, havia frutas frescas, chocolates, balas e, claro, queijo.

A inclusão do queijo tinha uma função dupla:

  1. Nutricional, como fonte de proteínas e cálcio;

  2. Emocional, como símbolo de prazer e conexão com a Terra.

A equipe de alimentos da NASA afirmou que essa remessa marcou “um novo passo no conceito de alimentação espacial prazerosa”. A ideia era avaliar o impacto psicológico de sabores familiares em missões longas e testar a durabilidade de alimentos perecíveis em ambiente refrigerado.

Em outras palavras: o queijo serviu para estudar o prazer — um tema que, até então, raramente entrava em discussões espaciais.

O sabor como tecnologia

Em microgravidade, o corpo humano muda: o sangue se redistribui, o olfato se altera, e o paladar fica mais “apagado”. Por isso, astronautas frequentemente pedem alimentos com sabores mais fortes, picantes ou salgados. O queijo, com sua complexidade de aromas e textura, é um excelente modulador de prazer sensorial.

Segundo técnicos da NASA, a escolha de queijos duros foi proposital: eles resistem melhor à variação térmica e mantêm sabor intenso por mais tempo. O envio também serviu para validar o uso de refrigeração portátil em missões longas, algo essencial para futuras viagens à Lua e a Marte.

Assim, o queijo se transformou em ferramenta de pesquisa sobre conservação alimentar, estímulo sensorial e bem-estar psicológico em condições de microgravidade.

Queijo, memória e humanidade

Mas o valor mais simbólico da missão não foi técnico. Foi humano. O queijo, alimento milenar e culturalmente universal, representa memória, tradição e partilha. Levar queijo ao espaço é, em certo sentido, levar a Terra consigo.

Os astronautas da ISS relataram que o simples ato de abrir a bolsa de alimentos e sentir o cheiro de queijo fresco provocou “um pequeno milagre sensorial”: por alguns minutos, o espaço parecia mais próximo do lar.

Em tempos de missões cada vez mais longas, a NASA entendeu que manter a moral da tripulação é tão vital quanto o oxigênio. E o queijo, com sua mistura de sabor e nostalgia, virou parte dessa estratégia silenciosa de sobrevivência emocional.

Um experimento de futuro

A Cygnus NG-13 não apenas entregou suprimentos; ela inaugurou uma nova era no conceito de “comida espacial”. A missão abriu caminho para pesquisas sobre alimentos artesanais em microgravidade e inspirou universidades e chefs a pensar em gastronomia interplanetária.

Hoje, a NASA e empresas privadas como SpaceX e Blue Origin já testam receitas de queijos cultivados em laboratório, fermentações controladas e embalagens biodegradáveis, mirando futuras colônias espaciais.

Se o ser humano vai morar fora da Terra, vai precisar levar consigo não só energia e oxigênio — mas também sabor e prazer.

🧀 Conclusão

O queijo, que nasceu há mais de 8.000 anos do acaso de um pastor nômade, agora faz parte da corrida espacial. Não como luxo, mas como lembrete de que a ciência também precisa de prazer, de cultura e de sabor.

Em 2020, o queijo saiu do campo, passou pela indústria e chegou ao cosmos. E talvez esse seja o destino mais poético que um alimento terrestre poderia ter.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de La Sexta

Te puede interesar

Notas Relacionadas